Conhecido como "panteão japonês", o sistema antienchente sob Tóquio possui cilindros do tamanho da Estátua da Liberdade.

Em 15 de setembro de 1947, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/118627-7-fatos-curiosos-que-provam-que-o-japao-e-um-pais-unico.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Japão</a> ainda estava procurando o caminho para lidar com os efeitos devastadores do bombardeamento de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121185-as-perturbadoras-sombras-criadas-pela-bomba-atomica-de-hiroshima.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Hiroshima e Nagasaki</a> quando o tufão Kathleen os surpreendeu. Com ventos de 120 km/h, equivalentes a um furacão de categoria 1, a tempestade atingiu a província de Kanagawa, ao sul de Tóquio.Os danos do tufão, no entanto, ficaram restritos às cidades ao longo da costa. O problema mesmo foram as inundações induzidas pela precipitação do Kathleen. Entre 300 e 800 mm de chuva foram derramados na bacia do rio Tone em apenas dois dias, de 13 a 15 de setembro, causando a maior cheia já observada da história do país. Ao norte e leste de Tóquio, diques e aterros romperam com a quantidade de água, destruindo mais de 303 mil edificações e causando a morte de quase 4 mil pessoas.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/16/16154822939181.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O tufão Ida foi o mais destrutivo da história do Japão. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Dez anos mais tarde, em 1958, o tufão Ida atingiu Kamogawa, na província de Chiba, e choveu cerca de 400 mm em uma semana, principalmente em Tóquio. Foi a maior precipitação desde o início dos registros, em 1876.Em todo o Japão, as chuvas causaram inundações ao longo de vários rios, como Kano e Meguro, destruindo aldeias e causando 1.900 deslizamentos de terra, dos quais 786 foram na área de <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/128562-mori-ouchi-o-cafe-em-toquio-dedicado-as-pessoas-pessimitas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Tóquio</a>. A capital sofreu com quedas de energia generalizadas que interromperam o <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/122855-o-caos-na-fundacao-do-primeiro-metro-no-brasil.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">sistema de transporte</a>, sendo que mais de 520 mil casas foram inundadas pelo país, matando 1.269 pessoas, gerando um prejuízo de mais de US$ 50 milhões.O Japão só tomou uma medida eficaz, no entanto, após a passagem do tufão Vera, no ano seguinte ao <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119783-furacao-ida-imagens-mostram-os-impactos-da-tempestade.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tufão Ida</a>, responsável por mais de 3 milhões de propriedades inundadas, 39 mil feridos, 5 mil mortos e 1,6 milhão de pessoas deslocadas.&nbsp;Em uma tentativa de mitigar os problemas, o Japão construiu o maior e melhor sistema contra enchentes do mundo.<h2>O problema do Japão</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/16/16155027816186.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O Japão possui 75% de sua geografia em regiões montanhosas. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>O problema do Japão com inundações é histórico, uma vez que 75% de sua geografia é composta por regiões montanhosas, com montanhas que se estendem ao longo das principais ilhas: Kyushu, Shikoku e Honshu, sem contar a presença de rios e o clima que propicia <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128588-virga-o-fenomeno-da-chuva-fantasma-que-desaparece-antes-de-tocar-o-solo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">chuvas</a> intensas durantes certas estações, bem como os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123058-qual-ciclone-causou-mais-danos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">tufões devastadores</a> que moldaram a história japonesa.Apesar de a região de Tóquio não ser considerada montanhosa, ela está localizada na ilha de Honshu, no leste do Japão, que possui baixa altitude e é conhecida por abrigar 107 rios, incluindo o rio Sumida, que atravessa a cidade. O processo de urbanização, a extração indevida de água e a industrialização na região contribuíram para o assoreamento de alguns rios e, consequentemente, fez com que algumas regiões afundassem mais rápido, expondo a cidade a uma maior vulnerabilidade a enchentes.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/16/16155101275187.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>Tóquio, capital do Japão, possui 107 rios ao longo da cidade. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Os japoneses sempre estiveram cientes de seus pontos fracos geográficos e principalmente da severidade das chuvas, por isso tomaram algumas providências ao longo do tempo – ainda que não exatamente efetivas. Em 1896, foi aprovada a primeira Lei do Rio, que exigia que diques fossem construídos ao longo das margens dos rios e canais sinuosos para que a água fluísse diretamente para o mar. O trabalho foi concluído só em 1930, mas pouco fez para evitar as inundações devastadoras que o Japão sofreu na segunda metade do século XX.O tufão Vera foi determinante para que o governo do Japão investisse em um plano de proteção contra inundações que fosse realmente efetivo. Em 1993, foi elaborado o ambicioso Canal de Descarga Subterrâneo Externa da Área Metropolitana (MAOUDC), também conhecido como G-Cans, considerada a maior instalação de desvio de água subterrânea do mundo.<h2>A catedral sob Tóquio</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/16/16155321348189.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O sistema antienchente do Japão custou US$ 2 bilhões.(Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Eles chamam o G-Cans de “catedral de Saitama” ou até mesmo de "panteão japonês" não é à toa. Após 13 anos de obras, concluídas em 2006, e mais de US$ 2 bilhões investidos, a instalação está localizada a aproximadamente 32 km do centro de Tóquio, sob Kasukabe, uma cidade na província de Saitama.O sistema de túneis de concreto e tanques de água pressurizada possui 50 metros de profundidade e 6,3 quilômetros de extensão, e conecta cinco enormes pilastras de coleta. Cada reservatório possui cerca de 93 metros de profundidade e 31 metros de diâmetro, o suficiente para conter só em água uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/fisica-e-quimica/103109-voce-sabia-que-a-estatua-da-liberdade-nao-era-originalmente-azul.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Estátua da Liberdade</a> inteira.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/16/16155502255191.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>Cada reservatório do sistema antienchente do Japão possui 93 metros de profundidade. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>O complexo é encarregado de redirecionar o excesso de água de cinco rios de pequeno e médio porte a um canal de água em toda Saitama para o rio Sumida fora das bacias dos rios Nakagawa e Ayase. Os diques construídos nas margens desses rios transportam o excesso de água para esses cilindros subterrâneos. Uma vez lá, o sistema de quatro bombas descarrega gradualmente a água para o rio Sumida. O G-Cans suporta 14 centímetros de chuva em um período de 48 horas e pode drenar as águas de inundação em uma velocidade de até 200 metros cúbicos por segundo.De 2006 a 2019, as autoridades japonesas estimam que o projeto evitou mais de U$ 1 bilhão em destruição por inundações. Durante a passagem do tufão Hagibis, em outubro de 2019, que despejou chuva na bacia do rio Nakagawa a uma taxa de 8,5 cm em 48 horas, o G-Cans desviou cerca de 12,18 milhões de metros cúbicos de água de inundação, o equivalente a mais de 4.800 piscinas olímpicas. Com isso, o sistema reduziu o número de casas inundadas na bacia hidrográfica do rio em 90% e evitou danos estimados em US$ 1,76 bilhão.<h2>Correndo contra o tempo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/16/16155541445192.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O projeto antienchentes do Japão já evitou danos estimados em US$ 1 bilhão. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Apesar da proporção e eficácia do projeto, governos locais e engenheiros do Estado estão trabalhando a todo o momento para prever o próximo grande desastre e aprimorar o que construíram para evitá-lo, visto que o aumento da intensidade e frequência das tempestades nos últimos anos está testando seus limites.Afinal, o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128434-aquecimento-global-rio-de-janeiro-podera-ser-inundado-ate-2100.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nível médio global do mar deve subir</a> 2 metros até 2100, tornando perigosa a vida nas regiões que ficam abaixo do nível do mar. A área metropolitana de Tóquio é uma das mais densas do mundo, com cerca de 37 milhões de pessoas em 13.500 quilômetros quadrados de terra, sendo que cerca de 1,5 milhão de habitantes vivem nas denominadas “zonas de zero metro”, que ficam abaixo do nível do mar e estão se expandindo à medida que a terra na região <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128809-jacarta-por-que-a-segunda-maior-metropole-do-mundo-esta-afundando.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">afunda</a>.Em 2022, o governo do Japão lançou o Projeto de Resiliência de Tóquio, estimado em mais de US$ 96 bilhões, voltado para fortalecer a infraestrutura da capital que afunda constantemente, contra desastres naturais e aqueles causados pelo homem, tendo as inundações como uma das cinco ameaças mais urgentes.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/16/16155650889193.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O nível médio global do mar deve subir 2 metros até 2100. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Aproximadamente US$ 38 milhões do financiamento do plano serão destinados ao aumento da infraestrutura da área metropolitana de Tóquio, como a expansão do sistema de esgoto para conter o escoamento das chuvas, a construção de comunidades em terrenos mais elevados e a duplicação da capacidade dos reservatórios subterrâneos.Segundo Vinod Thomas, pesquisador associado sênior do Instituto de Estudos do Sudeste Asiático em Cingapura e especialista em resiliência climática, os desastres de inundações e tempestades aumentarão acentuadamente. Muito embora o Japão esteja mais preparado em adaptação, a equação climática está em um compasso tão acelerado que planos como o G-Cans envelhecem mais rápido do que se espera. A luta do homem contra o cenário que propiciou se torna cada vez mais difícil.O atual plano do G-Cans pode comportar um século de inundações de escala única, mas como ter certeza disso se a Agência Meteorológica Japonesa estima que até o final do século XXI, as chuvas no Japão podem aumentar em 10%, podendo chegar a 19% durante o verão?

large_GettyImages-961302918.jpg

medium_GettyImages-961302918.jpg

small_GettyImages-961302918.jpg

thumbnail_GettyImages-961302918.jpg

GettyImages-961302918.jpg

G-Cans: Japão possui o maior e melhor sistema antienchentes do mundo

Escondidas em cavernas no Sudão, artes antigas mostram a presença de gado na região, indicando que o local era rico em vegetação num passado não muito distante.

Em meio à vastidão árida do deserto de Atbai, no Sudão, uma descoberta intrigante nos leva de volta no tempo, a um passado verdejante e exuberante. Novas pesquisas arqueológicas revelam que o inóspito lugar, que faz parte do vasto Deserto do Saara, já foi um oásis de vida, habitado por pastores de gado e detentor de uma rica fauna africana.Sob a liderança do professor Dr. Julien Cooper, um grupo de arqueólogos da Universidade de Macquire, na Austrália, deparou-se com cavernas que guardavam segredos escondidos no deserto escaldante.&nbsp;Para a surpresa de todos, as paredes dessas cavernas estavam repletas de artes rupestres que continham informações importantes sobre o estilo de vida dos povos da região, abrindo caminho para entendermos como era a dinâmica dessas pessoas antes de migrarem em busca de recursos, sobretudo água.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Arte no deserto</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/13/13192324064011.jpg" alt="Caverna onde foi encontrada a arte rupestre no deserto de Atbai. (Fonte: Julien Cooper et al/ Divulgação) "><figcaption>Caverna onde foi encontrada a arte rupestre no deserto de Atbai. (Fonte: Julien Cooper et al / Divulgação)</figcaption></figure></figure>A descoberta, feita pela equipe de Cooper durante o Projeto de Pesquisa Atbai, ocorreu numa região perto da cidade sudanesa de Wadi Halfa, que é uma das áreas mais desoladas e secas do Saara.&nbsp;Ao todo, foram encontrados 16 novos locais de arte rupestre datados de aproximadamente 4 mil anos atrás. O que mais surpreendeu os pesquisadores foi a presença frequente de gado nas <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/111505-18-pinturas-classicas-recriadas-digitalmente-com-celebridades-modernas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pinturas</a>, mostrando que esse tipo de animal fazia parte da vida dos moradores da região.Tal descoberta pode parecer, num primeiro momento, estranha, pois é difícil imaginar a presença de gado num lugar inóspito, ainda mais para um animal que precisa de água e comida em abundância.&nbsp;<div data-message-author-role="assistant" data-message-id="3e7a2f00-893d-4f48-bdd7-1e4475fa0012" dir="auto">Contudo, conforme a análise dos pesquisadores indicou, o Deserto de Atbai foi uma savana pulsante, abundante em piscinas, rios e poços de água. Era um verdadeiro paraíso para os animais, incluindo o gado, que desempenhava um papel central no dia a dia das comunidades locais.</div><h3 style="text-align:justify;">Era de chuvas</h3>Para compreender isso é preciso voltar um pouco no tempo, mais precisamente por volta de 15 mil anos atrás, quando a África estava passando por um período de chuvas intensas devido a variações na <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/111890-orbita-da-terra-ja-acumula-quase-20-mil-detritos-espaciais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">órbita da Terra</a>.&nbsp;Esse momento é chamado pelos especialistas de "Saara verde" ou "período úmido africano", e marca uma época em que o deserto se transformou em um paraíso verdejante.No entanto, como todas as boas coisas, esse período também chegou ao fim. Por volta de 3000 a.C., as chuvas diminuíram, os lagos secaram, os rios desapareceram e o verde deu lugar ao amarelo duro da areia. As pessoas que dependiam da terra para sobreviver tiveram que se adaptar ou migrar.<h2 style="text-align:justify;">Cultura e identidade</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/13/13193128174012.jpg" alt="Artes rupestres mostram que havia forte identidade entre o povo e as vacas. (Fonte: Julien Cooper et al, The Conversation/ Divulgação) "><figcaption>Artes rupestres mostram que havia forte identidade entre o povo e as vacas. (Fonte: Julien Cooper et al, The Conversation / Divulgação)</figcaption></figure></figure>As artes rupestre evidenciaram de forma significativa a relevância do gado para os habitantes do deserto, retratando tanto a cultura da ordenha das <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124507-a-complexa-e-fascinante-vida-social-das-vacas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vacas</a> quanto a presença de pastores e criadores de gado.Já outros costumes, como a decoração dos chifres e a marcação da pele, sugerem uma relação de cuidado e domesticação entre os antigos pastores e seus animais. Alguns pesquisadores acreditam que essas práticas podem ter sido uma forma de expressar identidade e status dentro da comunidade.Até do ponto de vista espiritual e ritualístico o gado tinha grande representatividade, pois há achados em cemitérios que revelaram haver&nbsp;pessoas que eram enterradas ao lado do seu animal, mostrando existia, de fato, uma grande ligação entre seres.Porém, para as poucas pessoas que permaneceram na região Atbai, o gado tornou-se apenas uma lembrança distante, já que foram trocados por animais mais adaptáveis à aridez desértica, como cabras e ovelhas.

large_pinturas-rupestres-revelam-que-deserto-do-saara-ja-foi-verde-e-tinha-gado-thumb.png

medium_pinturas-rupestres-revelam-que-deserto-do-saara-ja-foi-verde-e-tinha-gado-thumb.png

small_pinturas-rupestres-revelam-que-deserto-do-saara-ja-foi-verde-e-tinha-gado-thumb.png

thumbnail_pinturas-rupestres-revelam-que-deserto-do-saara-ja-foi-verde-e-tinha-gado-thumb.png

pinturas-rupestres-revelam-que-deserto-do-saara-ja-foi-verde-e-tinha-gado-thumb.png

Pinturas rupestres revelam que deserto do Saara já foi verde e tinha gado

Há muitas crenças falsas sobre os corpos de pessoas mortas que ainda circulam entre nós.

Desde pequenos, somos instruídos a ter medo da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128594-o-que-acontece-quando-nos-morremos-cientificamente-falando.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">morte</a>. Isso envolve, aliás, um certo pavor sobre a ideia de entrar em contato com os corpos de pessoas mortas, os famosos cadáveres.Por conta disso, a noção que temos deles acaba se relacionando àquilo que vemos na ficção. O problema é que isso faz com que muitos mitos – na maioria falsos – circulem entre nós como se fossem verdades. Mas o fato é que eles podem ser facilmente desmentidos com o apoio da ciência.<h2>1. Unhas e cabelos crescem depois que morremos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08182650809293.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Não é verdade que as unhas crescem depois que morremos. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Esse é um mito ainda bem comum. Muita gente imagina que, depois de um tempo enterrado, os cabelos e as unhas de uma pessoa morta ainda continuam por um tempo em plena atividade. Acontece que isso simplesmente não é verdade.A divisão celular que estimula o crescimento do cabelo e das <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/107352-10-fatos-curiosos-sobre-as-unhas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">unhas</a> acaba com o falecimento, já que o coração não bombeia mais sangue para o sistema circulatório. Contudo, à medida que o corpo se desidrata, a pele se "retrai", o que dá um certo efeito como se as unhas estivessem ficando mais compridas.O suposto crescimento do cabelo também se relaciona com o ressecamento da pele do rosto, o que também dá a impressão de crescimento da barba, no caso dos homens.<h2>2. Os cadáveres podem nos fazer mal</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08183426286294.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Por muito tempo, circulou a crença de que os cadáveres espalhavam doenças. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Não há muitas provas científicas que justifiquem a ideia de que um corpo em decomposição é prejudicial aos vivos apenas por estarem lá. Mas, ao longo da história, muitas vezes se acreditou que os cadáveres eram capazes de propagar doenças pelo ar.Durante o século XIX, circulou uma crença entre a classe médica chamada <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/102735-confira-3-teorias-cientificas-do-passado-pra-la-de-curiosas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">teoria do miasma</a>, que dizia que os cadáveres em decomposição geravam um ar nocivo aos vivos e que espalhava doenças graves. Mais adiante, essa concepção foi substituída pela teoria dos germes.<h2>3. O embalsamento torna os cadáveres "mais seguros"</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08183940799302.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Embalsamar um corpo não vai torná-lo mais "seguro". (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Chama-se de <a href="https://www.megacurioso.com.br/historias-macabras/35822-hugo-chavez-e-outros-lideres-mundiais-que-ja-foram-embalsamados.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">embalsamento</a> uma técnica de preservação de cadáveres que ajuda a prevenir a putrefação. Muitas vezes, esse procedimento é vendido pelos agentes funerários como sendo obrigatório para um velório, pois só assim o corpo ficaria seguro para a visitação dos parentes. Mas isso não é verdade.De acordo com a Funeral Consumer's Alliance (que é uma organização sem fins lucrativos focada em cuidados após a morte), “o embalsamamento não traz nenhum benefício à saúde pública”. E pode ocorrer exatamente o contrário: como alguns produtos químicos usados nesse processo são extremamente tóxicos, os profissionais que preparam os cadáveres podem sofrer danos se não se protegerem.<h2>4. Enterrar um corpo sem caixão contamina as águas</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08184721462310.jpg" alt="Enterrar um corpo sem caixão não contaminará o solo. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Enterrar um corpo sem caixão não contaminará o solo. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Os enterros com <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/122914-por-que-membros-da-realeza-sao-enterrados-em-caixoes-de-chumbo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">caixão</a> costumam ocorrer, como se diz no popular, a sete palmos do solo (o que corresponde a cerca de 1,6 metro). Já os canais de água potável podem ser encontrados a partir de 22 metros de profundidade, mais ou menos.Por isso, caso um corpo seja enterrado diretamente no solo, sem o uso de um caixão, ele não vai atingir as águas. “Recuos obrigatórios de fontes de água conhecidas também garantem que as águas superficiais não estejam em risco”, explica o Green Burial Council, que é uma organização voltada a ensinar sobre opções de enterros ecologicamente sustentáveis. Além disso, os microorganismos presentes no solo desintegrariam rapidamente o corpo.

large_14172213045301.jpg

medium_14172213045301.jpg

small_14172213045301.jpg

thumbnail_14172213045301.jpg

14172213045301.jpg

4 mitos sobre cadáveres nos quais ainda acreditamos

Uma espécie de inseto que apresenta enzimas especiais mostra o segredo para degradar o plástico rapidamente.

Estima-se que o plástico leve de 400 a 500 anos para se decompor, o que denota como a capacidade da natureza se recuperar é bastante reduzida quando comparada com a grande escala em que esse material é produzido e descartado após o uso.Não são apenas as garrafas pet e outros objetos de maior volume que representam perigo para o meio ambiente, pois como diversas evidências já apontam, o plástico se tornou onipresente em nosso planeta, com <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128541-1-litro-de-agua-pode-abrigar-240-mil-pedacos-de-microplasticos-comprova-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">rios e oceanos impregnados por suas micropartículas</a>. Como consequência disso, animais, incluindo o ser humano, já apresentam microplásticos no seu interior.Acelerar o processo de degradação desse material, portanto, é uma medida fundamental para reverter parte desse cenário apresentado. E uma das soluções pode estar a caminho: pesquisadores encontraram larvas com a incrível capacidade de comer plástico.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/10/10114538655060.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Larvas possuem características especiais que possibilitam a degradação do plástico. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Pesquisadores investigam como a larva consegue degradar o plástico</h2>Esses insetos são a forma larval da traça-da-cera (Galleria mellonella), mas para pesquisadores, já são considerados especiais. Geralmente, esses pequenos animais vivem próximos das <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119036-como-funciona-uma-colmeia-de-abelhas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">colmeias</a> e se alimentam justamente de cera. Mas em 2017, acidentalmente, foi percebido que essa espécie era capaz de comer plástico.Federica Bertocchini, a bióloga que tentava afastar as larvas do ambiente das abelhas, notou que a sacola onde colocou esses insetos estava furada. De fato, parecia mágica: assim que ficava em contato com a boca desses animais, o plástico se degradava.Ao investigar como isso estaria ocorrendo, foi descoberto que o líquido excretado por essas larvas continha a presença de duas enzimas capazes de degradar o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/123280-microplasticos-sao-descobertos-no-leite-materno-pela-primeira-vez.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">polietileno</a>. Ou seja, essas partículas seriam a chave por trás dessa função revolucionária. E desde então, essas larvas estão sendo alvo de diversos estudos.Um deles, inclusive, já identificou que as fezes da G. mellonella apresentam alterações em sua composição química, indicando que de fato ocorre a metabolização desse plástico digerido. E há bactérias intestinais presentes nessa espécie que desempenham um papel importantíssimo para todo esse processo.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/10/10114631640061.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Projetos tentam desenvolver uma solução capaz de reproduzir o trabalho realizado por essas larvas em larga escala. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Um grande desafio à vista</h2>Então essas descobertas indicam que basta espalhar essas larvas por aí e deixar elas cuidando de tudo? Os pesquisadores entendem que esse não é o caminho para lidar com um problema tão complexo.Como esses <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais-sinistros/75764-15-curiosidades-incriveis-sobre-os-insetos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">insetos</a> também possuem uma grande capacidade de destruir colmeias, não é recomendado deixá-los soltos na natureza. Por isso, é necessário investir em tecnologias que ofereçam soluções alternativas e reproduzam esse mesmo tipo de trabalho. O desafio, portanto, é tornar esse uso massivo para reduzir a poluição ambiental.Muito se fala sobre o quanto o cenário atual é preocupante, mas é preciso ter uma dimensão concreta do que o plástico representa: cerca de 400 milhões de toneladas são produzidas anualmente e apenas 9%, uma parcela muito pequena desse total, é destinada à <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/121898-4-mentiras-sobre-a-reciclagem-do-plastico-que-voce-sempre-ouviu.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">reciclagem</a>, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).No Brasil, esse valor é muito menor, de apenas 1,3%. Por outro lado, o consumo do plástico segue em alta constante, tendo quadruplicado ao longo dos últimos 30 anos. E ainda que uma nova solução se viabilize futuramente, isso definitivamente não elimina a necessidade de reduzir o uso desse material.

large_14171139763293.jpg

medium_14171139763293.jpg

small_14171139763293.jpg

thumbnail_14171139763293.jpg

14171139763293.jpg

Larvas que comem plástico mostram como combater a poluição ambiental

Novo estudo destaca a expressiva biodiversidade presente no Camboja, país localizado no sudeste asiático.

Assim como o Brasil, o Camboja é rico em biodiversidade, mesmo estando localizado praticamente do outro lado do planeta, no sudeste asiático. Essa riqueza é observada tanto pela ocorrência de animais mais conhecidos, mas também de espécies mais raras.Nas águas, os recifes de corais da costa do Camboja foram destaque meses atrás, graças a um evento raro que proporcionou visão deslumbrante da ação da natureza: <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/espetaculo-nas-aguas-recifes-de-corais-sao-registrados-em-momento-raro" rel="noopener noreferrer" target="_blank">a desova dos corais</a>. Mas nas áreas vegetais e de transição, o espetáculo continua.E um novo estudo, conduzido ao longo de 2023, financiado pela organização ambiental Fauna &amp; Flora, trouxe novas perspectivas sobre os manguezais e as complexidades que essa formação de transição apresenta por lá.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/07/07005019664000.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>O santuário Peam Krasop e a reserva Koh Kapid, localizados no Camboja, foram alvos de um estudo importante. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Reunindo informações sobre espécies selvagens do Camboja</h2>Conduzido no interior dos manguezais do Camboja, o estudo revelou a presença de mais de 700 espécies de animais selvagens. Para reunir todas essas informações, pesquisadores recorreram à instalação de 57 armadilhas fotográficas.Apesar da equipe não ter avançado em áreas mais profundas do mangue — o que, por sinal, seria um feito consideravelmente difícil, dadas as limitações impostas pela natureza desse tipo de ambiente de transição —, eles conseguiram direcionar parte da investigação para algumas espécies, reunindo dados que servem de alerta.Dentre as 150 aves identificadas, foi constatado que 15 delas constam na relação de <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais/45601-9-passaros-enormes-que-foram-extintos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">animais ameaçados</a> ou em risco de extinção. Outras variedades de vertebrados, como a lontra-de-nariz-peludo, que figura como a mais rara dentre as lontras, e o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/99642-conheca-mais-17-animais-albinos-que-ja-foram-identificados-na-natureza.htm?f" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gato-pescador</a>, um felino que ama nadar, foram observados por lá.Inclusive, sem esse trabalho de investigação, não existiriam evidências da presença desse animal nessa porção do globo, em específico. Outras espécies já consideradas em risco de extinção, como o pangolim-malaio e o <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais/48016-12-fatos-interessantes-sobre-os-primatas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">macaco de cauda longa</a>, também foram avistados.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/07/07005337601002.jpg" alt="O gato pescador foi registrado pela equipe de pesquisadores que explorava o mangue. (Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>O gato-pescador foi registrado pela equipe de pesquisadores que explorava o mangue. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Papel dos mangues para o planeta</h2>Os mangues apresentam um papel crucial para o mundo animal, pois fornecem condições únicas para que a vida prospere, servindo como criadouro de muitas espécies. Ao mesmo tempo, os manguezais protegem os animais da ação humana, sendo muitas vezes chamados de santuários.De forma geral, os mangues se apresentam em áreas costeiras, com plantas que prosperam tanto em águas doces quanto salobras. Durante a ação de tsunamis, eles também atenuam o efeito das ondas, evitando a destruição em massa de grandes áreas.Essa formação ainda desempenha um papel ativo na absorção de gás carbônico, servindo como um dos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/111821-maior-parte-do-oxigenio-do-mundo-e-produzido-no-oceano-afirma-cientista.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">pulmões do planeta</a> e auxiliando na mitigação das mudanças climáticas. Mas no Camboja, cada vez mais, o avanço do desmatamento para o uso da terra <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115704-cientistas-da-nasa-criam-mapa-global-sobre-a-perda-de-manguezais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ameaça o futuro dessa cobertura tão diversificada</a>.Os pesquisadores envolvidos nesse trabalho acreditam que ainda há muito mais a ser descoberto do interior das áreas vegetais. Mas, ao mesmo tempo, eles esperam que esses resultados compartilhados sejam úteis para incentivar ações de preservação ambiental, bem como para destacar o valor da região para o planeta.

large_10122401940090.jpg

medium_10122401940090.jpg

small_10122401940090.jpg

thumbnail_10122401940090.jpg

10122401940090.jpg

Os manguezais do Camboja e sua imensa diversidade selvagem

Governo venezuelano tentou cobrir a última geleira remanescente, mas técnica acabou falhando.

A Venezuela recentemente registrou um marco histórico negativo na luta contra as alterações climáticas: o país sul-americano tornou-se o primeiro do mundo a ver todas as suas <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/derretimento-das-geleiras-esta-desacelerando-a-rotacao-da-terra" rel="noopener noreferrer" target="_blank">geleiras</a> derreterem na modernidade. O evento foi marcado pelo desaparecimento completo do último glaciar venezuelano em 2024.Ainda em 1910, a região ostentava seis glaciares que abrangiam uma área total de cerca de 1 mil km2. Porém, com o passar do tempo, todo esse gelo foi reduzido para meros fragmentos de gelo que não cumprem mais os requisitos para serem classificados como glaciares.&nbsp;<h2>Situação dramática</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08171245345249.jpeg" alt="Imagens do Pico Humboldt em 2011 mostram grandes quantidades de neve. (Fonte: Wikimedia Commons)"><figcaption>Imagens do Pico Humboldt em 2011 mostram grandes quantidades de neve. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Até 2011, cinco dos seis glaciares da <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/128221-venezuela-e-guiana-o-que-o-brasil-tem-a-ver-com-essa-guerra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Venezuela</a> já haviam desaparecido, restando apenas o glaciar Humboldt (La Corona). Localizado no Parque Nacional da Serra Nevada, o marco gelado encolheu tanto que acabou sendo reclassificado como um campo de gelo tempos mais tarde. Em março deste ano, o professor da Universidade dos Andes (ULA), Julio Cesar Centeno, decretou o que todos temiam: “Na Venezuela não há mais geleiras”, disse à AFP.&nbsp;Em seu ápice na história, La Corona chegou a cobrir 4,5 km2 com seu gelo impressionante, mas agora a ex-geleira estende-se por menos de 0,02 km2. Segundo a classificação dos pesquisadores, um pedaço de gelo precisa ter pelo menos 0,1 km2 de extensão para poder ser qualificado como geleira.Segundo os dados obtidos pelos pesquisadores ao longo da última meia década, a cobertura glacial do país diminuiu 98% entre 1953 e 2019. A taxa da redução do gelo acelerou rapidamente após 1998, atingindo um pico de 17% ao ano a partir de 2016. Essa é apenas uma amostra de como as <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/com-as-mudancas-climaticas-o-sabor-de-muitos-alimentos-tende-a-mudar" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mudanças climáticas</a> têm impactado o nosso planeta ao longo dos últimos anos.<h2>Fim trágico</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/08/08171341912251.jpg" alt="Venezuela anuncia fim trágico de geleiras no país em 2024. (Fonte: GettyImages)"><figcaption>Venezuela anuncia fim trágico de geleiras no país em 2024. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Em 1998, a própria La Corona já cobria apenas cerca de 0,6 km² e já estava prestes a perder seu status de geleira em 2015. Em entrevista ao The Guardian, o pesquisador da ULA Luis Daniel Llambi disse na época que "nossa última expedição à área foi em dezembro de 2023 e observamos que o glaciar tinha perdido cerca de dois hectares desde a visita anterior em 2019".Também em dezembro de 2023, o governo venezuelano tentou cobrir o glaciar Humboldt com uma manta geotêxtil em uma medida desesperada de isolá-lo e protegê-lo. Porém, o plano não só falhou, como também atraiu a ira de conservacionistas que afirmaram que a estratégia imprudente teria levado à contaminação do ecossistema à medida que o tecido se decompõe em microplásticos ao longo do tempo.Centeno destacou que esses microplásticos são praticamente invisíveis e vão para o solo com o tempo, posteriormente contaminando plantações, lagoas e até mesmo o ar. Em resumo, esse é um fim bastante trágico para um país que chegou até mesmo a acolher eventos de esqui na década de 1950.&nbsp;

large_10114718209062.jpg

medium_10114718209062.jpg

small_10114718209062.jpg

thumbnail_10114718209062.jpg

10114718209062.jpg

Venezuela é primeiro país a perder suas geleiras na modernidade

A guerra destrói mais a natureza do que vidas, e mesmo assim não há leis suficientes para isso.

Já são mais de 730 dias de conflito desde que a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/121166-ucrania-e-russia-as-origens-de-um-conflito-de-quase-um-seculo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Rússia invadiu a Ucrânia</a>. Nos primeiros 4 meses de guerra, em uma análise dos satélites da NASA feita pelo Ucranian Nature Conservation Group, aconteceram pelo menos 37.867 incêndios em grande escala em áreas naturais e agrícolas ucranianas. São 1.006,62 km² de área coberta pelo fogo intenso provocado por artilharia massiva, que destruiu ecossistemas naturais, campos e assentamentos. São 36.154 hectares de florestas e 10.250 hectares de ecossistemas de gramíneas dizimados pelas <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127994-quanto-tempo-levou-para-o-fogo-surgir-na-terra.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">chamas</a>.A Inspeção Ambiental da Ucrânia, uma agência governamental, documentou mais de 300 casos do que chama de "crimes ambientais" realizados pela <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/russia-e-china-querem-construir-usina-nuclear-na-lua" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Rússia</a> desde o início de sua invasão, mas acredita-se que o número real esteja perto de 1.500, visto que muitos locais continuam ocupados pelo inimigo ou estão inacessíveis devido aos combates. O órgão estatal se preocupa com o nível de destruição do conflito, de incêndios em depósitos de combustível a devastações em zonas florestais.Esse, aliás, não é um problema apenas da Ucrânia, mas de todos os países que enfrentam conflitos. Além de mortes, êxodos massivos, traumas psicológicos e outras questões socioeconômicas, precisamos falar sobre como a guerra afeta o meio ambiente.<h2>O início do problema</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/03/03150317139248.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>A guerra exaure vários recursos naturais. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>O problema da guerra no <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/1-guerra-mundial-zona-vermelha-continua-poluida-apos-100-anos-do-conflito" rel="noopener noreferrer" target="_blank">meio ambiente&nbsp;</a>está muito antes de um caça cair em uma área florestal após ser atingido por um míssil inimigo ou uma bomba espalhar fogo por todo o território, ele começa quando as forças militares constroem seus dispositivos para o combate. O esforço de guerra exaure grandes quantidades de recursos, que podem ser desde metais comuns a elementos de terras raras, água ou hidrocarbonetos.Além disso, veículos militares, aeronaves, embarcações e toda a aparelhagem necessária para se lançar em um conflito bélico requerem energia que, em sua maioria, é oriunda do <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124795-os-problemas-destrutivos-e-mortais-da-perfuracao-por-petroleo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">petróleo</a>, que possui uma eficiência energética baixa. Não é por acaso que as emissões de CO2 das forças militares são maiores do que muitos dos países do mundo juntos. A Conflict and Environment Obervatory estima que os militares são responsáveis não só por 5,5% de todas as emissões de gases de efeito estufa, mas também que suas bases e instalações cubram 1-6% da superfície terrestre global. E em muitos casos, estão localizadas em áreas ecologicamente importantes.São tão pobres os relatórios sobre os custos <a href="https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/por-que-o-sistema-alimentar-mundial-esta-falido" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ocultos da guerra</a> quanto, historicamente, é fraca a supervisão ambiental com relação ao impacto negativo da força militar no ciclo de vida. Poucas pessoas estão cientes que não são apenas armas nucleares e químicas que criam problemas para o meio ambiente, mas também armas convencionais e seu descarte no mar ou por meio de queima aberta e detonação.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/03/03150411888249.jpg" alt="(Fonte:GettyImages/Reprodução)"><figcaption>Estima-se que há mais de 1,6 milhão de toneladas métricas de munição no Mar Báltico. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Projetos de investigação da União Europeia estimam que só nas partes alemãs do Mar do Norte e do Mar Báltico contenham cerca de 1,6 milhão de toneladas métricas de munições como relíquias dos conflitos do século XX. Drones subaquáticos identificaram que na área do lixão marinho de Kolberger Heide, no Mar Báltico, perto da cidade de Kiel, há cerca de 30 mil toneladas de minas marítimas enferrujadas, cabeças de torpedos e outras munições despejadas em grandes pilhas ou espalhadas pelo fundo do mar.Em 1975, a Convenção de Londres determinou que os países estavam proibidos de despejar no mar seu lixo militar, convencional ou químico, mas nem todos respeitam isso.<h2>O conflito a olhos nus</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/03/03150658231250.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>Guerra Civil na Síria destruiu 20% das florestas do país. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Quando a guerra atinge os noticiários e, diretamente, as pessoas, então começa um novo capítulo do drama humano: a devastação a olhos nus da natureza. Desde 2011, a guerra civil sangrenta na Síria já resultou na perda de 20% das florestas do país devido às explosões de artilharia que provocam incêndios florestais incontroláveis e também pela exploração desenfreada por parte da massa de <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/sindrome-da-renuncia-criancas-refugiadas-estao-entrando-em-coma-na-suecia" rel="noopener noreferrer" target="_blank">refugiados</a> internos. Em busca de uma fonte de recurso, esse povo deslocado e empobrecido recorre ao corte das árvores para cozinhar, se aquecer ou vender a madeira para conseguir sobreviver minimamente, o que causou um processo de intensa <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128720-como-o-plantio-de-arvores-estaria-contribuindo-para-a-destruicao-do-planeta.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">desertificação</a> do país mediterrânico.De uma maneira similar, o mesmo aconteceu na Ruanda de 1994, onde a guerra civil étnica tutsi-hutu desmatou mais de 20 mil acres de área protegida, em sua maioria do Parque Nacional Virunga, na República Democrática do Congo, para a subsistência dos 740 mil refugiados em abrigos.“A atmosfera não tem limites, não tem fronteiras”, disse Yevgeniy Medvedovskiy, chefe do departamento estadual de inspeção ambiental da região de Zhytomyr à NPR. &nbsp;Já há registros científicos que a guerra na Ucrânia, por exemplo, pode prejudicar a Europa e o Oriente Médio com o resultado dos incêndios florestais e a falta de capacidade cada vez maior em controlá-los.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/03/03151142050253.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O financiamento da máquina da guerra gera mais poluição ambiental. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>O movimento de veículos pesados danificam paisagens sensíveis e a geodiversidade tanto quanto o uso de munições explosivas. Em áreas urbanas, eles criam excesso de detritos e escombros, erguendo uma cortina de poluição no ar e sujando o solo superficial e profundo.&nbsp;A maioria das armas convencionais são constituídas de componentes tóxicos, como urânio empobrecido, portanto, são radioativas. Armas incendiárias de fósforo branco, por exemplo, não apenas são tóxicas como podem danificar habitats por meio do fogo. A <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/125024-ratos-de-tunel-os-soldados-que-enfrentavam-a-morte-no-vietna.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Guerra do Vietnã</a> resultou em 2 milhões de hectares de floresta devastada, cerca de 20% da massa florestal no sul do país, e o uso generalizado de desfolhantes químicos prejudicou a saúde pública e ecológica em diversas partes do território.<h2>Um problema de todos</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/03/03151511971258.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>A guerra pode afetar diretamente o meio ambiente dos países que não estão em conflito. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Esse cenário também facilita o acesso a armas de pequeno calibre, prejudicando a vida selvagem ao aumentar a caça furtiva nesses espaços desgovernados criados pelo conflito, proporcionando condições para o crime contra a vida selvagem. Descobriu-se que muitas armas usadas nesses crimes foram originadas de países afetados por algum conflito bélico.O cerco feito por esses criminosos acaba impedindo o acesso de ambientalistas para estabelecer programas de conservação ou até mesmo protegê-los diretamente. Essa situação pode acabar encorajando a conservação militarizada, que implica em problemas para a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/como-os-animais-reagem-a-um-eclipse-solar" rel="noopener noreferrer" target="_blank">vida selvagem</a>, para as pessoas que dependem dela em comunidades locais e para aqueles encarregados de implementar essas estratégias.O financiamento de um conflito é outro fator que resulta em degradação ambiental, visto que muitos grupos armados acabam disputando o controle de petróleo e recursos minerais. Eles utilizam métodos de processamento que envolvem, por exemplo, o uso de mercúrio na mineração de ouro, poluindo corpos d’água com seus rejeitos. As empresas privadas são peões nesse jogo ao atuar em áreas afetadas e operar com o mínimo de supervisão ambiental, enfraquecendo o meio ambiente através da guerra.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/03/03151729853268.jpg" alt="(Fonte: GettyImages/Reprodução)"><figcaption>O impacto da guerra sobre a natureza causa um "desenvolvimento sustentável ao contrário". (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>São esses vários impactos sobre a natureza que fazem com que a guerra seja, por vezes, vista como um "desenvolvimento sustentável ao contrário", ou seja, que atrasa os países, não só pelos danos que gera, mas por impedir que haja qualquer tipo processo de desenvolvimento.Em outubro de 2015, como parte dos preparativos da Assembleia das Nações Unidas (UNEA), alguns países, como a Ucrânia, cujos ambientes foram danificados ou degradado nos últimos anos por conflitos armados, refletiram o interesse internacional pela proteção ambiental em relação aos conflitos. Existe um crescente reconhecimento de que as leis de guerra existentes pouco fazem para minimizar os danos ambientais e, para piorar, a resposta da comunidade internacional costuma ser inadequada quanto ao seu impacto insidioso na natureza.E para isso, Carroll Muffet, chefe do Centro sem fins lucrativos para o Direito Ambiental Internacional em Washington, disse à NPR: “Os efeitos da guerra no meio ambiente serão sentidos muito depois que os projéteis terem para de explodir, muito depois que as balas e as armas terem cessado fogo”.

large_GettyImages-947295886.jpg

medium_GettyImages-947295886.jpg

small_GettyImages-947295886.jpg

thumbnail_GettyImages-947295886.jpg

GettyImages-947295886.jpg

Como a guerra afeta o meio ambiente?

Projetos exploram como as algas marinhas podem extrair minérios raros das águas e tornar os processos de extração menos agressivos.

A exploração de minérios exerce efeitos muito nocivos, tanto ao considerar os processos que permeiam a mineração e que envolvem o uso de materiais pesados, quanto pelos riscos que as pessoas que atuam nesse segmento ou moram no entorno podem estar submetidas, tanto no curto quanto no longo prazo.A própria natureza é prejudicada por esse tipo de atividade, uma vez que a estrutura sofre modificações agressivas para possibilitar a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128643-noruega-aprova-pratica-controversa-de-mineracao-em-alto-mar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mineração</a>, e mesmo mares, quanto rios e bacias hidrográficas podem acabar contaminados, como consequência das atividades de extração.Mas pesquisadores estão em busca de um caminho para explorar de minérios raros encontrados em alto mar que não seja nocivo para o meio ambiente. E as algas marinhas são o grande segredo por trás disso.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/05/05002350737000.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Projeto busca aproveitar o potencial das algas marinhas para extrair minérios raros das águas. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Potencial das algas marinhas para extrair minérios</h2>As algas marinhas, por serem versáteis e desempenharem um papel importante para as águas, estão sendo encaradas há algum tempo com uma força da natureza que merece ser valorizada.Como prova disso, em ações pioneiras, esses organismos estão sendo usados para produzir energia a partir de materiais orgânicos e mesmo para transformar urina em água potável. Ou seja, o tratamento do esgoto pode ser revolucionado a partir da ação delas. Naturalmente, a atuação das <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/como-o-maior-organismo-unicelular-do-mundo-se-tornou-uma-praga" rel="noopener noreferrer" target="_blank">algas marinhas</a> não passou despercebida em regiões dos mares com uma maior concentração de minérios.O Departamento de Energia dos Estados Unidos (sigla DOE, em inglês) parece estar particularmente interessado em praticar essa modalidade de extração. Para isso, está investindo em ações que explorem esse potencial. Ao todo, US$ 5 milhões foram destinados ao financiamento de três projetos.Com isso, dentre os materiais possíveis retirados das águas, teríamos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128233-teste-em-metais-estranhos-intrigam-fisicos-sobre-quasiparticulas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">ródio</a>, platina, neodímio e ítrio. Essa extração, portanto, evitaria que esses minérios acabassem depositados no oceano por decorrência de processos naturais de erosão, por exemplo. Um dos projetos está investigando justamente essa possibilidade, em particular.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/05/05002420844001.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Para que a extração seja realizada no mar, será necessário monitorar áreas que apresentam maior concentração de minérios. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Possibilidades exploradas em projetos de extração</h2>Tudo isso considerando que as algas se mostram capazes de peneirar os minerais presentes na água. Para realizar esse trabalho, elas possuem um método único de realizar essa filtragem e de incorporar essas partículas em seus tecidos, ou seja, sem gerar impactos nocivos para o planeta.Os pesquisadores envolvidos nesse trabalho também tentam entender como colocar esse plano em prática sem colocar as algas em risco. Assim, depois de realizarem essa tarefa de extração, elas poderiam ser utilizadas em outros projetos de produção de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119710-qual-a-diferenca-entre-energia-renovavel-sustentavel-e-limpa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">energia limpa</a>.Ou seja, esse projeto dá uma dimensão quanto pode ser decisivo no futuro usufruir do potencial presente na natureza. E como destacou o próprio Departamento de Energia dos EUA, ao mesmo tempo que as algas fornecem meios de obter minerais críticos, uma vez bem-sucedida, tal prática seguiria alinhada com as metas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128572-combustivel-para-avioes-feito-de-fezes-humanas-pode-revolucionar-segmento.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">descarbonização</a> e de desenvolvimento de energias limpas do país.

large_GettyImages-1728210890.jpg

medium_GettyImages-1728210890.jpg

small_GettyImages-1728210890.jpg

thumbnail_GettyImages-1728210890.jpg

GettyImages-1728210890.jpg

Como extrair minérios de forma ecológica? Algas marinhas mostram o caminho

Houve épocas em que o polvo-gigante-do-pacífico foi encarado como um perigo para a população. Hoje já sabemos que tudo não passou de um grande engano.

A presença de animais gigantes no mar sempre alimentou a imaginação das pessoas. Tanto é que muitas ilustrações antigas mostravam os oceanos dominados por <a href="https://www.megacurioso.com.br/misterios/115064-as-criaturas-miticas-que-os-primeiros-zoologos-julgavam-ser-reais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">monstros que nunca existiram</a>, mas que exerciam ainda assim o poder de impedir que muitos explorassem as águas mais distantes.E hoje nem todos sabem, mas nem mesmo os polvos passaram incólumes por esse tipo de narrativa. Com o Enteroctopus dofleini, uma espécie cefalópode gigante que habita o pacífico, em particular, temos um caso bastante curioso. Durante muito tempo, ele foi considerado como um animal perigoso.Tanto é que a sua presença nas águas chegou a ser associada com a <a href="https://www.megacurioso.com.br/arquitetura-e-engenharia/37344-9-derrapadas-famosas-da-arquitetura-mundial.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">destruição da ponte de Tacoma Narrows</a>, que ficava localizada em Washington, nos Estados Unidos. Na verdade, o polvo-gigante-do-pacífico não estava por trás do incidente, e nem mesmo qualquer animal imaginário que alimentou essa lenda, mas sim a ação de ventos mais fortes, de 67 km.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/05/05013500008000.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>Como seria receber um abraço de um polvo-gigante-do-pacífico? (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>De monstro assustador a um gigante amigo das águas</h2>A espécie, conhecida como polvo-gigante-do-pacífico, pode ter 20 quilos e viver 3 anos, em média. E quanto ao tamanho, ele pode apresentar 9 metros de largura. Só com isso, temos o motivo por trás de tanto temor.Fato é que pouco a pouco o animal alimentou aventuras que rechearam enredos de livros de suspense. Mas nem mesmo o mundo real parecia ajudar: a cada vez que alguém acabava se deparando com o polvo nas águas, os jornais conferiam um toque de terror ao acontecimento, e de certa forma alimentavam a fama de que a espécie devorava seres humanos.Na medida em que o E. dofleini foi estudado, no entanto, outras características acabaram se sobressaindo, como a sua capacidade de mudar de cor em menos de um décimo de segundo, útil para a camuflagem e a proteção. E nunca é demais destacar como os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122582-a-complexa-inteligencia-dos-polvos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">polvos são animais com uma inteligência formidável</a>, e a espécie está inclusa nisso: além de ter três corações, ela apresenta nove cérebros.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/05/05013643192001.jpg" alt="(Fonte: Getty Images/Reprodução)"><figcaption>São muitas as características dos polvos que intrigam pesquisadores, como a presença de um sistema nervoso bastante desenvolvido. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Mudança de perspectiva incluiu os polvos em ações de proteção aos animais</h2>Mas diferente do que se especulava até meados do século passado, os polvos são animais tímidos, e não ferozes. Na medida que se tornaram mais conhecidos, a imagem assustadora deu lugar à visão de um animal amigável, tanto é que eles protagonizam desenhos animados hoje em dia.Ainda há exploradores que mergulham justamente para observar um desses <a href="https://www.megacurioso.com.br/animais/61920-veja-quanto-medem-os-9-maiores-animais-marinhos-de-todos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">polvos</a> de perto, e geralmente saem encantados das águas. Essa aproximação também já rendeu uma descoberta significativa: assim como nós, esses animais marinhos podem experimentar diversos sentimentos, como alegria, dor e fome.O fato de termos essas informações mostra como o medo diante deles ficou para trás, e os cuidados passaram a preencher esse espaço. Inclusive, atualmente, existem ações em andamento para assegurar o bem-estar dos polvos e evitar que qualquer tipo de prática provoque desconforto neles.

large_GettyImages-1817193744-min.jpg

medium_GettyImages-1817193744-min.jpg

small_GettyImages-1817193744-min.jpg

thumbnail_GettyImages-1817193744-min.jpg

GettyImages-1817193744-min.jpg

Polvo-gigante-do-pacífico: de inimigo a incrível habitante das águas

Conheça o Observatório da Torre Alta da Amazônia e a sua importância.

Como compreender o papel da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128565-antigas-cidades-de-2-500-anos-sao-encontradas-na-amazonia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">floresta amazônica</a> para o planeta diante do constante avanço das mudanças climáticas? Essa é uma das muitas perguntas que pesquisadores buscam responder. E se mergulhar no interior da floresta parecia ser o melhor caminho, um grande projeto possibilitou que isso fosse posto em prática.Fruto de uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Max Planck Institute, da Alemanha, o Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) foi instalado em uma posição estratégica da floresta, a 150 quilômetros de distância de Manaus, capital do estado do Amazonas.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/04/04233557229002.jpg" alt="(Fonte: Amazon Tall Tower Observatory/Reprodução)"><figcaption>O Observatório da Torre Alta da Amazônia apresenta 325 metros de altura, uma estrutura mais alta que a Torre Eiffel, de 300 metros. (Fonte: Observatório da Torre Alta da Amazônia / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Torre gigante de pesquisa instalada no coração da floresta amazônica</h2>A estrutura apresenta duas torres com 80 metros de altura e está posicionada para receber os ventos provenientes do Atlântico. Outras duas cidades em seu horizonte são Belém e Santarém, ambas pertencentes ao estado do Pará.Em altura, essa grande construção supera em tamanho a <a href="https://www.megacurioso.com.br/artes-cultura/127940-a-historia-por-tras-de-5-das-maiores-construcoes-do-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Torre Eiffel</a>, alcançando os 325 metros. Os esforços envolvidos nesse projeto também são significativos. O observatório está equipado com equipamentos de alta precisão que atendem a diferentes finalidades. Além de laboratórios, um acampamento abriga toda a equipe presente no local.Um dos objetivos que norteiam o projeto é entender melhor os diferentes ciclos presentes na natureza, como o da água, e de que maneira eles atuam nessa região específica do globo. Vale destacar que a torre está localizada numa área onde são mínimos os impactos provenientes da atividade humana, o que confere ao observatório uma possibilidade ímpar de coletar dados.Estudiosos também buscam sanar algumas das lacunas sobre o monitoramento do clima. Para isso, o complexo reúne dados sobre a concentração de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/57-empresas-respondem-por-80-das-emissoes-de-co2" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gás carbônico</a> e até mesmo como se dá o fluxo de gases de efeito estufa na floresta. No campo da meteorologia, em específico, os pesquisadores buscam saber em detalhes como o clima atua nessa porção intocável do globo.<figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/05/04/04233640830003.jpg" alt="(Fonte: Amazon Tall Tower Observatory/Reprodução)"><figcaption>Os dados coletados podem ser úteis para compreender de uma forma mais aprofundada a influência que a floresta exerce sobre o planeta. (Fonte: Observatório da Torre Alta da Amazônia / Reprodução)</figcaption></figure></figure><h2>Múltiplos focos de pesquisa</h2>Mesmo a formação de nuvens é observada cuidadosamente nesse observatório, tudo isso para entender como se apresentam ao longo das diferentes estações. Em suma, são muitos processos ocorrendo simultaneamente e que merecem ser explorados.As plantas também são acompanhadas, o que pode ser útil para que se descubra quais são as condições mais favoráveis para o seu desenvolvimento, bem como o papel que <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/125181-pesquisadores-desenvolvem-tecido-feito-de-fungos-capaz-de-se-regenerar.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">fungos</a> e outros microrganismos desempenham e a relação que exercem entre si.A floresta, que abriga 40% da biomassa do planeta, também faz parte de um estudo mais abrangente que busca avaliar sua capacidade de resposta frente aos <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/125675-o-que-significam-tantos-recordes-de-temperaturas-altas-recentemente-no-mundo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">eventos extremos</a>. Na medida que eles se tornam mais recorrentes e mostram como as mudanças climáticas já fazem parte da nossa realidade, esses estudos revelam seu caráter decisivo.

Meio ambiente

Novidades