Artes/cultura
22/04/2021 às 04:00•2 min de leitura
Uma característica bastante marcante sobre o Egito Antigo é a admiração das civilizações antigas pelos gatos. Ao longo dos anos, todo tipo de artefato possível com a temática felina pode ser encontrado pelos campos arqueológicos do país, desde estátuas gigantescas a joias complexas, e que sobreviveram milhares de anos.
Além disso, os egípcios também eram conhecidos por mumificar seus gatos e também serem responsáveis pela criação do primeiro cemitério para animais no mundo — um espaço de quase 2 mil anos que abriga gatos usando nobres coleiras de ferro e cobertas de pérolas. Mas afinal, de onde surgiu tamanha admiração?
(Fonte: Pixabay)
Segundo o antigo geógrafo e historiador grego Heródoto, os gatos eram tão importantes na cultura egípcia que seus donos raspariam suas sobrancelhas em sinal de luto quando um dos seus animais de estimação falecesse. Isso ocorria porque, de maneira geral, os egípcios acreditavam que seus deuses e governantes tinham qualidades felinas.
Dessa forma, os gatos eram vistos como criaturas com personalidades beirando uma dualidade admirável. Enquanto podem ser leais, protetores e afetuosos, os felinos também são animais combativos, independentes e ferozes, o que reuniria em um único ser as melhores qualidades que uma pessoa poderia ter.
Na visão dos antigos egípcios, essas criaturas eram tão especiais que mereciam receber luxuoso reconhecimento por meio da construção de enormes esculturas. A Grande Esfinge de Gizé, com seus 73 metros de comprimento, é um dos exemplos que combinam a figura humana com a de um belo felino.
(Fonte: Pixabay)
Enquanto os felinos eram louvados pelos egípcios, isso abriu brecha para a criação de um mercado controverso no país. Um estudo publicado na Scientific Reports sugere ter havido indústrias inteiras dedicadas à criação de milhões de gatinhos para serem mortos, mumificados e utilizados para que pessoas pudessem ser enterradas ao lado deles.
Em grande parte, esse comércio macabro teria durado entre 700 a.C. e 300 d.C. Através da análise de gatos mumificados, estudiosos da Universidade de Swansea, no Reino Unido, encontraram esqueletos de felinos com apenas 5 meses e que tiveram seus pescoços deliberadamente quebrados, antecipando a morte natural.
O sacrifício de gatos não era uma coisa rara de se acontecer e, de certa forma, podia ser considerado cultural na região. Naquela época, diversas criaturas eram oferecidas aos deuses egípcios como uma maneira de apaziguar a ira divida ou de buscar ajuda das divindades além dos pedidos feitos em orações faladas.