Artes/cultura
16/08/2017 às 10:56•2 min de leitura
Você há de concordar que montanhas de gelo e rios de lava não combinam muito, certo? Pois se o aquecimento global não representasse risco suficiente para a Antártida, agora descobriram que existem quase 100 vulcões “escondidos” no continente gelado dos quais ninguém tinha conhecimento e, portanto, não se sabe quantos permanecem ou não ativos. Isso torna a área uma das regiões mais vulcânicas do planeta, sem falar que os cientistas que anunciaram a novidade acreditam que poderia haver muitos outros vulcões ocultos sob o gelo.
De acordo com Peter Dockrill, do site Science Alert, a descoberta foi realizada por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, durante levantamentos em uma área que se estende por 3,5 mil quilômetros entre a plataforma de Ross e a Península Antártida, no oeste do continente.
Universidade de Edimburgo (PDF do levantamento)
Mais precisamente, os cientistas conduziram o levantamento de forma remota, por meio de sinais de radar capazes de penetrar através das camadas geladas, e estavam busca de formações cônicas de rocha basáltica que criassem protuberâncias no gelo. Até então, monitoramentos anteriores haviam revelado a existência de 47 vulcões subglaciais na Antártida — mas, desta vez, os pesquisadores acabaram identificando 91 novos picos vulcânicos, elevando o total de vulcões conhecidos no continente para 138.
Segundo os pesquisadores, os vulcões descobertos contam com altitudes que variam dos 100 aos 3.850 metros, mas ainda não foi possível determinar se algum (ou quantos) deles permanece ativo. No entanto, conforme explicaram, é extremamente importante que essa informação seja levantada o quanto antes, já que, se essas formações entrarem em erupção, é inevitável que ocorra o derretimento de gelo — e, dependendo da magnitude do evento, um potencial incremento no nível dos mares.
Ninguém sabe dizer qual é o real impacto da descoberta ainda (Reuters/Mark Baker)
De qualquer forma, os pesquisadores acreditam que a atividade dos vulcões pode estar relacionada com a quantidade de gelo acumulada sobre o pico basáltico — e é possível que camadas menos espessas ofereçam um risco maior de vulcanismo. Isso porque, de acordo com os cientistas, o maior índice de atividade vulcânica no mundo vem sendo registrado em regiões que perderam a cobertura glacial após o final da última era do gelo.
A teoria é que, sem as camadas de gelo sobre os vulcões, ocorre uma maior liberação de pressão na região onde essas formações se encontram e, consequentemente, os vulcões se tornam mais ativos. Mas, voltando ao caso dos que foram identificados na Antártida, os pesquisadores ainda terão que fazer uma porção de levantamentos e estudos para avaliar o real impacto da descoberta.