Ciência
13/02/2017 às 04:22•2 min de leitura
A esquizofrenia, segundo informações do site do Dr. Drauzio Varella, é um complexo distúrbio psiquiátrico caracterizado pela perda do contato com a realidade. Quem padece desse transtorno costuma sofrer com delírios e alucinações e frequentemente afirma ouvir vozes. Além disso, também é comum que os pacientes se convençam de que são alvos de conspirações.
Autorretrato criado por um esquizofrênico
Atualmente, há tratamentos eficazes para manter a esquizofrenia sob controle e, embora existam teorias de que ela pode ser desencadeada por uma série de fatores — como genéticos, ambientais, neurobiológicos etc. —, os especialistas ainda não sabem dizer o que exatamente provoca o transtorno e ainda não há uma cura definitiva para ele. Mas, no passado, a coisa era bem mais precária, justamente pela falta de conhecimento a respeito do distúrbio.
Na maioria dos casos, os esquizofrênicos eram enviados a instituições para doentes mentais ou eram submetidos a terapias bem drásticas — apesar da boa intenção dos médicos e cientistas —, e houve quem defendesse que a remoção de órgãos do corpo podia sanar o problema.
Louis Pasteur em seu laboratório
Você já deve ter ouvido falar em Louis Pasteur, o famoso cientista francês cujas descobertas nos campos da química e microbiologia tiveram um profundo impacto na medicina e na saúde pública. Segundo Marissa Fessenden do Smithsonian.com, entre os experimentos mais importantes de Pasteur estão os que consolidaram a ideia de que muitas doenças são provocadas por agentes infecciosos e que os microrganismos não se proliferam espontaneamente.
De acordo com Marissa, os experimentos de Pasteur tiveram tanto sucesso na época — ou seja, no final do século 19 — que logo cientistas de todo mundo iniciaram uma frenética corrida para descobrir quais eram os germes responsáveis por todo tipo de enfermidade, incluindo aquelas que hoje sabemos que não são provocadas por micróbios.
Bayard Holmes
Entre esses cientistas se encontravam Henry Cotton e Bayard Holmes, que estavam convencidos de que problemas como a perda de contato com a realidade e comportamento anormal — esses sintomas soam familiares para você? — eram provocados por algum tipo de toxina. Segundo acreditavam, essa substância era produzida no próprio organismo graças à ação de agentes infecciosos e tinha a capacidade de envenenar o cérebro dos doentes.
Assim, para tentar curar o problema, os dois pesquisadores começaram a remover órgãos que eles acreditavam ser os responsáveis pela doença. Conforme explicou Marissa, Cotton focou sua atenção em partes do corpo como as amídalas, a vesícula, tiroide, dentes, cólon e o cérvix — ou colo do útero —, enquanto Holmes tinha o intestino como alvo.
O pior é que o próprio filho de Holmes passou a mostrar sintomas de esquizofrenia, levando o cientista a dedicar toda sua vida a encontrar uma cura para a doença. Segundo Marissa, no início do século 20, Holmes concluiu que o distúrbio era provocado por um tipo de obstrução intestinal causado pelo excesso de bactérias e que esses microrganismos eram os que estavam liberando toxinas.
Esboço de Cotton que mostra paciente após remoção de vários dentes
Para tratar o problema, Holmes removeu o intestino do filho para poder lavar o órgão diariamente, mas o jovem morreu alguns dias após a cirurgia. Mesmo assim, o médico ainda realizou o mesmo procedimento em cerca de 20 pacientes, alegando que havia conseguido um bom índice de sucesso — e apenas duas fatalidades.
Cotton, por sua vez, realizou um número enorme de procedimentos envolvendo diversos órgãos. O médico garantiu que obteve um índice de sucesso superior a 80% com as cirurgias — e apenas entre 25 e 30% de mortalidade, associada às débeis condições físicas de pacientes diagnosticados com psicose crônica, segundo Cotton.
Apesar da drástica abordagem do passado, vale destacar que os dois médicos realmente estavam lutando para encontrar uma cura para a esquizofrenia, por mais malucos que fossem seus métodos. Como mencionamos anteriormente, o transtorno, embora seja considerado grave e esteja associado a diversos fatores, ainda é alvo de estudos por parte de pesquisadores do mundo inteiro.