Artes/cultura
18/06/2014 às 07:01•3 min de leitura
Quem nasceu nos anos 1970 ou 1980 é capaz de se lembrar do papel higiênico em outra cor, que também tinha disponível aqui no Brasil: o cor-de-rosa! Além dessa tonalidade, esse papel era “suave” como uma lixa. Ao seu lado nas prateleiras dos supermercados, se encontravam outros tipos de rolos acinzentados e algumas marcas do branco, bem mais caro comparado aos outros na época, mas muito mais macio.
Porém, felizmente, tudo mudou e atualmente a maioria dos papéis higiênicos é branquinha como a neve. Temos ainda a opção de escolher os de folha simples, folha dupla, perfumado, sem perfume, com desenhos em relevo etc. Mas, até chegar a essa gama de variedades, nós demoramos algum tempo.
Atribui-se a invenção do papel higiênico aos chineses já no século II a.C., porém o inventor norte-americano Joseph C. Gayetty foi a primeira pessoa a realmente comercializar o papel higiênico nos Estados Unidos, por volta de 1857.
O papel em rolo só viria mais tarde, em 1880, quando os irmãos Scott iniciaram a venda do papel na forma enrolada e empacotada. Porém, eles vacilaram em não registrar qualquer tipo de patente e a glória acabou indo para Seth Wheeler, de Albany, Nova York. Ele obteve as patentes, registrando ainda as ideias de perfurar o papel, colocar o tubo e ainda dos suportes para segurar o produto.
Voltando às cores dos papéis, em meados do século 20 passou-se a colorir os produtos nos Estados Unidos, pois as donas de casa da época queriam que o papel combinasse com a decoração do banheiro. A popularidade desse estilo alcançou seu auge nos psicodélicos anos 1970, mas foi diminuindo gradativamente até hoje.
Há várias razões para isso, mas uma das principais pela qual o papel higiênico é branco é porque ele parece mais limpo do que os tons amarronzados naturais que o papel tinha antes de ser branqueado. Afinal, se você se deparasse com um papel higiênico com uma tonalidade marrom (de fábrica, que fique claro), você usaria?
É claro que, no desespero, as pessoas são capazes de usar o que tiver disponível. Mas, se você tivesse a opção de escolher, provavelmente o branquinho viria em primeiro lugar. O consenso entre os fabricantes de papel higiênico, como a Kimberly-Clark, que tocou nesta questão, é que as pessoas sempre escolhem o branco em um nível até intuitivo, segundo várias pesquisas realizadas.
Além de remeter à limpeza, há outros fatores pelos quais quase só se encontra papel higiênico branco hoje em dia — algumas empresas lançaram rolos coloridíssimos com tonalidades fortes (vermelho, azul, verde, amarelo, rosa-choque), mas a moda ainda não pegou, por enquanto.
Voltando ao branco, para começar, este tom não é apenas uma escolha estética, pois a cor branca do papel é geralmente obtida por um branqueamento industrial que pode ainda deixá-lo muito mais suave. Mas como isso acontece?
O processo de branqueamento é realizado para remover a lignina, um polímero da madeira que, entre outras funções, serve como uma "cola" para manter as fibras unidas, fazendo com que a árvore fique mais rígida. Sem ela, uma árvore nunca alcançaria uma grande altura.
Além da maior suavidade, remover a lignina também adiciona uma quantidade significativa de vida útil para o papel. Por exemplo, se você já viu um jornal velho, você pode notar que o papel começa a amarelar à medida que ele envelhece. Esta ação é devido à presença de lignina no jornal. Dessa forma, é claro que, se um papel higiênico amarelasse com o tempo, ele não iria vender muito.
Por isso, essas são algumas das razões pelas quais muitos fabricantes branqueiam o papel higiênico. Além disso, existe a questão ambiental. Os corantes têm um grande impacto no meio ambiente, assim como também tendem a serem agentes causadores de irritações na pele de algumas pessoas. Dessa forma, a melhor maneira de cortar esses problemas pela raiz é não colorir os papéis.
Porém, todos nós sabemos que, se a indústria visse uma mudança de tendência que fizesse com que um papel higiênico estampado em várias cores fosse vender a rodo, é claro que ela não hesitaria em usar corantes e agredir a natureza. Então, você também pode imaginar que talvez a principal razão pela qual a maioria dos papéis hoje é branca tem muito a ver com dinheiro.
Como as pessoas atualmente já geralmente preferem o branco, a despesa extra de fazer um produto colorido provavelmente não vai atrair mais consumidores para a compra, a não ser que eles utilizem um pouco de marketing muito inteligente e eficaz. Mas, mesmo assim, para um produto como este, seria um exagero, a menos que ele realmente fosse um papel muito superior em comparação com a versão branca. Simplesmente não compensa para os fabricantes.