Estilo de vida
06/05/2013 às 10:04•3 min de leitura
De vez em quando, ouvimos histórias de pessoas que, por incrível que pareça, escaparam com vida das mais tenebrosas situações. Assim, você já ouviu falar de Juliane Koepcke? Ela foi a única sobrevivente de um terrível acidente aéreo na década de 70, e você não vai acreditar em todas as dificuldades que ela teve que enfrentar! Juliane tinha apenas 17 anos de idade, e o desastre ocorreu um dia depois de sua formatura.
A garota, filha de um famoso zoólogo alemão, viajava com a mãe de Lima para Pucallpa, no Peru, quando a aeronave na qual elas se encontravam entrou em uma tempestade. Depois de aguentar fortes turbulências, uma das asas do avião — do tipo Electra, que não era o mais recomendado para enfrentar condições meteorológicas difíceis — foi atingida por um raio, fazendo com que a estrutura se rompesse em pleno voo.
Juliane, na véspera do acidente Fonte da imagem: Reprodução/Today I Found Out
Juliane se lembra de primeiro ter ouvido um ensurdecedor barulho e, depois, sua mãe dizendo calmamente “está tudo acabado”. Segundos mais tarde, tudo ficou silencioso, e a única coisa que ela podia perceber era o vento em seus ouvidos. Juliane foi ejetada da aeronave, mas manteve-se presa à poltrona pelo cinto de segurança. Ela despencou de uma altura de mais de 3 mil metros — sem paraquedas! —, espiralando até cair no meio de uma floresta tropical.
Ninguém sabe explicar como é que Juliane sobreviveu à queda, mas algumas hipóteses são de que a vegetação e o banco ao qual ela estava presa tenham amortecido a queda. A garota se lembra de ter sido arremessada — juntamente com a mãe e um terceiro passageiro —, e de saber que se encontrava em queda livre, assim como da vegetação que, de onde ela se encontrava, parecia brócolis gigantes.
Juliane sobreviveu, mas não saiu ilesa da queda. A garota sofreu cortes profundos nas pernas e nos braços, uma fratura de clavícula, luxação em uma vértebra cervical, ruptura de um ligamento do joelho, fratura parcial da tíbia e, devido à rápida despressurização, os capilares de seus olhos estouraram. Depois de passar várias horas entre a consciência e a inconsciência, ela finalmente voltou a si e decidiu sair pela selva em busca de ajuda.
Fonte da imagem: Reprodução/BBC
Juliane usava um minivestido sem mangas e contava com apenas uma das sandálias. Além disso, na queda ela acabou perdendo os óculos, sem os quais ela não conseguia ver muita coisa. Felizmente, o pai de Juliane era um famoso zoólogo alemão, e havia alguns anos que a família vivia em uma remota estação de estudo na floresta.
Assim, a garota estava acostumada às dificuldades desse tipo de ambiente e se lembrou de uma importante lição de seu pai: quando se encontrar perdida na floresta, busque um riacho e siga rio abaixo, já que normalmente as pessoas costumam viver próximo a cursos hídricos. E lá foi ela, tateando o caminho adiante com a única sandália que tinha em busca de cobras e caminhando dentro do rio sempre que possível.
Juliane passou dez dias caminhando, tempo durante o qual ela encontrou alguns passageiros que haviam morrido no acidente e vários de seus ferimentos se tornaram seriamente infeccionados. Finalmente, ela encontrou um bote e, próximo a ele, uma trilha que levava a uma pequena cabana. Após passar a noite no local, a garota começou a pensar se deveria usar o barco para encontrar ajuda ou não, mas foi encontrada por lenhadores antes de partir.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
As pessoas que a encontraram primeiro pensaram que ela era a Iemanjá — ou um espírito das águas para aquele povo —, mas socorreram Juliane, que teve que encarar 15 minutos de voo até o hospital mais próximo. A moça ainda ajudou as equipes de resgate a encontrar os destroços do acidente, e descobriu que a sua mãe, assim como ela, parecia ter sobrevivido à queda, mas, devido aos graves ferimentos, acabou não resistindo.
Hoje, Juliane vive em Munique, na Alemanha, é doutora em zoologia — como o pai — e lançou um livro em 2011 contando a sua incrível história. No desastre do voo Lansa 508, 91 passageiros perderam suas vidas, assim como todos os membros da tripulação.