Ciência
27/08/2014 às 11:49•3 min de leitura
Pode parecer papo de louco, mas a ideia de que o Universo não passa de uma enorme projeção é uma questão levada muito a sério pelos físicos, e uma simulação realizada por cientistas da Universidade Ibaraki, no Japão, inclusive parece apresentar evidências de que todos vivemos em um holograma.
Na verdade, essa teoria foi apresentada no final da década de 90 — bem antes do estudo dos japoneses — e, por mais maluca que pareça, ajudou a explicar algumas incompatibilidades entre a teoria da relatividade de Einstein e a física quântica. Basicamente, enquanto a teoria da relatividade governa questões na escala de planetas e galáxias e a física quântica governa questões em escala subatômica, o princípio holográfico unifica as duas.
De acordo com o site Motherboard, pesquisadores do governo dos EUA iniciaram uma série de experimentos que, segundo acreditam, poderão ajudar a determinar se tudo o que existe — eu, você, os planetas e todas as coisas do Universo — se encontra em um cosmos holográfico de duas dimensões.
Trocando em miúdos, os pesquisadores querem descobrir se a nossa realidade não é igual à de personagens de TV que existem em um mundo aparentemente tridimensional, mas que, na verdade, apenas existem em um mundo de duas dimensões sem ter consciência disso. É mais ou menos por aí!
Conforme explicou Craig Hogan, diretor do Fermilab, renomado laboratório especializado no estudo da física de partículas de alta energia, é possível que toda a informação a respeito de tudo o que existe no Universo esteja codificada em pequenos pacotes de dados — pense em bits de computador — em duas dimensões.
Segundo Hogan, há milhares de anos existe a ideia de que o espaço é feito de pontos e linhas. Contudo, é possível que essa noção esteja equivocada, e que o cosmos seja feito de ondas, da mesma forma que a matéria e a energia. Em outras palavras, isso significa que é possível que o Universo não seja inteiramente definido.
Hogan faz uma analogia com os pixels de uma foto para explicar essa ideia: de longe vemos uma imagem, mas, se nos aproximarmos o suficiente, começamos a enxergar os pontinhos que compõem o todo, e a figura parece menos definida.
Para o cientista, é possível que a mesma ideia se aplique a tudo o que existe, ou seja, se observamos a matéria bem de perto, além do nível subatômico, talvez descubramos que o Universo também é pouco definido e esteja em constante e leve movimento, e toda a informação sobre ele esteja contida em pequenos pixels trilhões e trilhões de vezes menores do que um átomo.
E se toda a informação está contida em um sistema quântico, aquele dos pixels trilhões de vezes menores do que átomo, então cada “bit” deve apresentar as mesmas flutuações que fazem o cosmos vibrar e se tornar agitado, alterando tudo o que existe à sua volta. Pois é... pura maluquice.
Os experimentos iniciados pelos norte-americanos visam determinar se o Universo existe da forma como descrito acima. Para isso — que mais parece uma missão impossível! —, os pesquisadores realizarão testes em um laboratório do Fermilab chamado Holômetro, equipado com dois aparelhos chamados interferômetros capazes de emitir lasers superpoderosos (com a potência de 200 mil daquelas canetas laser).
Os dois interferômetros ficam posicionados lado a lado e lançam feixes de luz direcionados a um instrumento que divide os lasers e os direciona a duas espécies de braços com 40 metros de comprimento posicionados perpendicularmente. A luz é então refletida de volta ao instrumento que as dividiu, e os feixes se recombinam, criando flutuações na luz caso exista algum movimento.
Depois, os pesquisadores liderados por Hogan devem comparar os feixes para conferir se ocorreu alguma interferência. E, se detectarem alguma interferência, dependendo de sua natureza, isso pode significar que eles encontraram um sinal das flutuações provocadas pelo sistema quântico — e que o cosmos não é inteiramente definido. Ou, quem sabe, que vivemos em um Universo como o do filme “Matrix”?
Segundo os pesquisadores, caso seja comprovado que realmente estamos vivendo em um holograma, a conclusão que podemos tirar disso é que a realidade é composta por uma quantidade limitada de informações. Seria algo como estar assistindo a um filme através da TV a cabo, mas a provedora do sinal não oferece banda suficiente para a exibição: as imagens aparecerão pouco definidas e com alguma perturbação.
Assim, na nossa realidade, nada existirá de forma completamente estática, mas sempre apresentando um pouco de movimento. De momento, os testes apenas começaram e os primeiros resultados devem ser divulgados dentro de um ano. Contudo, caso você tenha interesse em se aprofundar mais no assunto, conferira o documento publicado pelos pesquisadores — em inglês — logo abaixo: