Ator Benedict Cumberbatch pode pagar multa por sua família escravista

05/01/2023 às 11:002 min de leitura

O intérprete de Doutor Estranho, Benedict Cumberbatch, pode ter que pagar indenização a Barbados por sua família ter empregado mão de obra escravizada em uma fazenda de açúcar que possuiu na colônia britânica. 

Após se tornar uma República, em 2021, a nação de Barbados criou uma comissão para pedir indenizações às famílias que se utilizaram de pessoas escravizadas para construir sua riqueza, e isso inclui os Cumberbatch. 

Joshua Cumberbatch, sétimo avô do ator, comprou uma plantação de açúcar na região em 1728 e supostamente explorou 250 escravos por quase um século.

Colonização e escravidão em Barbados

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Os colonizadores ingleses desembarcaram na ilha de Barbados em 1627 e massacraram a população indígena local. De acordo com o historiador Sir Hilary Beckles, Barbados foi o berço da sociedade escravagista britânica, já que milhares de africanos escravizados foram levados até lá para trabalhar em fazendas de açúcar.

Em 1833, a escravidão foi abolida no Império Britânico e o governo pagou indenizações pelo uso desse tipo de mão de obra. No entanto, essas multas foram pagas aos proprietários pela perda da sua suposta “propriedade”, e não a quem de fato a merecia.

Dessa forma, além dos lucros acumulados por anos de exploração de africanos escravizados, a família Cumberbatch ainda recebeu 6 mil libras, em 1834, que hoje equivaleriam a mais de 1 milhão de dólares.

Reparação tardia, mas necessária

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Benedict Cumberbatch já afirmou em diversas ocasiões que tem conhecimento sobre o passado chocante de sua família e que, inclusive, foi aconselhado por sua mãe a não usar o seu sobrenome real, para evitar que pedidos de indenização como esse ocorressem. O ator já assumiu papéis em filmes retratando os males da escravidão e disse que sua atuação era uma espécie de pedido de desculpas.

Mais grave do que o caso do ator, no entanto, é o do político britânico Richard Drax, cuja família supostamente foi responsável por iniciar o sistema de plantação em Barbados e, com ele, o tráfico de escravizados. Segundo o The Guardian, estima-se que mais de 30 mil pessoas escravizadas tenham morrido nas propriedades dos Drax ao longo de 200 anos. Na verdade, eles até hoje são donos de uma fazenda com 250 hectares, avaliada em mais de 5 milhões de libras, em terras barbadianas.

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