Você é o que come: mamutes e neandertais eram geneticamente similares

17/04/2019 às 02:002 min de leitura

O que um mamute-lanoso e um neandertal podem ter em comum? À primeira vista, é fácil dizer "quase nada", não é mesmo? Mas, sob a ótica da genética, isso pode mudar drasticamente. Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv (TAU), em Israel, estudaram as adaptações genéticas nas duas espécies hoje extintas e descobriram que ambas compartilhavam características moleculares de adaptação ao frio.

O estudo foi publicado recentemente na revista Human Biology e explica como a vivência das espécies em ambientes gelados pode ter resultado uma evolução bastante similar. "Eles dizem que você é o que come. Isso era especialmente verdadeiro para os neandertais, que comiam mamutes, mas também eram aparentemente semelhantes a eles na genética", disse Ran Barkai, do Departamento de Arqueologia da TAU, em um comunicado.

Filhote de mamute encontrado na Sibéria, em 2007. Crédito: Reuters

Barkai explica que neandertais e mamutes viveram juntos na Europa durante a Idade do Gelo, e por muito tempo uma espécie foi decisiva para a sobrevivência da outra: "A evidência sugere que os neandertais caçaram e comeram mamutes por dezenas de milhares de anos e eram fisicamente dependentes de calorias extraídas deles para sua adaptação bem-sucedida". 

Outras similaridades também se apresentam com relação à origem de ambos os mamíferos, que eram descendentes diretos de ancestrais africanos — no caso dos animais, o mamute-romeno (Mammuthus rumanus). Os paleontólogos acreditam que esses mamutes mais antigos se espalharam pela Eurásia há cerca de 3,5 milhões de anos, onde evoluíram e se adaptaram aos climas mais frios.

Enquanto o mamute-lenhoso (M. primigenius) evoluiu há cerca de 600 mil anos em torno da península ártica da Eurásia e exibe diferenças de seus ancestrais por ser mais adaptado ao clima frio, os neandertais (Homo neanderthalensis) evoluíram na Europa um pouco mais tarde, há cerca de 400 mil anos, antes de se espalharem pela Ásia e pelo Levante. Há indícios de que seu ancestral mais próximo tenha migrado da África cerca de 1,2 milhão de anos atrás e se estabelecido na Eurásia.

Crédito: Charles R. Knight/American Museum of Natural History

A equipe de cientistas testou a similaridade de três variantes genéticas em mamutes e neandertais e alelos específicos do clima frio, que podem ser descritos como formas alternativas de um gene causado por uma mutação encontrada no mesmo local em um cromossomo. Um deles, o gene LEPR, está ligado à produção de calor, bem como à regulação do armazenamento de gordura e do tecido adiposo; outro tem a ver com a atividade da proteína queratina; e o terceiro envolve variantes de pigmentação da pele e do cabelo nos genes MC1R e SLC7A11.

"No momento em que os proboscídeos estão sob ameaça de desaparecimento do mundo devido à ganância humana por marfim, ressaltar nossa história e semelhanças com elefantes e mamutes pode ser um ponto que vale a pena levar em consideração", acrescentou Barkai.

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