Ciência
01/05/2023 às 13:00•3 min de leitura
O próximo filme de Christopher Nolan, Oppenheimer, retrata a vida do "pai da bomba atômica", o físico Julius Robert Oppenheimer, e vai estrear em julho. O enredo é focado na complicada criação das primeiras armas nucleares e mostra o cineasta liderando a equipe que desenvolveu o primeiro artefato do tipo detonado com sucesso.
A história mostra os bastidores da pesquisa que gerou o armamento, como as difíceis tomadas de decisão diante aos dilemas éticos, enquanto aborda aspectos pessoais da vida de Oppenheimer. Alguns vazamentos apontam que a obra vai tratar da ligação do cientista com organizações comunistas, que rendeu a suspensão do acesso do físico à Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos.
O filme serve como um lembrete do assustador poder destrutivo das armas nucleares. O próprio Oppenheimer desaconselhou o desenvolvimento acelerado da bomba de hidrogênio, que é milhares de vezes mais poderosa que a bomba atômica. No entanto, o armamento acabou sendo criado pela Rússia, batizada de Tsar bomb, a arma mais potente da história.
Suspeita de contatos com comunistas encerrou carreira científica de Oppenheimer. (Fonte: National Archives/Reprodução)
Oppenheimer foi um físico teórico norte-americano que nasceu em 22 de abril de 1904, em Nova Iorque. Ele estudou universidades renomadas, como Harvard e Cambridge. Durante a década de 1930, o cientista fez importantes contribuições para a física teórica, trabalhando em campos como a teoria quântica de campos e a relatividade geral.
Em 1942, ele foi recrutado para liderar o Projeto Manhattan, o programa secreto dos Estados Unidos para desenvolver a bomba atômica. Ele foi supervisor da construção da primeira bomba atômica, testada com sucesso em 16 de julho de 1945, no Novo México e foi considerado um herói nacional por sua contribuição para o esforço de guerra dos EUA.
Mais tarde, se tornou um defensor ativo do controle de armas nucleares e se opôs fortemente ao uso da bomba atômica contra o Japão. Depois da guerra, Oppenheimer tornou-se diretor do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, até ser acusado de simpatia com o comunismo em 1954. Ele morreu em 1967, aos 62 anos.
A tecnologia usada na bomba atômica tinha o propósito iniciado de acelerar partículas para pesquisa científica. (Fonte: Lawrence Berkeley Nat'l Lab/Reprodução)
O Projeto Manhattan foi um programa de pesquisa e desenvolvimento coordenado pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, visando produzir a primeira bomba atômica. O programa foi nomeado assim porque a equipe responsável pela pesquisa estava inicialmente baseada no distrito de Manhattan, em Nova York.
A iniciativa começou em 1939, antes da entrada dos Estados Unidos na guerra, e foi acelerado após a eclosão do conflito em 1941. A equipe responsável pelo projeto era composta por alguns dos maiores cientistas do mundo, como Robert Oppenheimer, Enrico Fermi e Niels Bohr, entre outros.
O programa envolveu várias etapas, incluindo a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias necessárias para produzir uma bomba atômica, a construção de instalações de produção de urânio e plutônio, e a criação de um dispositivo explosivo que poderia desencadear uma reação em cadeia nuclear.
A divisão do átomo provoca uma reação em cadeia devastadora. (Fonte: Wikimedia/Chairboy/Reprodução)
A bomba atômica funciona é ativada por um processo chamado de fissão nuclear. O armamento usa um nêutron livre para dividir o núcleo atômico de elementos como urânio ou plutônio Essa divisão libera outros nêutrons que iniciam uma reação em cadeia, desintegrando muitos núcleos atômicos vizinhos.
O armamento pode causar destruição em massa e impactos terríveis tanto para o meio ambiente quanto para a vida humana. Os efeitos da explosão podem se estender por quilômetros, destruindo edifícios, estradas e pontes, além de deixar as áreas afetadas inabitáveis por um longo período de tempo.
Dependendo do tamanho da bomba e da área afetada, os danos podem incluir uma enorme explosão, uma onda de choque, incêndios, radiação eletromagnética, radiação térmica e radioatividade residual.
O arsenal nuclear global, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), vai crescer pela primeira vez desde a Guerra Fria, e o risco de uso dessas armas atingiu o pico em décadas. Todos os países com armas nucleares estão aumentando ou atualizando seus arsenais e reforçando o papel das ogivas nas estratégias militares.
O número de bombas atômicas no mundo não é divulgado por questões de segurança, mas estimativas apontam que existem cerca de 13 mil ogivas nucleares. O arsenal está distribuído em apenas 9 países, com a Rússia e os liderando o ranking. Além deles, China, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte possuem artefatos do tipo.
A grande maioria dessas ogivas são armas nucleares estratégicas, que podem ser direcionadas a longas distâncias, como mísseis balísticos e foguetes. Somente a Rússia, que está em guerra contra a Ucrânia, tem 1.500 ogivas implantadas nas bases de mísseis, bombardeiros e submarinos.