Ciência
17/05/2023 às 10:00•2 min de leitura
Quando alguém fala de fusão nuclear, qual é a primeira coisa que vem à sua cabeça? Estrelas sendo formadas no universo? Uma área muito complexa da física? Ficção científica? E, que tal um adolescente em um laboratório improvisado na garagem de casa?
Desde pequeno, Taylor Wilson começou a se interessar pelo tema. Considerado uma das crianças mais inteligentes da sua geração, ele acabou se dedicando a estudar o assunto, o que fez com que se tornasse a pessoa mais jovem da história a atingir a fusão nuclear.
Taylor com os pais e o irmão mais novo. (Fonte: PopSci)
Nascido em 1994, na cidade de Texarkana, no Arkansas, desde muito pequeno ele já demonstrava ter um grande potencial para a ciência. Seus pais, percebendo que o filho poderia ir longe, sempre o incentivaram e estimularam o potencial de Taylor.
Seu primeiro contato com radiação foi aos 10, quando ele pendurou uma tabela periódica em seu quarto. Com apenas uma semana, Taylor memorizou todos os números atômicos, massas e pontos de fusão dos elementos químicos.
No ano seguinte, sua avó o levou até uma livraria no dia do seu aniversário, para que ele escolhesse um livro de presente. Taylor saiu de lá com The Radioactive Boy Scout ("O escoteiro radioativo" em tradução livre para o português). Esse livro conta a história de David Hahn, um adolescente que tentou construir um reator em um galpão no quintal de casa na década de 1990. Terminando o livro, Taylor disse para si mesmo: “As coisas que aquele garoto estava tentando fazer, tenho certeza que posso realmente fazê-las.”
Primeiro reator construído por Taylor. (Fonte: SciRadioactive)
Não demorou muito para que Taylor começasse a transformar a garagem da casa em um espaço de pesquisa. Com o tempo, mesas abarrotadas de produtos químicos, microscópios e luzes negras germicidas começaram a aparecer. Depois foi a vez de recipientes revestidos de chumbo e preenchidos com pedaços de urânio — tirado de utensílios domésticos revestidos com tinta feita à base do material químico.
Nesse ponto, talvez você deva estar se perguntando: como os pais de Taylor deixaram isso acontecer? Seria excesso de liberdade ou falta de responsabilidade? O que aconteceu é que Taylor sempre dava um jeito de conseguir o que precisava para suas pesquisas improvisadas. E sempre dizia saber que estava fazendo tudo de modo seguro.
Para ter certeza disso, seu pai, Kenneth, pediu a um amigo farmacêutico nuclear que viesse verificar as práticas de segurança do filho. Depois de olhar o laboratório caseiro ele comentou: "Embora Taylor esteja fazendo tudo certo, a radiação funciona de maneira rápida e complexa. Aprender com um erro, pode ser fatal".
Todos ao redor do jovem percebiam seu potencial. Foi assim que a meia-irmã de Taylor, Ashlee, recomendou que Kenneth o matriculasse na Davidson Academy. Ela é uma escola pública voltada para os alunos "mais inteligentes" dos EUA, e que permite que os eles façam pesquisas avançadas na Universidade de Nevada-Reno.
Nessa época, com apenas 13 anos, Taylor estava estudando uma maneira de produzir isótopos radioativos de maneira segura e barata para usar no tratamento contra o câncer. Ele sabia que era necessário ter um equipamento capaz de resistir a um calor extremo e pressão negativa, e encontrou o que precisava em um dos armazéns da Davidson.
Enquanto passeava com o físico atômico Ronald Phaneuf, Taylor encontrou uma câmara de alto vácuo feita de aço inoxidável de paredes grossas. Era o que faltava ao jovem para realizar seu sonho. Nos meses seguintes, Taylor e Phaneuf se dedicaram a construir o reator, corrigindo eventuais erros que surgiam e conseguindo equipamento e material de conhecidos e amigos do professor, para realizar a fusão.
Assim, pouco depois de completar 14 anos, Taylor, Phaneuf e Bill Brinsmead, um técnico de laboratório, carregaram deutério na máquina. Após ligar o reator e confirmar a presença de nêutrons, Taylor tornou-se a 32ª — e mais jovem — pessoa do planeta a realizar uma reação de fusão nuclear.