Estilo de vida
04/09/2023 às 06:30•3 min de leitura
Antes de mais nada, vamos com calma: nem toda picada de carrapato pode causar doenças. Muitas vezes, os bichinhos são completamente inocentes e só estão tentando se alimentar. Do nosso sangue, mas ainda assim só querem encher a barriga.
Também conhecidos como carraças, estes aracnídeos ectoparasitas hematófagos — ou seja, parasitas que vivem se alimentando de sangue — em alguns casos podem ser responsáveis por algumas doenças raras, como Lyme e febre maculosa. Hoje vamos nos aprofundar um pouco mais no tema, falando sobre as doenças que podem ser causadas pelas criaturinhas, seus principais sintomas e como removê-los com segurança.
Embora nem toda espécie de carrapato seja perigosa, em alguns casos a picada pode causar doenças (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Na maioria das vezes o ser-humano não sofre consequências decorrentes de picadas de carrapatos, mas há casos em que a picadinha pode trazer sérias consequências. Apenas cerca de 3% das espécies catalogodas carregam algum tipo de agente infeccioso capaz de nos afetar; porém, quando acontece, a coisa pode ficar bem séria.
Uma das principais inimigas do humano é a espécie conhecida como carrapato-estrela (Amblyomma sculptum), cuja picada pode levar ao desenvolvimento de quadros das já citadas febre maculosa (também conhecida em alguns lugares do Brasil como febre do carrapato) e doença de Lyme. A seguir, vamos citar algumas das mais comuns doenças causadas pela picada de carraça e seus principais sintomas.
A babesiose é causada por protozoários e caracterizada pelo ataque aos glóbulos vermelhos do sangue (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
A babesiose, também conhecida como piroplasmose ou doença do carrapato, é uma doença infecciosa causada por protozoários encontrados em algumas espécies de carrapatos. O aracnídeo hematófago transmite um protozoário que afeta os glóbulos vermelhos do sangue, causando diversos sintomas, dos mais simples como dores pelo corpo e fadiga, até anemia hemolítica.
O tratamento da babesiose deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico da doença e geralmente envolve a combinação de um antibiótico, como a clindamicina ou azitromicina, com um antiprotozoário.
Perigosa, a febre maculosa pode levar à amputação de membros e até a sépsis (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
O grande problema da febre maculosa ou do carrapato é a dificuldade de ser diagnosticada. Seus sintomas geralmente se assemelham aos de várias doenças e, por isso, muitas vezes o quadro só identificado vários dias após a infecção pela picada do carrapato. A boa notícia é que, caso não evolua demais, é possível reverter o quadro em poucas semanas.
O tratamento da febre maculosa é feito à base de antibióticos como a tetraciclina e o cloranfenicol, com possibilidade de cura total quando a doença é tratada já nos primeiros dias. O diagnóstico tardio pode levar a complicações severas, incluindo óbito.
Um dos primeiros sinais da infecção por Lyme são os característicos anéis avermelhados na pele (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Ocasionada pela picada do carrapato-estrela, a doença de Lyme geralmente leva um período de aproximadamente uma semana para exibir seu primeiro sintoma, uma lesão avermelhada em formato anelar (que se assemelha a um "alvo") e que vai se expandindo com o passar dos dias. Como a doença demora a ser transmitida pelo carrapato para o humano, com o processando levando entre 36h e 48h, uma forma de prevenir a infecção é remover o bichinho o quanto antes.
O diagnóstico de Lyme nos estágios iniciais pode levar uma rápida recuperação, com o tratamento sendo feito geralmente à base de antibióticos como doxiciclina, amoxicilina e cefuroxima.
O ideal é sempre utilizar pinças para remover carrapatos (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Se algum dia você perceber que entrou na mira dos bichinhos sugadores de sangue, não precisa se desesperar. Mantenha a calma e lembre-se que a chance de desenvolver uma doença é pequena. De qualquer forma, o ideal é remover o carrapato ou carraça o quanto antes, mas de forma segura.
Utilize uma pinça e pressione o aracnídeo bebedor de sangue o mais próximo possível da pele, de forma a soltar toda a criatura aos poucos, sem esmagá-la ou torcê-la. Mantenha a calma e lentamente puxe o bichinho, para soltá-lo completamente. Caso após a remoção você perceba que as presas da carraça permaneceram fincadas em sua pele, não precisa se preocupar ou tentar arrancar à força. Seu corpo fará o serviço por você nos próximos dias, expulsando o corpo estranho enquanto cicatriza o local.
Caso tenha sido alvo da picada de um carrapato e desconfie que possa ter havido algum tipo de contaminação, a indicação é sempre buscar a opinião de um médico. Não recorra à automedicação, que pode acabar encobrindo sintomas e levar ao diagnóstico tardio — que, por sua vez, pode resultar em quadros avançados das doenças, com possível ocorrência de sintomas mais agravados, além de pode poder resultar em amputações, deixar sequelas e até mesmo levar a óbito.