Artes/cultura
30/10/2013 às 08:03•4 min de leitura
O ato sexual tem alguns objetivos óbvios, como demonstração de amor, reprodução e a busca pelo prazer, entre outros, é claro. Quando o assunto é prazer, vale lembrar que a experiência como um todo deve ser agradável, mas não adianta: o momento alto de toda experiência sexual bem-sucedida é o orgasmo.
Você já deve saber do que se trata, mas será que entende o que acontece com o seu corpo enquanto você tem um orgasmo? Aliás, por que exatamente você chega ao clímax?
Não é de hoje que cientistas, pesquisadores, psicanalistas, psicólogos, sexólogos e muitos estudiosos investigam as causas do orgasmo – ou da falta dele –, as diferentes descrições de pessoa para pessoa e as influências fisiológicas, culturais e sociais na intimidade humana. Sigmund Freud foi um psicanalista cujas teorias rodeavam o sexo e a influência familiar do indivíduo.
Cena do filme “Kinsey – Vamos falar de sexo”. Fonte da imagem: Reprodução/film-lexikon
Alfred Kinsey foi um sexólogo à frente de seu tempo e considerado um dos grandes inspiradores da já conhecida revolução sexual, que aconteceu nos EUA na década de 1960. A história do pesquisador acabou se tornando filme: “Kinsey – Vamos falar de sexo”. O sexólogo comparou o orgasmo humano às oscilações extremas de uma orquestra, uma explosão de tensões ou até mesmo um espirro.
O fato é que as inúmeras pesquisas já feitas com a intenção de entender melhor o orgasmo nos provam que um dos grandes responsáveis pelo fato de conseguirmos ou não chegar ao ponto é nosso cérebro. Para entender melhor essa relação, é preciso compreender melhor o que acontece com o corpo durante o ato sexual.
A região genital, assim como qualquer outra parte de nossa anatomia, contém inúmeras terminações nervosas que, por sua vez, enviam informações a nervos, cujas principais funções são manter a conexão entre o corpo e o cérebro. São esses nervos que enviam todos os tipos de respostas à região cerebral: dor, prazer, cócegas, arrepios e afins.
Fonte da imagem: Shutterstock
É por isso que, para que se tenha prazer sexual, é preciso estímulo sexual. E é por isso também que sensações diferentes são sentidas quando há estímulos distintos em regiões diversas. Um orgasmo de clitóris é diferente de um vaginal, afinal, as terminações nervosas envolvidas nas duas regiões são distintas umas das outras.
Essas terminações nervosas às quais nos referimos são minúsculas, mas poderosas, e nosso corpo é cheio delas. As regiões genitais são cheias dessas estruturas – o clitóris, por exemplo, apesar de ser minúsculo, tem mais de 8 mil terminações nervosas, todas conectadas aos nervos responsáveis por receber as informações sexuais. Esses nervos envolvidos com as regiões genitais são o hipogástrico, o pélvico, o pudendo e vago.
Cada um desses nervos é responsável pela sensibilidade de uma área diferente. O hipogástrico está no útero e no cervix da mulher e na próstata nos homens; o pélvico é responsável pelo prazer vaginal e cervical da mulher além dos estímulos no reto, em ambos os sexos; o pudendo transmite estímulos clitorianos em mulheres, e nos homens atua nas regiões do pênis e do escroto. O trabalho de tantos nervos ao mesmo tempo é o que torna a sensação tão prazerosa.
Fonte da imagem: Shutterstock
O nervo vago é o único que não passa pela medula espinhal. Ele é responsável pela enervação de todos os órgãos abaixo do pescoço e provavelmente o encarregado em garantir prazer sexual na região cervical a pessoas em condições como a paraplegia.
Se você acha que o papel do cérebro já acaba por aqui, saiba que tem mais coisas ainda e o que você vai conhecer a seguir talvez esclareça algumas dúvidas que você tem há muito tempo. Vamos lá: você sabe que seu cérebro é dividido em algumas partes e que esses segmentos são responsáveis por certas tarefas? E você sabe também que nossa “caixola” tem uma área específica para o prazer: desde o de comer um chocolate até o de usar algum tipo de droga?
Essa área, conhecida também como “circuito de recomenpensa”, é dividida em outras mais específicas e você vai precisar conhecê-las se quiser entender melhor algumas das questões mais intrigantes do comportamento sexual humano.
Fonte da imagem: Reprodução/Museandcompass
A primeira parte é a amígdala, que regula emoções; depois vem o núcleo accumbens, que controla a liberação de dopamina. Essa substância só é liberada, de fato, pela área ventral tegmental; já o cerebelo controla as funções musculares. A hipófise libera beta-endorfina, o que aumenta a dor; ocitocina, que aumenta sentimentos de confiança; e vasopressina, que fortalece laços sentimentais. Ou seja...
Embora os estudos acerca de regiões de prazer sejam avançados, o mesmo não se pode dizer a respeito das causas do prazer sexual – especialmente em mulheres. Pesquisas atuais buscam monitorar as regiões cerebrais de homens e mulheres durante momentos em que sentem estímulos para tentar desvendar o quebra-cabeça.
O que se sabe até o momento é que não há muita diferença entre as atividades cerebrais de homens e mulheres durante o sexo. Curiosidade: o cérebro de alguém durante um orgasmo se parece 95% com o de uma pessoa tomando uma injeção de heroína.
Quanto às diferenças entre os cérebros femininos e masculinos, já se sabe que as mulheres têm ativadas algumas áreas cerebrais responsáveis pelo medo e ansiedade. Segundo os pesquisadores, isso pode explicar a necessidade que algumas mulheres têm de se sentirem protegidas.
Fonte da imagem: Reprodução/Bolsademulher
E quem não consegue atingir um orgasmo? Como fica? Infelizmente, isso existe e é mais comum do que se pensa. Há muitos casos de pessoas que simplesmente não conseguem ter prazer sexual, característica conhecida como anorgasmia.
Algumas causas envolvem o uso de antidepressivos que diminuem a produção de dopamina, o neurotransmissor que reconhece sensações de prazer e estimula a pessoa a buscar aquilo mais vezes. Em casos de diminuição de dopamina por razões medicamentosas, vale lembrar que é possível conversar com um médico e tentar mudar de tratamento.
Estudos constantes são feitos para entender como uma pessoa pode não ter prazer sexual ou como ela até pode sentir prazer, mas nunca atingir um orgasmo. Infelizmente, ainda não há respostas finais para essa questão.