Artes/cultura
06/03/2018 às 02:00•4 min de leitura
Se você sente medo de voar, este não é o artigo ideal para ser lido. A não ser que você queira ter um pouco de esperança de que acidentes aéreos podem não ser assim tão fatais quanto aparentam.
Por mais que algumas adversidades ocorram, alguns pilotos são tão preparados para situações extraordinárias que são capazes de salvar a vida de praticamente todos os passageiros, mesmo quando tudo conspira para que isso não aconteça.
Aperte os cintos e se prepare para quatro histórias alucinantes que tinham tudo para dar errado!
Em 20 de abril de 1978, o mundo ainda vivia sob a sombra da Guerra Fria, época em que sobrevoar algumas áreas da antiga União Soviética não era algo muito inteligente a se fazer. Por isso, o piloto de um avião traçou uma rota que ia de Paris (França) para Seul (Coreia do Sul), fazendo escala no Alasca (EUA).
O piloto, entretanto, era inexperiente. Logo após sobrevoar a Groenlândia, ele acabou errando a rota e colocou o avião justamente em direção à URSS. Depois de cruzar o espaço aéreo da Finlândia, o piloto Kim Chang Ky foi interceptado por radares soviéticos, que mandaram dois aviões caça para abater a aeronave.
Piloto errou e "jogou" o avião diretamente em território inimigo
Quando os pilotos dos caças viram que se tratava de um avião de passageiros, tentaram não obedecer a ordem de ataque. Mesmo assim, um deles acabou disparando dois mísseis em direção à aeronave “perdida”, que voava com 109 passageiros – a essa altura, provavelmente desesperados.
O primeiro míssil falhou, mas o segundo acertou a asa esquerda do avião. Estilhaços entraram na cabine e vitimaram dois dos passageiros. Com a despressurização, o voo se tornou perigoso. Kim Chang desceu até uma altitude mais segura para que os passageiros pudessem respirar. Ele conseguiu controlar o avião por mais 40 minutos, mesmo com um dos quatro motores tendo apresentado falhas, até pousar sobre um lago congelado, no norte da antiga União Soviética.
Tirando os dois mortos já citados, o restante dos passageiros sobreviveu. Que susto, hein?
Dos 109 passageiros, apenas dois perderam a vida nesse acidente
Quando um avião perde força, uma estratégia é tentar fazê-lo planar até conseguir pousar em segurança. Mas e quando um helicóptero para de funcionar? A coisa fica muito mais complicada. Até dá para tentar desligar os motores e torcer por uma descida que seja o mais suave possível, mas e se você estiver sobrevoando um vulcão ativo nesse exato momento?
Parece enredo de filme-catástrofe hollywoodiano – e não deixa de ser um pouco disso. O piloto Craig Hosking levava os cineastas Chris Duddy e Michael Benson em um sobrevoo no Kilauea, no Havaí (EUA), para eles fazerem imagens aéreas para um filme de 1992. O motor do helicóptero parou e eles começaram a cair diretamente na “boca do inferno”!
Estamos falando DISSO aqui
E agora? Pular da aeronave? Rezar? Chorar? Qual seria a sua reação? Incrivelmente, os três sobreviveram ao impacto! Entretanto, os equipamentos eletrônicos da aeronave ficaram danificados. O jeito foi tentar sair da cratera do vulcão escalando suas paredes! A situação não foi das mais fáceis: o ar era quente e a fumaça poderia matá-los asfixiados. Quando notaram que não seria possível escapar dessa maneira, eles optaram por encarnar o MacGyver.
Através da bateria da câmera de filmagem, eles conseguiram consertar o rádio do helicóptero e precisaram esperar por mais de 27 horas o resgate, que veio justamente como? Na forma de outro helicóptero, é claro! Felizmente, os três saíram vivos dessa experiência alucinante!
Na década de 1970, a França estabeleceu uma base científica no Polo Sul e solicitou que a Marinha dos EUA enviasse alguns suprimentos. Mas como enviar um avião para pousar na congelante Antártica? Primeiro de tudo: você troca as rodas do trem de pouso por esquis e reza para funcionar.
Mas reza direito, viu, porque o primeiro avião que tentou pousar acabou se estatelando no chão. Um problema em uma das hélices e o fogo na cauda da aeronave levaram o piloto a um pouso forçado, no qual, felizmente, ninguém ficou ferido. Porém, a tripulação precisava de resgate.
Primeiro avião se estatelou no chão
No dia seguinte, um avião foi buscá-los. E o que aconteceu? Caiu também, é claro. O problema foi um pouco diferente e o baque no chão foi mais duro. A neve fofa, entretanto, amorteceu a queda, e ninguém se feriu com gravidade. Mas, agora, era mais gente precisando ser salva.
Achou pouco? Tem mais. Afinal, tragédia pouca é bobagem. Um terceiro avião também se acidentou! Será que era um sinal de Deus para eles desistirem de tentar mandar suprimentos para os franceses? Vai saber... Felizmente, todo mundo saiu vivo dessa maré de azar.
Três aviões caídos, nenhuma morte!
Tempestades em alto-mar são sempre muito assustadoras, e um veleiro descobriu isso da pior maneira em 1991. Tendo sido arrastado mais de 400 quilômetros da costa de Nova Jersey, nos EUA, ele precisou ser resgatado. Porém, com o mar extremamente agitado, o helicóptero salvador não conseguiu chegar até lá.
O piloto da aeronave, então, decidiu voltar para terra firme, mas cruzou uma parte extremamente tensa da tempestade. Para piorar o cenário, a tripulação notou que o helicóptero começou a ficar sem combustível e que todos cairiam no mar turbulento a qualquer momento.
Veleiro à deriva deu início à história cinematográfica
Sobrevoando o mar, que tinha ondas de até 12 metros de altura, a tripulação decidiu saltar exatamente sobre elas para o impacto ser menor. Graham Buschor, o copiloto, foi o primeiro a se jogar na água, seguido do paraquedista Rick Smith.
Logo depois, outro paraquedista errou seu salto e, em vez de pular sobre uma onda alta, acabou saltando logo depois dela. John Spillane caiu cerca 18 metros, atingindo a água a 80 km/h. Ele quebrou oito ossos, rompeu um dos rins e o pâncreas e teve ruptura nos vasos sanguíneos dos dois olhos – mas sobreviveu, é claro!
O piloto David Ruvola e o engenheiro de voo Jim Mioli foram os últimos a saltar. Eles precisavam tirar o helicóptero do caminho dos demais, para eles não serem atingidos pelas hélices. Para piorar, Mioli estava sem traje apropriado e apresentou sinais de hipotermia, sendo salvo pelo piloto, que se amarrou a ele para manter o calor dos corpos.
Helicóptero caiu em alto-mar durante uma tempestade
Três horas depois, o paraquedista que se quebrou inteiro conseguiu encontrar os dois, e juntos eles aguardaram por mais 3 horas até o resgate chegar, na forma de um navio da Guarda Costeira, que havia salvado o copiloto um pouco antes. Apenas o primeiro paraquedista a saltar, Rick Smith, não foi encontrado.
Ah, e o veleiro que começou tudo isso também se deu bem: ele foi salvo por um navio de carga da Romênia!
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E aí: ficaram com medo ou impressionados? Eu não gostaria de estar em nenhuma dessas situações, mas ao menos teria uma história inacreditável para contar, não é mesmo? Você já passou por alguma experiência assustadora como essas?
*Publicado em 24/09/15