Estilo de vida
12/09/2016 às 12:25•2 min de leitura
Tudo começou com o físico Jack Hetherington. Ele estava orgulhoso do seu trabalho sobre o comportamento do isótopo de hélio-3.
Porém, antes de enviar o artigo para uma revista e tentar conseguir uma publicação, ele pediu a opinião de um amigo pesquisador.
O colega gostou do resultado, mas disse que a revista certamente o rejeitaria. Isso porque, no texto, Jack usou o “nós” para se referir a ele mesmo, sem saber que a revista só permitia o uso do plural para trabalhos com mais de um autor.
Agora, o pesquisador só tinha duas alternativas: reescrever completamente o artigo para deixar a linguagem impessoal ou adicionar um coautor e dividir os créditos com alguém que não contribuiu com o resultado. Isso tudo aconteceu em 1975, o que deixa a situação bem mais complicada. Para alterar o texto, seria preciso datilografar tudo novamente na máquina de escrever.
O cientista optou pela segunda opção, mas adicionou o nome de Chester, o gato siamês da família, como coautor. O trabalho foi aceito e desde então F.D.C. Willard – ou Felis Domesticus Chester Willard – se tornou oficialmente um gato com um artigo científico publicado.
O fato só se tornou público algum tempo depois, quando um visitante chegou à universidade querendo conversar com o professor Hetherington sobre o trabalho. Como ele não estava disponível, a pessoa perguntou se poderia falar com o tal F.D.C. Willard. Os colegas do professor caíram na gargalhada e logo entregaram a verdadeira identidade do coautor.
A partir daí a brincadeira não teve mais fim. Quando recebeu algumas cópias do trabalho para autografar, Jack achou que seria divertido colocar a pata do gato ao lado da sua assinatura. Quem não viu graça nisso foram os organizadores de um congresso, que planejavam convidar os dois para uma palestra, mas desistiram após ver a assinatura do “cientista”.
E a carreira de Chester não parou por aí. O chefe do departamento de Física da Universidade de Michigan também entrou na brincadeira e, logo depois da publicação do artigo, enviou uma carta convidando o felino a fazer parte do corpo docente da instituição.
O bichano ainda publicaria outro artigo antes de se aposentar da carreira acadêmica. Jack estava trabalhando com um grupo de cientistas que não estava muito certo dos resultados encontrados em um experimento. Para não ferir a reputação de ninguém, caso a pesquisa fracassasse, eles decidiram colocar o gato como único autor do trabalho.
Embora tenha falecido em 1982, aos 14 anos, Chester deixou um legado importante para os estudos da Física. Aquela pesquisa inicial é citada até hoje e, em 2014, a Sociedade Americana de Física anunciou que todos os artigos publicados por gatos estavam disponíveis gratuitamente para o público.