Estilo de vida
03/05/2019 às 03:30•2 min de leitura
Se você tem animais de estimação em casa — como cachorros e coelhos, por exemplo —, é possível que você tenha flagrado seu bichinho fazendo algo que, para nós, é bem nojentinho: comer o próprio cocô. E você sabe a razão de eles fazerem isso? Bem, de acordo com Laura Geggel, do site Live Science, a verdade é que esse comportamento é bem mais comum do que muita gente imagina, e os humanos parecem ser uma exceção no Reino Animal.
De acordo com Laura, a prática de consumir as próprias fezes é chamada coprofagia e, de modo geral, ela serve para que os animais tenham acesso a nutrientes que eles não conseguiram absorver quando os alimentos foram digeridos pela primeira vez. O ato de comer cocô é algo que pode ser observado em uma enorme variedade de espécies — além dos animais domésticos com os quais temos mais contato.
Segundo Laura, a coprofagia pode ser observada em diversos animais, como coelhos, lebres, ratos, toupeiras, castores, cães, filhotes de elefante e de hipopótamo, e primatas (não humanos), como os gorilas, os orangotangos e os macacos Rhesus. E esse comportamento provavelmente surgiu como um mecanismo evolutivo que permite aos animais — especialmente os herbívoros — extrair o máximo de nutrientes dos alimentos que eles consomem.
Sim, eles comem cocô
No caso dos coelhos, por exemplo, comer fezes não só algo completamente natural, como representa uma parte integral de sua dieta devido à forma como o processo de digestão ocorre em seus organismos. Isso porque, por serem herbívoros, depois que o alimento passa pelo estômago e o intestino delgado, ele vai ao intestino grosso — onde as bactérias dão início à fermentação.
Esse processo acontece no ceco e ajuda a decompor as estruturas vegetais mais resistentes. Mas, como a etapa em que os nutrientes são absorvidos acontece quando os alimentos passam pelo estômago e intestino delgado, nem sempre os coelhos conseguem obter tudo o que precisam. Então, para contornar essa situação, eles criaram um mecanismo fisiológico chamado cecotrofia — no qual eles comem os cecotrofos, que nada mais são do que fezes ricas em nutrientes.
Faz parte da dieta deles!
Os cecotrofos são diferentes das fezes comuns — eles são mais escuros e maleáveis —, e geralmente são excretados à noite. Pois, os coelhos costumam consumir esses cocôs especiais diretamente do ânus, o que significa que raramente quem cria esses bichinhos em casa vê essas estruturas, e absorver os nutrientes que passaram direto por seus corpos durante a primeira digestão.
Também é bastante comum que os filhotes de algumas espécies de animais comam excrementos, mas de suas mães ou de outros adultos do grupo. Esse é o caso dos elefantinhos e bebês hipopótamo, que consomem o cocô quando começam a desmamar e passam a ingerir alimentos sólidos. Isso ajuda os pequenos a desenvolverem suas floras intestinais — e, assim, sistemas digestivos saudáveis. Aliás, levantamentos apontaram que as espécies que normalmente praticam a coprofagia não costumam ficar doentes com facilidade.
Eles comem o cocô das mamães para estabelecer uma flora intestinal saudável
Mas, e no caso dos cachorros que teimam em comer cocô, por que eles insistem em fazer isso? Afinal, eles são carnívoros! Segundo Laura, existe certo debate entre os especialistas, mas o mais provável é que eles comam as fezes por razões nutricionais, isto é, para suprir alguma deficiência alimentar, por puro tédio ou, ainda, para copiar o comportamento de suas mães, já que elas frequentemente comem os excrementos dos filhotes.
Tédio?
O fato é que, de acordo com Laura, a coprofagia é uma prática pra lá de comum no Reino Animal e, nesse departamento, os humanos é que parecem ser os anormais da turma — eca! Tanto que, segundo alguns especialistas, no nosso caso a aversão ao cocô é uma questão cultural.
*Publicado em 27/6/2017