Ciência
14/01/2014 às 08:45•2 min de leitura
Ok, então você já ouviu falar de várias aves que mergulham na água para fazer uma boquinha rápida. Bem, mas e o contrário? Isso deve ser um tanto mais raro, certo? De fato. Na verdade, antes do registro recentemente efetuado pelo diretor da Unidade para Ciências Ambientais e Gerenciamento da Universidade de Potchefstroom (África do Sul), Nico Smit, jamais se havia flagrado um peixe de água doce caçando uma ave.
O vídeo abaixo mostra o momento exato em que um peixe-tigre-africano salta de um lago no Parque Nacional de Mapungubwe a fim de abocanhar uma despreocupada andorinha — interrompendo de forma abrupta (embora inegavelmente bela) o voo rasante do animal.
“Toda a ação, entre o salto e a captura da andorinha em pleno voo, foi incrivelmente rápida, de forma que, depois da primeira ocorrência, demorou um pouco para que nós entendêssemos o que havíamos visto”, disse Smit, em entrevista ao periódico Nature. De acordo com ele, depois do “cair da ficha”, a impressão foi de “puro contentamento, já que percebemos que havíamos sido espectadores de algo incrível e único”.
Vale lembrar, entretanto, que a habilidade singular do peixe-tigre-africano (Hydrocynus vittatus, conforme destacou a referida publicação) já era alvo de rumores desde os anos 1940. Entretanto, Smit afirma que “nunca se convenceu plenamente por meio das anedotas” contadas aqui e ali pelos habitantes do local.
Na verdade, o grupo do pesquisador nem sequer buscava comprovação dos ditos populares — já que o estudo focava-se, a princípio, nos padrões de migração e nas características do habitat típico do peixe-tigre na África do Sul. Em outras palavras, Smit e seu grupo não buscavam peixes “voadores” e predadores de aves.
Fonte da imagem: Reprodução/YouTube (ComeToTruth)
Não obstante, o grupo foi presenteado com uma média de 20 saltos por dia do peixe-tigre. E isso considerando ainda todo o processo para o “abate”: desde o deslocamento por baixo das águas até o salto e, por fim, uma azarada andorinha enterrada na água.
Smit espera ainda que a descoberta ajude a atrair o foco da comunidade científica. “Nós esperamos que os nossos achados ajudem a focar a atenção na importância da pesquisa relacionada aos peixes de água doce mais comuns, sobretudo no que diz respeito ao comportamento”, ele conclui.