Estilo de vida
21/04/2017 às 06:01•3 min de leitura
Não restam dúvidas de que as pessoas criam profundos vínculos afetivos com seus animais de estimação. Inclusive existem casos extremos daqueles que não medem esforços na hora de mimar seus bichinhos — e que chegam ao ponto de torná-los herdeiros de verdadeiras fortunas. Pois não pense você que essa ligação é algo recente, fruto da rotina maluca que não deixa muito tempo para a socialização com outros humanos.
De acordo com Ali Berman, do portal Mother Nature Network, a conexão entre pessoas e seus animais de estimação existe há milhares de anos, e exemplo disso é a descoberta de bichos sepultados com o maior cuidado por seus humanos. Confira a seguir:
Em 2014, arqueólogos trabalhando em uma necrópole dos séculos 6 e 7 a.C. na ilha de Chios, na Grécia, encontraram vários sarcófagos e urnas de terracota. Entre os restos mortais, os pesquisadores encontraram corpos de adultos e crianças, e a descoberta mais intrigante no local foi a ossada de um cavalo.
De acordo com os arqueólogos, assim como acontecia com cães e gatos, os cavalos também faziam parte do convívio cotidiano dos humanos — atuando tanto como animais de trabalho como companhia. No entanto, esse foi o primeiro equino encontrado em uma necrópole dessa região do Egeu, e os pesquisadores ainda especulam quais teriam sido as circunstâncias que levaram o cavalo a ser sepultado com tanta reverência.
Durante escavações realizadas na Sibéria, pesquisadores encontraram a ossada de um cão de uma raça próxima à husky siberiana que viveu na região há mais de 7 mil anos. O animal foi descoberto em uma sepultura em que também havia restos mortais de cinco humanos; assim como seus companheiros de cova, o cachorro foi enterrado com objetos cotidianos e revebeu os mesmos rituais funerários.
Análises revelaram que o cão recebia os mesmos alimentos que os humanos, e seus ossos mostraram sinais de que ele provavelmente carregava algum tipo de peso nas costas — sugerindo que o animal ajudava os donos no transporte de pequenas cargas.
Além disso, segundo os pesquisadores, o fato de que o cachorro tenha sido sepultado de forma semelhante aos humanos indica que as pessoas da época provavelmente acreditavam que ele tinha alma, já que o animal recebeu os mesmos ritos realizados para garantir que ela “viajasse” para o lugar certo.
Como você sabe, os antigos egípcios não se dedicavam a mumificar apenas seres humanos. Eles também costumavam sepultar animais com seus mortos, e pesquisadores descobriram vários milhões de exemplares em catacumbas em um sítio conhecido como Saqqara, localizado na região do Cairo. As sepulturas eram dedicadas a Anúbis — o deus dos mortos, representado por um homem com cabeça canina —, e a grande maioria dos animais eram cães.
Nesse sítio específico, os arqueólogos encontraram quase 8 milhões de exemplares e, segundo explicaram, os antigos egípcios estimavam muito os cachorros. Assim, para conseguir reunir essa enorme quantidade de animais para as oferendas, é bem provável que existissem criadouros para esse fim.
Entretanto, apesar de parecer cruel — considerando que alguns dos cães foram propositalmente sacrificados — criar cachorros para oferecê-los a Anúbis, os antigos egípcios acreditavam que os animais estavam partindo para fazer parte da matilha eterna da divindade e, portanto, estavam sendo despachados para uma “vida” muito melhor.
Os linces são animais selvagens que normalmente não aparecem nas listas de bichinhos de estimação habituais. No entanto, a descoberta de um filhote enterrado em um local sagrado destinado ao sepultamento de seres humanos parece indicar que ao menos ocorreram tentativas de domesticar essas criaturas no passado.
O filhote foi enterrado há aproximadamente 2 mil anos em uma área ocupada pela cultura Hopewell — que atualmente corresponde ao estado de Illinois, na região nordeste do país. Quem quer que seja que se ocupou da tarefa sepultou o jovem lince com bastante cuidado, como se tratasse de um humano.
O animal não apresentava qualquer sinal de trauma e foi encontrado usando um colar feito com dentes de urso e conchas — levando especialistas a especular que se tratava de um bicho de estimação ou, ainda, que tivesse algum significado religioso. Isso porque os Hopewell tinham o costume de enterrar seus cães e gatos, mas nos vilarejos, não em locais destinados ao sepultamento de integrantes da comunidade.
Não pense que apenas os antigos egípcios se preocupavam com o sepultamento de seus animais. Vários séculos antes de os primeiros colonizadores chegarem à região que atualmente corresponde ao sudoeste dos EUA, os nativos que ocupavam o território frequentemente enterravam seus cães, e centenas de túmulos caninos já foram encontradas — a maioria onde hoje se situam os estados do Arizona e do Novo México.
Segundo Dody Fugate, do Museu de Artes e Cultura Indígena do Novo México, perto de 700 sepulturas já foram catalogadas e datadas do ano de 400 a.C. até por volta de 1100 d.C. Conforme explicou, uma enorme quantidade de cães foi enterrada em grupo em locais onde determinados rituais eram realizados, mas muitos também foram encontrados com adultos e crianças.
Os arqueólogos inclusive chegaram a encontrar alguns exemplares acompanhados de joias, e todo esse cuidado os levou a especular que os cães eram mais do que meros animais de estimação para os povos da região. Os cachorros provavelmente serviam para acompanhar os indígenas ao além, e algumas vezes substituíam os seres humanos em determinados rituais.
*Publicado em 03/08/2015
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