O que aconteceria conosco se todos os insetos deixassem de existir?

03/07/2017 às 02:003 min de leitura

Se você, assim como a maioria das pessoas, já desejou que todos os insetos desaparecessem da face da Terra — especialmente naquelas noites quentes em que os pernilongos não deixam você dormir —, saiba que a sua vida e a de outros seres vivos complexos seria muito pior sem eles! Mas, antes, que tal saber um pouco mais sobre esses bichos?

Os insetos compreendem o mais diverso grupo de organismos presentes no planeta, e até o momento existem cerca de 900 mil espécies catalogadas — o que significa que eles representam 80% de todas as espécies que conhecemos. Sem falar que muitos bichinhos não foram descritos ainda pela Ciência, e os entomólogos acreditam que o número de espécies pode chegar a 30 milhões e que existem 10 quintilhões deles vivendo conosco!

Malvados?

Sim, alguns bichinhos são pra lá de irritantes mesmo, e outros tantos tocam o terror nas fazendas destruindo e devorando as plantações. Também existem aqueles que são venenosos e os que transmitem doenças que podem inclusive provocar epidemias e a morte de organismos complexos (como os humanos e os animais que compõem os rebanhos), assim como aqueles que infestam os nossos bichinhos de estimação e podem deixá-los doentes.

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No entanto, a verdade é que muitos insetos são tão pequeninos que nós nem sequer percebemos a sua presença, sem falar que, dos 900 mil que conhecemos, a grande maioria é inofensiva para os seres humanos. Aliás, a existência desses bichinhos é incrivelmente importante para a nossa sobrevivência.

Se os insetos desaparecessem

Você se lembra do conceito de cadeia alimentar? Então, os seres vivos cuja dieta se baseia principalmente em insetos — como inúmeras espécies de pássaros, répteis e anfíbios — morreriam, e os animais que se alimentam deles morreriam também com o tempo. E isso continuaria acontecendo até que as espécies no topo da cadeia, como os grandes mamíferos (e os humanos inclusive), fossem afetadas. Ocorreria um efeito dominó.

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O pior é que não adiantaria nada se todos esses bichos resolvessem virar vegetarianos para contornar a falta de comida, já que 80% das espécies vegetais que existem no mundo — incluindo árvores frutíferas e plantações que cultivamos — são angiospermas, ou seja, são do tipo que floresce. Pois, para se reproduzir, elas precisam ser polinizadas, e esse “trabalho” é realizado em grande parte por borboletas, abelhas, besouros, mosquitos etc.

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Além disso, sem os insetos para ajudar na decomposição de vegetais e animais mortos que fertilizam o solo, as plantas contariam com menos nutrientes dos que elas precisam para crescer e poderiam acabar morrendo. Ademais, muitos insetos cavoucam o solo, criando cavidades de ar que promovem a oxigenação da terra, e as raízes das plantas não conseguiriam ter acesso a todo o oxigênio de que elas necessitam.

Cenário apocalíptico

Agora pense: dependendo da região do mundo, entre 50 e 90% do volume de alimentos e de calorias é proveniente de alimentos produzidos pelas plantas. Só para você ter uma ideia, frutas e vegetais, assim como o arroz, o feijão, o trigo e a batata, são todos angiospermas, também servindo para alimentar os animais que nós consumimos — como aves, peixes e o gado —, o que significa que, até indiretamente, elas vão parar no nosso prato.

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Há também o mel e a seda — que estão entre as substâncias de maior valor e importância histórica para a Civilização Humana —, produzidos graças à ação dos insetos; sem eles, ambos deixariam de existir.

Lembra que nós comentamos que os insetos ajudam a degradar plantas e bichos mortos? Sem eles, além da questão relacionada com a fertilização do solo, as carcaças de vegetais e animais — incluindo os corpos humanos — levariam mais tempo para se decompor, e o mundo ficaria cheio de cadáveres por todas as partes. Já pensou?

Seria possível?

O mais alarmante de tudo o que explicamos até agora é que o desaparecimento dos insetos da face da Terra, embora seja pouco provável, não é completamente inconcebível. Recentemente, devido à perda de habitat, doenças e ação de pesticidas, milhões de colmeias comerciais e selvagens foram dizimadas.

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Além disso, as mudanças climáticas que vêm ocorrendo pelo mundo estão alterando o sincronismo entre o período de incubação de determinados insetos e o ciclo de vida de algumas espécies de plantas. Isso significa que determinados vegetais estão florescendo cedo ou tarde demais, perdendo a chance de serem polinizados pelos insetos, que, por sua vez, acabam perdendo sua fonte de alimento.

*Publicado em 13/11/2015

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