Saúde/bem-estar
20/11/2015 às 13:16•4 min de leitura
O aquecimento global é um problema sério que vem preocupando cientistas de todo o mundo há algumas décadas. Desde que a humanidade começou a se alertar para o problema, cada vez mais se notam as consequências do aumento da temperatura do planeta.
Nós já publicamos aqui no Mega Curioso que a gravidade da Terra está sofrendo com esse problema e ainda que ele está causando uma situação ainda mais alarmante na região do Oceano Ártico. O gelo polar também é muito afetado pelo aquecimento global, e os problemas enfrentados por ele podem gerar consequências incalculáveis para muitos habitantes do planeta.
Uma das espécies afetadas é a dos ursos polares, conforme nós abordamos na matéria dos fatos e curiosidades sobre esses animais, e outra é a das morsas, que, devido às mudanças no oceano gelado, estão procurando novos locais para repousar. O que pouca gente sabe é que o provável fim do gelo no Oceano Ártico também pode causar severos prejuízos a nós, humanos.
De acordo com uma publicação do site Mother Nature Network, o gelo do mar Ártico está aumentando e diminuindo ao longo dos anos, mas a média mínima de seu volume está 13 % menor a cada década. As informações são da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (National Oceanic and Atmospheric Administration – NOAA) e também revelam que em 2015 foi registrado o quarto pior nível recorde. Ainda há de se ressaltar que nos últimos nove anos aconteceram os nove piores meses de setembro da história. Assista ao vídeo abaixo para conferir a variação da camada de gelo polar neste ano.
Mas como a diminuição, e até o fim, dessas geleiras podem influenciar a vida humana? Para responder a essa pergunta, apresentamos 7 razões importantes para conservarmos o gelo do oceano Ártico:
Pela cor branca que possui, o mar congelado é capaz de refletir a luz do sol, evitando uma maior absorção de calor. Essa refletividade que faz a luz solar bater na superfície e voltar para o espaço é chamada de “albedo”.
Com o processo de diminuição das calotas polares, se estabelece um ciclo no qual a temperatura só tende a aumentar. Com o gelo derretendo, a água do mar fica mais exposta, retendo cada vez mais ondas de calor, o que vai diminuir ainda mais o gelo e, consequentemente, o albedo, gerando mais aquecimento.
A influência do derretimento do gelo polar nas correntes marítimas ocasiona mudanças climáticas em todo o mundo. Mesmo que de maneira lenta, esse processo é chamado de circulação termoalina e acontece com o oceano levando o calor por uma correnteza global. Essa corrente dita os padrões de clima do mar e da terra em todos os lugares, sempre alimentada pelas variações dos níveis salinos e de aquecimento das regiões por onde passa.
Assim, esse processo acaba sendo afetado de duas maneiras pelo derretimento do gelo do Ártico. Em uma delas, o fluxo de calor global sofre pelo reajuste de todo o seu gradiente térmico. Na outra, os padrões de ventos, que também são alterados pela diminuição da camada de gelo dos polos, empurram mais mar congelado para o Atlântico, onde ele vira água doce fria (o sal é expelido no processo de congelamento).
Circulação termoalina: as partes mais claras representam as correntes marítimas quentes e as mais escuras, as mais frias
Com menos salinidade, a água fica menos densa e flutua, ao invés de afundar. Isso pode interromper o fluxo de água morna ascendente oriunda dos trópicos, já que a água afunda em latitudes altas e a circulação termoalina precisa de frio para funcionar.
De acordo com o Centro Nacional de Pesquisas sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos, aproximadamente metade da troca de calor total entre o oceano Ártico e a Atmosfera ocorre por meio de aberturas no gelo. Esse dado mostra o quanto as geleiras são importantes para manter a temperatura do mar, pois, mesmo que muito gelado, ele ainda é mais quente do que o ar em períodos de frio intenso, como no inverno. Esse fator atua em conjunto com o albedo para segurar o clima nas regiões polares.
Nós publicamos aqui no Mega uma matéria que aborda o problema ambiental que vem acontecendo com a liberação de metano na atmosfera (clique aqui para conferir). Esse fato também entra como um motivo importante para que nós conservemos o gelo do mar Ártico, afinal o gás só é liberado quando o gelo se rompe. Infelizmente, o metano é um dos principais gases ligados ao efeito estufa, o que contribui ainda mais para o aquecimento global.
A diminuição do gelo polar influencia diretamente a formação de tempestades e grandes fenômenos climáticos. Mesmo que seja um consenso da ciência que o aquecimento global gera climas mais severos no geral, no Ártico essa situação também sofre influência do derretimento do gelo.
Formação de tempestade irregular sobre o oceano Ártico
As camadas de gelo polar normalmente limitam a quantidade de umidade que se move do oceano para a atmosfera. Isso dificulta a formação de tempestades fortes. Com a quantidade de gelo se tornando menor, esses fenômenos tendem a se formar mais facilmente e as ondas do mar Ártico podem ficar maiores.
Além da possibilidade de erosão que é cada vez mais iminente, principalmente na parte norte do Alaska, onde cerca de 180 comunidades nativas foram identificadas como vulneráveis ao problema, há também a ameaça às fontes de alimentação dessas pessoas. A maioria dessas comunidades tem uma dieta baseada em focas e outros animais nativos, e a deterioração do gelo do mar ártico, então, pode tornar a caça um tanto difícil e perigosa.
São muitos os fatores que oferecem riscos a essa prática. Entre eles estão as mudanças irregulares climáticas e seus padrões e a possibilidade da camada fina se romper, além de que os moradores terão que esperar muito mais tempo pela formação do gelo em algumas regiões.
Como citamos no início do texto e no item anterior, ursos polares, focas e morsas sofrem diretamente com o derretimento das camadas de gelo do oceano Ártico. Além disso, o calor ascendente prejudica essas espécies, que são adaptadas ao frio característico dessa região.
Além disso, uma menor quantidade de gelo polar contribui para uma maior absorção de gás carbônico do ar, removendo uma parte desse elemento tão nocivo para a atmosfera. Por mais que esse quadro pareça positivo, o excesso do gás está tornando a água de alguns locais muito ácida, segundo dados da NOAA. Isso pode ser potencialmente fatal para algumas espécies da vida marinha, como mariscos, corais e alguns tipos de plâncton.
Acredita que nós vamos conseguir reverter o quadro de derretimento do gelo do mar Ártico? Opine no Fórum do Mega Curioso