Confira 10 dos maiores erros de cálculo cometidos por especialistas

10/06/2014 às 13:255 min de leitura

Nessa vida, todo mundo comete erros. Muitas vezes, são deslizes imperceptíveis que não afetam a vida de ninguém, mas também existem casos em que qualquer detalhe fora do lugar pode acabar influenciando a vida de dezenas de pessoas.

Mas nem sempre as coisas saem como planejamos, e foi exatamente isso que aconteceu com cada um dos itens que foram selecionados pela BBC que você confere nesta lista. Você vai notar que muitas vezes o principal fator que desencadeou os erros de cálculo foi o uso de sistemas métricos diferentes, mas também existem casos em que a falta de atenção foi decisiva. Confira!

1. A rede ferroviária na França

BBC

A companhia estatal de trens na França – chamada SNCF – descobriu no mês passado que os dois mil novos trens que havia comprado eram largos demais para muitas das plataformas já existentes na rede. Ao todo, a nova frota custou 15 bilhões de euros. Mas essa conta só tende a aumentar, já que as estações passarão por reformas para se adequar aos novos trens. De acordo com a SNCF, o erro foi cometido pela operadora nacional – conhecida como RFF – ao repassar as medidas incorretas para a companhia.

2. O Orbitador Climático de Marte

Desenhado para ser o primeiro satélite climático do planeta vermelho, o Orbitador Climático de Marte se perdeu em 1999. O erro? A equipe da NASA utilizou unidades do sistema decimal enquanto os responsáveis pela construção do satélite se basearam no sistema imperial. Acredita-se que a sonda de 125 milhões de dólares tenha se aproximado muito de Marte na tentativa de entrar em órbita e tenha sido destruída pela atmosfera do planeta. Uma investigação apontou que a principal causa da perda foi “a tradução equivocada das unidades inglesas para unidades decimais” em um equipamento que controlava o satélite da Terra.

3. O navio Vasa

Em 1628, a população sueca assistiu horrorizada ao colapso do navio de guerra Vasa pouco depois de ter saído em sua viagem inaugural. Uma das consequências foi a morte de 30 pessoas que estavam a bordo. A embarcação estava armada com 64 canhões de bronze e foi considerada por alguns como o navio de guerra mais poderoso do mundo.

Depois que os destroços foram retirados do mar em 1961, especialistas afirmaram que a embarcação era assimétrica, sendo mais pesada no bombordo do que no estibordo. Uma das justificativas para essa tragédia pode ter sido o fato dos trabalhadores envolvidos na construção do navio terem utilizado sistemas de medição diferentes. Arqueólogos encontraram quatro réguas utilizadas pelos empreiteiros – duas delas funcionavam em pés suecos (que media cerca de 30,5 centímetros cada), enquanto as outras duas traziam a medida de pés utilizada em Amsterdã (que correspondia a quase 28 centímetros cada).

4. O planador de Gimli

Gimli Film

Em 1983, um dos voos da Air Canada ficou sem combustível em Gimli, um município rural da província de Manitoba, no Canadá. Alguns anos antes, em 1970, o país havia adotado o sistema decimal e esse seria o primeiro avião da companhia a utilizar unidades métricas. Como a aeronave apresentou um defeito no indicador de combustível, a tripulação utilizou um tubo para checar a quantidade de combustível que havia no reservatório. O erro de cálculo aconteceu na hora de converter o volume medido em peso. Os responsáveis pela conta acertaram o número, mas erraram a medida e acabaram confundindo libras com quilos. Por fim, a aeronave acabou apenas com metade do combustível previsto. Por sorte, o piloto conseguiu pousar em segurança no Aeroparque Industrial de Gimli.

5. O telescópio espacial Hubble

Além de ajudar a descobrir mais detalhes sobre o espaço, o Hubble nos permite ver o universo de maneira diferente com as incríveis imagens que é capaz de produzir. Mas nem sempre foi assim. As primeiras imagens enviadas pelo telescópio não eram nítidas porque seu principal espelho era muito plano. Bem, não muito, já que a diferença era de 2,2 mícrons – medida que corresponde a 1/50 da espessura de um fio de cabelo –, mas que são suficientes para colocar o projeto em risco. Acredita-se que o erro tenha sido causado por um respingo de tinta em um dos equipamentos utilizados para testar o equipamento, o que acabou distorcendo as medidas. Para reverter o problema, o sistema Costar (Corrective Optics Space Telescope Axial Replacement) – que consiste em dois espelhos de compensação de falha – foi instalado em 1993.

6. O Big Ben

Em 1857, o famoso Big Ben – sino instalado no Parlamento de Londres – rachou e foi fundido para que pudesse ser moldado novamente. Em 1859, o novo sino demorou três dias para ser içado na posição correta e, mesmo assim, acabou rachando novamente. Foi então que começaram as discussões para descobrir de quem era a culpa do problema. Uma teoria defendia que o pêndulo era pesado demais para um sino feito com uma liga metálica de 7 partes estanho para 22 partes de cobre. Os responsáveis pela fundição do objeto já haviam alertado que o material era frágil. Curiosamente, o segundo sino não foi substituído – e está rachado até hoje! –, tendo sido apenas girado levemente e ganhado um pêndulo mais leve.

7. A ponte de Laufenburg

O nível do mar varia ao redor do mundo e cada país escolhe um ponto para determinar sua medida. A Alemanha define o nível do mar a partir do Mar do Norte, enquanto a Suíça prefere determinar essa medida com base no Mar Mediterrâneo. Essa pequena diferença que parece irrelevante acabou causando um problema na construção da ponte de Laufenberg, uma cidade localizada entre a Alemanha e a Suíça.

Em 2003, conforme a construção das duas extremidades da ponte foi avançando em direção ao meio, ficou claro que, mesmo ambos os lados estando “ao nível do mar”, um dos lados estava 54 centímetros mais alto do que o outro. Os responsáveis sabiam que existia uma diferença de 27 centímetros entre as duas convenções do nível do mar, mas não se sabe por que a medida acabou duplicada, em vez de compensar o lado mais alto. Por fim, os cálculos foram refeitos e o lado alemão foi diminuído para que a ponte pudesse ser finalizada.

8. A dieta de Scott

O explorador Robert Falcon Scott cometeu um erro de cálculo fatal ao determinar a quantidade de comida necessária para sua equipe durante uma expedição de dois anos (1910-1912) ao Polo Sul. Os exploradores recebiam refeições que somavam 4.500 calorias por dia, o que se sabe que é insuficiente para pessoas que precisam arrastar trenós, especialmente em altitudes consideráveis. De acordo com o Dr. Mike Strous, um veterano em exploração polar e especialista em nutrição, os membros da equipe estavam recebendo 3.000 calorias a menos por dia do que a quantidade que seus corpos precisavam. Como resultado, eles perderam cerca de 25 quilos antes que chegassem ao destino planejado e dessem início à jornada de volta. Hoje, acredita-se que Scott e sua equipe tenham morrido de fome.

9. A pista de biathlon de Sochi

Um dia antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Sochi, descobriu-se que a pista de biathlon – que deveria ter uma volta de 2,5 quilômetros – estava com 40 metros a menos. Isso significava que os atletas da prova de 7,5 quilômetros acabariam percorrendo apenas 7,4 quilômetros, enquanto aqueles que disputavam a prova de 12,5 quilômetros completariam um percurso de 12,3 quilômetros. Reparos feitos às pressas garantiram que a pista tivesse a medida correta para o primeiro evento, que ocorreria três dias após a abertura.

10. A Ponte do Milênio

Para marcar a chegada do novo milênio, a capital inglesa ganhou uma ponte que une a margem sul do Rio Tamisa com o lado norte da catedral de St. Paul, em 2000. Mas não demorou muito até que a população notasse que a estrutura de 350 metros de comprimento balançava de maneira preocupante conforme se caminhava sobre ela. Um dos pontos mais importantes ao se desenhar uma ponte para pedestres é o chamado “efeito de passadas sincronizadas”, que é quando as pessoas começam a ajustar seu passo ao ritmo da estrutura vacilante, o que intensifica ainda mais o balanço da ponte. Nesse caso, os engenheiros levaram em consideração a sincronização dos passos de cima para baixo, mas não contaram com a movimentação de lado a lado. A ponte foi interditada logo em seguida e passou por uma série de alterações até ser reinaugurada em 2002.

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