Artes/cultura
27/08/2020 às 06:00•2 min de leitura
Um dos últimos exemplares do rinoceronte-lanudo foi devorado por um canídeo que habitava a Era do Gelo, apontou um novo estudo paleontológico sueco. Os restos mortais do animal extinto foram encontrados no estômago de um filhote mumificado após a necrópsia do corpo.
Em primeiro momento, os pesquisadores acreditavam que o pelo amarelado encontrado na barriga era de um Panthera spelaea, uma espécie de leão das cavernas que havia servido como última refeição para o cão glacial.
Porém, a análise laboratorial de DNA da pele demonstrou que a amostra era pertencente ao rinoceronte de nome científico Coelodonta antiquitatis. Os rinocerontes-lanudos foram extintos há 14 mil anos, data que coincide com o material achado no trato digestivo do canídeo.
(Fonte: Sergej Fedorov)
De acordo com a pesquisadora Edana Lord, estudante de doutorado no Centro de Paleogenética da Universidade de Estocolmo, na Súecia, os dados comprovam que o animal se alimentou de um dos últimos rinocerontes-lanudos existentes na Terra.
Depois da descoberta do cadáver mumificado nas remediações da cidade de Tumat, na Sibéria, em 2011, um novo mistério sobre a trajetória dos canídeos foi traçado. Ainda não se sabe ao certo se o filhote com idade entre 3 e 9 meses era um cachorro ou um lobo.
“Eu acredito que isso chega ao ponto crucial onde lobos e cachorros começaram a ser domesticados”, argumentou Lord. Segundo a cientista, esses animais de 18 mil anos de idade vagavam pelo pergelissolo — terra permanentemente congelada no Ártico — e poderiam já ter contato com os seres humanos.
Nesse caso, é possível que a carne do rinoceronte tenha sido partilhada entre homens e seus companheiros animais, que já viviam em harmônia.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Apesar de tudo, os pesquisadores têm fortes dúvidas de que os predadores tenham sido a principal causa da extinção dos rinocerontes-lanudos. A resposta estaria em outro fator fundamental no fim da Era do Gelo: o aquecimento global.
Após o sequenciamento genético do DNA da grande criatura, os cientistas cravaram que a raça não cruzava entre si e sua diversidade genética atrapalhou a continuidade da espécie. Portanto, conforme o planeta foi aquecendo, o animal que foi moldado para viver em temperaturas extremamente geladas passou a ter dificuldade de se adaptar a nova realidade e morreu aos poucos.