Ciência
31/08/2015 às 06:00•2 min de leitura
Muitos estão convencidos de que ela está séria, outros tantos, de que não. No entanto, a verdade é que há séculos existe um forte debate a respeito de uma das maiores obras primas de Leonardo da Vinci: afinal, a Mona Lisa está ou não está sorrindo? Pois, de acordo com Nick Squires, do The Telegraph, pesquisadores da Universidade Sheffield Hallam, na Inglaterra, acreditam ter desvendado o mistério a respeito da enigmática expressão da mulher do quadro.
La Bella Principessa
Segundo Squires, a equipe descobriu que, dependendo do ângulo a partir do qual se observa, a impressão de que a Mona Lisa está sorrindo — ou não — fica mais evidente. O time chegou a essa conclusão depois de estudar outra obra atribuída a da Vinci, um quadro chamado “La Bella Principessa”, que traz o retrato da filha de um nobre milanês, no qual os pesquisadores descobriram algumas pistas sobre como o artista criou as pinturas.
Conforme explicou Squires, nos dois quadros de da Vinci, quando olhamos para as pinturas de frente, a impressão que temos é a de que as mulheres estão sérias. No entanto, ao observar as imagens a partir de determinado ponto, tanto a Mona Lisa como a jovem nobre parecem ter um sorriso tímido no rosto. Além disso, o elemento no qual fixamos a nossa atenção também afeta a nossa percepção sobre a expressão das personagens.
Os pesquisadores descobriram que, quando fixamos nosso foco nos olhos das personagens, parece que os lábios se curvam delicadamente para cima, formando um sorriso. Por outro lado, se olharmos diretamente para as bocas das mulheres, a sensação é a de que elas estão sérias.
Segundo Squires, os pesquisadores acreditam que essa inteligente “ilusão de óptica” foi criada graças à técnica de pintura utilizada por Leonardo da Vinci conhecida como sfumato, que o artista empregou para incluir sombras e variações sutis de cor ao redor da boca das mulheres dos quadros.
O time de cientistas organizou uma série de experimentos nos quais vários participantes deviam olhar para as duas pinturas a partir de determinadas distâncias e ângulos. Além disso, os pesquisadores mostraram versões digitalizadas das obras com diferentes níveis de foco, assim como figuras em que a Mona Lisa e a Principessa apareciam com os olhos e as bocas cobertas.
Os pesquisadores descobriram que, quanto mais desfocadas eram as versões dos quadros que eles apresentavam, maior era a impressão que os voluntários tinham de que as mulheres estavam sorrindo. Curiosamente, quando os cientistas exibiram as pinturas com os olhos e as bocas cobertas aos participantes, eles foram incapazes de identificar se as expressões das personagens dos quadros eram sérias ou não.
Conforme explicaram, Leonardo da Vinci explorou as diferenças entre a visão periférica e a visão direta dos observadores para conseguir o curioso efeito nas duas obras. Assim, quando tentamos ver o sorriso de Mona Lisa, ele desvanece diante de nossos olhos — e a expressão enigmática da personagem foi criada propositalmente pelo mestre italiano.