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05/01/2018 às 03:00•3 min de leitura
O mundo está cheio de falsificadores de obras de arte e, de acordo com uma estimativa divulgada por especialistas da Europol — ou Serviço Europeu de Polícia —, é provável que metade de todas as peças em circulação no mercado internacional seja composta por réplicas, sendo que boa parte delas é adquirida por colecionadores e museus.
A revelação da Europol deixa evidente que tem muita gente talentosa por aí ganhando muito dinheiro criando e comercializando as imitações. Mas quem seriam os grandes nomes da falsificação internacional e quais são suas motivações para enganar todo mundo? Nós aqui do Mega Curioso reunimos para você cinco dos fraudadores mais ilustres que já existiram, e a seguir você poderá conhecer um pouco de suas histórias. Confira:
O malandro Tom Keating foi um artista britânico que, ao ter as suas próprias pinturas rejeitadas, resolveu forjar as obras de vários dos grandes nomes da arte. E não pense que ele se limitou a fazer uma ou outra falsificaçãozinha não! Keating pintou nada menos do que mais de 2 mil réplicas de mais de 100 artistas diferentes.
Como se fosse pouco, depois de ir parar na cadeia por seus crimes, o falsificador participou de uma série televisiva na Inglaterra onde ensinava aspirantes a pintores a criarem suas próprias réplicas de quadros famosos. Ironicamente, após a morte de Keating — em meados dos anos 80 —, a famosa casa de leilões Christie’s negociou 204 de suas obras.
Em 2008, Shaun Greenhalgh, de Manchester, na Inglaterra, foi condenado juntamente com seus pais — que já passavam dos oitenta anos de idade! — por diversos crimes de falsificação que eles cometeram ao longo de quase duas décadas. Os Greenhalghs criaram réplicas que passaram completamente despercebidas por vários especialistas do Museu Britânico e das ilustres casas de leilões Christie’s e Sotheby’s, além de enganar diversos colecionadores.
A variedade das peças criadas pelos Greenhalghs abrangia desde a cópia de uma escultura inglesa do século 20 à réplica de uma estatueta egípcia de 1350 a.C. Tudo ia muito bem para a família de falsificadores até que, um belo dia, um especialista do Museu Britânico percebeu que o relevo esculpido em uma tabuleta assíria contendo textos na escrita cuneiforme que supostamente havia sido criada em 700 a.C. na Mesopotâmia continha erros de grafia.
Eis que temos mais um britânico na nossa lista! Eric Hebborn estudou na Academia Real Inglesa de Arte em Londres, mas, assim como aconteceu com Tom Keating — que apareceu no item 1 —, Hebborn não fez muito sucesso com a crítica. Foi então que ele começou a copiar o estilo de inúmeros artistas famosos, entre eles, Van Dyck, Rubens, Raphael, Poussin, Jan Breughel e Corot e criou mais de mil réplicas de quadros e esculturas ao longo de 30 anos.
As falsificações de Hebborn eram simplesmente brilhantes. Segundo revelou em seu livro de memórias, o artista vendeu as obras de arte como se fossem originais — acompanhas da devida documentação falsa, é claro! — para entidades como o Museu Britânico, a National Gallery de Washington e o Royal Museum de Copenhague. Isso sem falar nas grandes casas de leilões que negociaram com suas imitações e os colecionadores privados que adquiriram as peças.
Aparentemente, Hebborn começou a criar as imitações de brincadeira, para rir à custa dos críticos que não deram nenhum crédito aos seus trabalhos. No entanto, o negócio deu certo, e o falsificador ganhou muito dinheiro com ele. Infelizmente, Hebborn também ganhou muitos inimigos e foi assassinado em 1996. No total, cerca de 30 obras falsas foram descobertas, o que significa que ainda existem centenas espalhadas por aí sendo exibidas como autênticas.
Meegeren foi um famoso falsificador holandês que teve que se entregar para evitar uma possível condenação à morte. Tudo aconteceu ao final da Segunda Guerra Mundial, depois que uma obra do pintor Johannes Vermeer foi encontrada entre os itens colecionados por um líder nazista. As autoridades descobriram que Meegeren foi quem havia negociado o quadro.
Moça com o Brinco de Pérola, de Johannes Vermeer
O holandês foi acusado de vender um tesouro nacional e de colaborar com os inimigos e, ao saber que ele poderia ser condenado à pena de morte, Meegeren confessou que o quadro era falso e que ele era quem havia forjado a réplica. No entanto, a cópia era tão perfeita que o falsificador teve que criar novas obras na prisão para provar que ele realmente era culpado pela fraude.
Então! Sabe o Michelangelo, aquele que pintou a Capela Sistina e nos presenteou com obras como a Pietà — que se encontra na Basílica de São Pedro, no Vaticano — e a estátua de David, que hoje está exposta na Galleria dell’Accademia, em Florença?
Pietà
No início de sua carreira como escultor, Michelangelo teria apresentado uma obra sua como sendo uma antiga estátua romana para vendê-la por um preço muito mais alto. Para conseguir que a peça se passasse por algo bem antigo, o artista teria danificado a escultura e, com a ajuda de um comparsa, enterrado a obra para que ela fosse descoberta e todo mundo pensasse que se tratava de uma relíquia.
*Publicado em 16/10/2015