Ciência
10/04/2017 às 07:12•3 min de leitura
Se você curte informações relacionadas a astronomia e a exploração do Universo, então deve saber que, para que a vida (como a conhecemos) possa surgir em outros planetas, é necessário que eles tenham água em sua forma líquida na superfície. Para isso, é essencial que esses mundos se encontrem na zona habitável de suas estrelas e possuam atmosfera — e é por isso que a notícia que vamos contar logo mais é tão importante.
Pela primeira vez, astrônomos detectaram uma atmosfera em um exoplaneta com massa e raio semelhantes aos da Terra. Esse mundo, chamado Gliese 1132b, se encontra a cerca de 39 anos-luz de distância de nós, na constelação de Vela e foi detectado por cientistas do Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT em 2015. Na ocasião, os pesquisadores disseram que o GJ 1132b podia ser o planeta fora do nosso Sistema Solar mais importante já descoberto.
Desde que o exoplaneta foi identificado, os cientistas descobriram várias coisas a respeito dele, como o fato de se tratar de um mundo possivelmente rochoso com 1,6 da massa da Terra e 1,4 de seu tamanho. Os astrônomos também estimaram que ele fica a cerca de 2,25 milhões de quilômetros de distância de sua estrela — uma anã vermelha com o quinto do tamanho do nosso Sol chamada Gliese 1132 —, o que significa que ele se encontra bem pertinho dela.
A dupla Gliese 1132 e GJ 1132b comparada ao Sol e o nosso planeta
Para você ter uma ideia, Mercúrio, o planeta do Sistema Solar mais próximo do Sol, fica a uns 46 milhões de quilômetros de distância da nossa estrela. Pois essa proximidade faz com que o GJ 1132b tenha temperaturas bem calorosas em sua superfície, batendo os tórridos 260 °C.
Mas, voltando à última descoberta sobre o exoplaneta, os astrônomos estavam conduzindo observações sobre esse sistema planetário com o telescópio ESO/MPG, no Chile, quando detectaram uma ligeira redução no brilho da estrela durante um dos trânsitos do GJ 1132b diante dela. Mais precisamente, as observações foram realizadas em sete comprimentos de onda da luz e, em um deles — o do infravermelho —, os cientistas perceberam que o planeta parecia maior.
Ele pode conter água em abundância em sua superfície
Segundo os astrônomos, isso indica a presença de uma atmosfera ao redor do GJ 1132b que aparece opaca nesse comprimento de onda específico, e uma série de simulações sugere que ela poderia ser rica em metano e água. Se os cientistas estiverem certos, é possível que o exoplaneta contenha água em abundância em sua superfície e uma atmosfera composta de vapor quente.
É claro que organismos complexos como os seres humanos não poderiam sobreviver em um ambiente como o que provavelmente existe no GJ 1132b, e os astrônomos nem sequer sabem se há alguma forma de vida — por mais simples que seja — por lá. No entanto, conforme explicaram, a detecção da atmosfera é um grande passo no sentido de ampliar a busca pela existência de vida no cosmos.
Essa não é a primeira vez que os astrônomos descobrem exoplanetas com características parecidas às da Terra e que poderiam ser habitáveis, como foi o caso do Proxima b, em meados do ano passado, e dos mundos do sistema planetário Trappist-1, detectado em fevereiro deste ano. No entanto, os cientistas não identificaram nenhuma atmosfera envolvendo esses astros até agora.
Ilustração que mostra o sistema planetário Trappist-1
Na verdade, os pesquisadores já haviam detectado atmosferas ao redor de gigantes gasosos — semelhantes ao nosso vizinho Júpiter — e superterras com massas várias vezes superiores à do nosso planeta fora do nosso Sistema Solar. Mas o que torna a descoberta de agora tão importante é o fato de a Gliese 1132 ser uma anã vermelha, o tipo de estrela mais comum que existe no Universo.
Esses astros costumam ter planetas orbitando ao seu redor, e são conhecidos por ser bastante ativos, lançando imensas tempestades solares contra seus mundos com frequência. Por conta disso, os cientistas não acreditavam que os planetas próximos a esses sóis pudessem ter atmosferas, já que o constante bombardeamento provocaria a sua destruição. Contudo, a do GJ 1132b parece ter sobrevivido a bilhões de anos de ejeções — e podem existir outros bilhões de exoplanetas como ele pelo cosmos.
Ainda sobre as atmosferas, de momento, uma das principais estratégias utilizadas pelos astrônomos para buscar por sinais de vida em outros planetas é detectar a composição de sua atmosfera, já que desequilíbrios químicos poderiam indicar a atividade orgânica. No caso da Terra, a grande presença de oxigênio é o que sinaliza a presença de seres vivos por aqui — e outros elementos poderiam revelar a existência de outros organismos.
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