Ciência
30/04/2014 às 08:56•2 min de leitura
Os astrônomos da NASA, utilizando os telescópios espaciais WISE e Spitzer, descobriram um objeto estelar mais frio que o Polo Norte. Nomeado como WISE J085510.83-071442.5, o corpo celeste foi classificado como uma estrela anã marrom e fica a cerca de 7,3 anos-luz da Terra.
Além disso, essa não é só a mais fria anã marrom registrada, como também faz parte do quarto sistema estelar mais próximo ao Sistema Solar. As anãs marrons são objetos subestelares que têm cerca de 13 a 80 vezes o tamanho de Júpiter, número que pode até parecer grande, mas ainda não é massa suficiente para iniciar uma reação de fusão
Por essa razão, elas tendem a estar no lado frio e a só liberar luz infravermelha. No entanto, as anãs marrons não são realmente marrons. Calma, vamos explicar. Tudo começa com a anã vermelha, que pode sustentar a fusão nuclear, enquanto uma anã preta é o nome dado às brancas que não podem mais sustentar a fusão e já esfriaram.
Já o nome "anã marrom" foi cunhado porque o nome da cor foi sugerido como sendo o meio termo entre as vermelhas e as pretas. Dessa forma, as anãs marrons são consideradas corpos celestes de baixa luminosidade que não conseguiram iniciar a fusão do hidrogênio em seu núcleo.
A WISE J085510.83-071442.5 é a mais fria das anãs marrons que já foi encontrada, tendo uma temperatura que varia entre -48 a -13 ° C. Segundo a NASA, ela tem de 3 a 10 vezes o tamanho de Júpiter, o que significa que poderia ser um planeta gigante gasoso flutuando no espaço interestelar, mas os cientistas a consideram como uma das menores anãs marrons encontradas, pois os objetos com essa dimensão e classificação são até bastante comuns.
O corpo celeste foi descoberto pela primeira vez pelo telescópio espacial WISE, que é projetado para funcionar na faixa infravermelha do espectro. Uma anã marrom fria, como a WISE J085510.83-071442.5.0, normalmente seria muito difícil de ver, mas estar a apenas 7,3 anos-luz de distância e flutuando no espaço interestelar a destacou, podendo ser detectada.
Estando tão perto também significa que ele parece se mover muito rapidamente, o que chamou a atenção de Kevin Luhman, astrônomo do Pennsylvania State University`s Center for Exoplanets and Habitable Worlds.
"Este objeto parecia se mover muito rápido nos dados fornecidos pela WISE. E isso nos chamou a atenção de que era algo especial", disse Luhman. O cientista combinou os dados da WISE com imagens tiradas pelo telescópio espacial Spitzer — e também o telescópio Gemini South em Cerro Pachon, no Chile —, o que lhe permitiu determinar a temperatura e a distância da estrela anã.
"É muito emocionante descobrir um novo vizinho do nosso sistema solar que está tão perto. E, dada a sua temperatura extrema, deve nos dizer muito sobre as atmosferas de planetas, que muitas vezes têm temperaturas frias semelhantes", concluiu o astrônomo.