Artes/cultura
15/08/2017 às 03:00•3 min de leitura
Apesar de muita gente associar a descoberta dos buracos negros a Albert Einstein — já que sua Teoria da Relatividade prevê sua formação —, a primeira pessoa a usar as equações do gênio alemão para demonstrar que essas estruturas realmente podem se formar no cosmos foi o físico e astrônomo Karl Schwarzschild, conterrâneo de Einstein.
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Schwarzschild conseguiu comprovar a existência de buracos negros em 1915, no mesmo ano em que Einstein publicou a Teoria Geral da Relatividade. Foi a partir dos cálculos dele que surgiu o Raio de Schwarzschild, que se refere à menor medida de quanto seria necessário comprimir um objeto para criar um buraco negro.
No entanto, nenhum dos dois alemães acima — Schwarzschild ou Einstein — foi o primeiro a propor a ideia de que estruturas semelhantes aos buracos existem. No século 18, o cientista britânico John Mitchell previu a existência de “estrelas escuras” incrivelmente massivas e compactas cuja força gravitacional seria tão forte quem nem a luz poderia escapar de sua atração.
Você já deve ter ouvido falar a respeito de pesquisas relacionadas com a existência de outros universos além do nosso, certo? A verdade é que, de momento, não há qualquer prova de que eles se encontram por aí, mas, de acordo com alguns teóricos, se analisarmos o cosmos tal e como ele é atualmente, podemos concluir que ele reúne uma série de condições extremamente propícias para o surgimento de vida.
Astromia
Segundo os físicos, se as condições do nosso Universo fossem alteradas, mesmo que minimamente, nós, terráqueos, não estaríamos agora por aqui. Acontece que as leis-padrão da física não se aplicam na singularidade — ponto localizado no centro dos buracos negros —, e isso poderia, em teoria, alterar as condições do Universo no qual vivemos, dando origem a um novo espaço ligeiramente alterado.
Por certo, se você achou essa ideia meio maluca, saiba que inclusive há quem acredite que o nosso próprio Universo pode ter surgido a partir de um buraco negro. Nesse caso, o Big Bang teria sido o resultado do colapso de uma estrela supermassiva em um universo diferente.
Você deve se lembrar de ter escutado o termo “tecido do espaço-tempo”, não é mesmo? Pois imagine o espaço como uma enorme folha elástica coberta por linhas. Se colocarmos algo sobre essa folha, ela vai ceder um pouco sob o peso do objeto, e, quanto maior e mais massivo for esse corpo, mais a folha elástica deve ceder, certo?
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Além disso, a distorção da folha ainda faria com que as linhas que se encontram desenhadas sobre ela também se deformassem, passando de retinhas e a curvadas. Então! No Universo, os objetos que causam a maior interferência no tecido do espaço-tempo são os buracos negros. Aliás, a curva que se cria sob eles é tão pronunciada que nada, nem mesmo a luz, consegue sair de lá de dentro.
Considerando que os buracos negros “engolem” tudo o que se aproxima demais deles — na verdade, eles não devoram nada, mas atraem com sua gigantesca força gravitacional —, é estranho pensar que eles sejam fábricas de energia supereficientes, muito mais eficientes do que o Sol, por exemplo.
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Entretanto, essa característica tem a ver com o disco de materiais que orbitam ao redor dos buracos negros. Os fragmentos que se encontram mais próximos ao limite interior do horizonte de eventos — ponto do qual não se pode mais escapar das garras dessas estruturas — se movem mais depressa do que os objetos no limite externo do disco, já que a gravidade é mais forte próximo ao horizonte de eventos.
Só que, como esse material todo se move tão rápido, ele se aquece, chegando a atingir alguns bilhões de graus. Isso, por sua vez, faz com que a massa dos fragmentos se transforme em energia. Para que você tenha uma ideia, a fusão nuclear é capaz de converter cerca de 0,7% da massa de um objeto em energia. Próximo a um buraco negro, essa taxa é de aproximadamente 10%.
Como você sabe, o centro de um buraco negro é composto por material incrivelmente denso — e é isso que dá a essa estrutura uma de suas características mais notórias: o forte campo gravitacional capaz de capturar tudo, inclusive a luz.
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Até onde sabemos, os buracos negros se formam a partir do colapso de estrelas supermassivas — com massas entre 20 e 30 vezes superiores à do Sol. Entretanto, teoricamente, qualquer objeto poderia ser convertido em um buraco negro. Para isso, bastaria compactar sua massa em um ponto muito pequeno.
Assim, no caso do Sol — que é nada menos do que 332.900 vezes maior que a Terra —, se conseguíssemos “espremê-lo” de forma que ele ficasse com um diâmetro de cerca de 6 quilômetros, a nossa estrela se tornaria incrivelmente densa e se converteria em um buraco negro. A mesma teoria pode ser aplicada a qualquer coisa, incluindo os nossos corpos!
*Publicado em 30/05/2016