Ciência
27/11/2013 às 13:38•2 min de leitura
A busca pela juventude é algo buscado incessantemente por cientistas e pelas pessoas que recorrem a tratamentos vitamínicos, estéticos e cirúrgicos mais radicais todos os dias em todo o mundo. No entanto, será que um dia teremos uma forma realmente válida de estender a vida no período mais jovem?
Em 2011, durante uma apresentação no TED, a bióloga molecular Cynthia Kenyon revelou a descoberta de uma mutação genética simples, que pode dobrar o tempo de vida de um verme minúsculo que tem um ciclo vital curto, o C. elegans.
As revelações levaram a uma revolução na compreensão do processo de envelhecimento, vislumbrando a possibilidade de estendermos significativamente a vida humana jovem com uma alteração em um gene específico para isso. Em março deste ano, Cynthia falou mais um pouco sobre a descoberta e os estudos seguintes sobre o assunto em uma entrevista ao The Guardian.
Para chegar aos resultados de sua descoberta, Cynthia teve anos de pesquisa em seu laboratório na Universidade de San Francisco no início dos anos 1990. Ela contou com a ajuda do então estudante Ramon Tabtiang e, juntos, conseguiram um grande avanço nos estudos com os vermes.
Eles descobriram que a desativação parcial de um único gene, chamado daf-2, fez com que os vermes vivessem o dobro do tempo normal de seu ciclo de vida. Além de tudo, os vermes pareciam ser saudáveis até o fim. O daf-2 codifica um receptor de hormônio (similar à insulina) e um hormônio de crescimento chamado IGF-1, que aceleram o envelhecimento.
Cynhtia em seu laboratório Fonte da imagem: Reprodução/The Guardian
A ideia de que o envelhecimento poderia ser controlado foi completamente inesperada na comunidade científica e Cynthia contou ao The Guardian como se sentiu na época: "Foi muito profundo, porque você olha para estes vermes e os normais estão morrendo, enquanto os mutantes (com a mesma idade) estão jovens e você pensa: `Oh meu Deus, eles deveriam estar mortos também’. Foi como encontrar algo que não deve existir. Faz seu cabelo ficar de pé".
Porém, logo outro pensamento lhe veio à cabeça: "Talvez eu poderia ser aquele verme de vida longa", disse ela.
As experiências de Cynthia vislumbraram o efeito de enfraquecer a atividade do daf-2, o que desencadeia uma sequência de eventos dentro da célula, incluindo a ativação de um segundo gene, o FOXO. Este, por sua vez, liga ou desliga toda uma série de outros genes.
O efeito cascata é de longo alcance, como uma mudança de estado. "É como ir do estado sólido para o líquido. Agora, em vez de expressar o repertório natural dos genes, ele renova e faz um trabalho melhor de proteger e reparar os tecidos, fazendo viver mais tempo”, explica ela ao The Guardian.
Para aqueles que duvidam da relevância para os seres humanos, Kenyon aponta para estudos que mostram que as pessoas que vivem até os 100 são mais propensas a terem mutações no gene daf-2. Há também variantes no gene FOXO que são mais frequentes entre as pessoas que vivem até os 100 anos de idade.
Depois de mais de três décadas trabalhando com seus vermes microscópicos, o último grande esforço de Cynthia em sua carreira é o de tentar levar as descobertas ao nível humano. “Esse é o meu sonho”, diz ela, comentando que os resultados serão anunciados em breve com uma nova droga que prolonga a vida em camundongos e ela está buscando criar o mesmo para seres humanos.
"Estamos tentando criar drogas que as pessoas poderiam tomar para torná-las resistentes a doenças, mais jovens e saudáveis. Eventualmente vamos conseguir", afirma a bióloga que acredita que, em um futuro não muito distante, a vida humana poderá se estender tranquilamente até os 150 anos.