Estilo de vida
05/04/2014 às 04:19•2 min de leitura
Nos Estados Unidos, diversos criadores de abelhas notificaram cientistas e especialistas que as suas abelhas estavam morrendo misteriosamente, sem causas aparente. Inúmeras colmeias do país foram completamente extintas em somente seis anos (estima-se que mais de 10 milhões de colmeias desapareceram), ocasionando um prejuízo de milhões de dólares. Desde então (e com o crescente aumento desse drástico número), pesquisas têm sido realizadas para descobrir as razões de tais fenômenos.
Será que é culpa do tempo? Dos pesticidas? Parasitas específicos? Pois bem, cientistas da Universidade de Maryland e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos realizaram as mais diversas pesquisas para identificar as origens da CCD ("Colony Collapse Disorder", ou Doença do Colapso das Colônias, em tradução literal). Os estudos identificaram um tipo de fermentação originado por pesticidas e fungicidas de pólens coletados para alimentar as colmeias das abelhas.
Fonte da imagem: Reprodução/Tree Hugger
Contudo, apesar de ser algo bastante significativo de saber, esse fator não é capaz de explicar por que as colmeias morrem inteiras e rapidamente depois de serem contaminadas pelo CCD – parece ter algum fator extra no processo. Os cientistas do estudo coletaram diferentes tipos de pólen da região oeste do dos Estados Unidos e alimentaram as abelhas com esses itens. As abelhas alimentadas apresentaram uma queda drástica na capacidade de resistir ao parasita tido como causa da CCD.
Além disso, o pólen que elas consumiram tinha em média porcentagens de nove ou dez pesticidas diferentes – uma das amostras continha o impressionante número de 21 agentes químicos para preservação. Com o estudo, os cientistas perceberam que as abelhas que ingeriam o pólen com pesticidas e fungicidas tinham três vezes maior pré-disposição para ser infectadas pelo vírus da CCD.
De acordo com as pesquisas, por mais que os fungicidas sejam teoricamente inofensivos às abelhas, eles atuam fortemente no pólen, que por sua vez é consumido pelas abelhas e faz com que elas fiquem significativamente mais fracas aos parasitas do vírus CCD – uma reação em cadeia. O empecilho dos especialistas é que não estamos falando aqui de um único pesticida que pode ser combatido, porém de combinações e de sobreposições de vários agentes químicos que são lançados nas plantações e que ocasionam o efeito fatal para as abelhas.
Apesar de o problema parecer simples no quadro geral, ele é muito mais complexo por não haver soluções imediatas que possam ser realizadas. Por exemplo, quais são os componentes dos pesticidas e fungicidas que podem ser utilizados e como minimizar os efeitos deles sem prejudicar as plantações? É claro que uma agricultura mais orgânica seria uma das possíveis soluções, porém isso não é viável para o mercado de massa que o sistema se tornou.
Mais estudos serão realizados nos próximos meses para tentar salvar as colmeias americanas. Para termos noção, as abelhas estão diminuindo tanto no país que 60% desses insetos são necessários para polinizar as culturas da Califórnia – e quando pensamos que esse é um mercado mundial e de bilhões de dólares, os riscos e prejuízos são bem altos. Desse jeito, o mel pode ficar consideravelmente mais caro, assim como outros alimentos que derivam dele.