Sabia que você tem vários aracnídeos vivendo no seu rosto?

27/03/2019 às 07:003 min de leitura

Talvez você não saiba essa informação, mas na pele desse seu rostinho bonito podem viver vários minúsculos aracnídeos. Porém, antes que você comece a estapear a sua cara desesperadamente para matá-los, saiba também que esses bichinhos são inofensivos e convivem com os humanos harmoniosamente há milhares de anos.

Em nossos poros, existem pelo menos duas espécies desses aracnídeos, que são ácaros, microscópicos: o Demodex folliculorum e o Demodex brevis. De acordo com o Live Science, os ácaros (que, sim, são parentes das aranhas e dos carrapatos) do tipo Demodex vivem dentro da pele de mamíferos, incluindo os seres humanos.

Geralmente, esses ácaros vivem uma coexistência benigna com os seus anfitriões. Mas se esse delicado equilíbrio for perturbado, ele pode causar condições como a sarna dos cães e até doenças de pele como a rosácea e a blefarite (inflamação das pálpebras) em seres humanos devido a uma “superpopulação” de Demodex.

Há que se esclarecer que o cravo de pele não é o aracnídeo propriamente dito (pois ele é microscópico), mas o processo inflamatório pode ser piorado ou desencadeado pela presença dele.

A fim de investigar melhor como agem esses aracnídeos da pele, cientistas do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte e da Academia de Ciências da Califórnia acabaram de publicar um estudo (no PLOS One) que revela algumas verdades antes desconhecidas em relação a estes ácaros. Confira abaixo:

1 – Toda pessoa tem ácaros

De acordo com os pesquisadores, uma das descobertas mais incríveis é que estes ácaros vivem em todas as pessoas. Mas isso nem sempre foi evidente, porque era difícil encontrar um ácaro microscópico vivo no rosto de alguém.

Os métodos de amostragem tradicionais (incluindo raspagem ou a técnica de puxar um pedaço de fita adesiva do rosto) só conseguem “capturar” ácaros em 10 a 25% dos adultos. Porém, apesar de os bichinhos não estarem presentes em todas as amostras pesquisadas (retiradas de 253 pessoas), o DNA deles está lá.

Dan Fergus, biólogo molecular do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, descobriu que o DNA do ácaro pode ser sequenciado a partir da raspagem da pele do rosto, independente de um aracnídeo ser encontrado na amostra.  E o DNA dos ácaros foi encontrado em todos os adultos estudados pela equipe.  

2 – Humanos abrigam duas espécies de ácaros

Um dos mais intrigantes (e não resolvidos) mistérios dos ácaros do rosto é a forma como os seres humanos adquiriram esses parasitas. Segundo os pesquisadores, é provável que eles sejam um sistema modelo de coevolução.

Para os cientistas, conforme as espécies de mamíferos evoluíram, seus ácaros também passaram por uma evolução, cada qual particularmente adaptado aos seus arredores alterados. Nesse caso, seria possível presumir que nós adquirimos os bichinhos de nossos ancestrais símios, além de que as duas espécies encontradas em nosso rosto atualmente seriam mais estreitamente relacionadas entre si do que qualquer outra espécie de ácaro.

No entanto, é de conhecimento científico que essas duas espécies que citamos no início do artigo (Demodex folliculorum e o Demodex brevis) não são realmente parentes muito próximos. As análises dos pesquisadores mostraram que o brevis é mais estreitamente relacionado aos ácaros caninos do que o folliculorum.

Segundo os estudiosos, esse resultado é interessante porque mostra que os seres humanos adquiriram cada uma dessas espécies de ácaros de diferentes maneiras, revelando ainda que há duas histórias separadas de como cada uma delas foi parar no nosso rosto.

Embora eles ainda não tenham provas suficientes para afirmar que os humanos tenham ácaros de cães, parece possível que uma das espécies de animais domésticos que nos acompanham há séculos (sejam cães, cabras ou outros) pode ter nos presenteado com seus ácaros.

3 – Os ácaros e as populações humanas

undefinedDemodex folliculorum

De acordo com os pesquisadores, a forma como nós adquirimos esses ácaros é apenas uma parte da história. Eles também estavam curiosos sobre como as espécies de ácaros encontradas em nosso rosto têm evoluído desde que se tornaram nossas companheiras constantes.

Os ácaros Demodex provavelmente vivem conosco por um longo tempo e, por isso, eles queriam saber se o DNA deles poderia fornecer um reflexo da nossa própria história evolutiva, permitindo refazer as trajetórias antigas da migração humana.

Assim, ao observar o DNA de uma das espécies (Demodex brevis), os cientistas descobriram que os ácaros da China eram geneticamente distintos dos ácaros das Américas. Leste-asiáticos e populações europeias divergiram mais de 40 mil anos atrás e até agora parece que seus ácaros também o fizeram.

Por outro lado, não há como diferenciar o Demodex folliculorum da China do das Américas. Os pesquisadores descobriram que a espécie que existe na maior quantidade de etnias é a folliculorum. Porém, a pesquisa ainda exige a análise de amostra de pessoas de muitas outras partes do mundo, a fim de mostrar a jornada do Homo sapiens recontada por ácaros.

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