Ciência
06/10/2014 às 05:37•2 min de leitura
O que imediatamente você pensa quando a palavra "micróbio" vem à sua mente? Doenças? Pois é exatamente a isso que muita gente a associa, através de vírus, bactérias, fungos e algas. Mas você sabia que os micróbios também são essenciais para a nossa sobrevivência e desempenham um papel importante no planeta?
Foi pensando nessa importância de conscientização que foi aberto o primeiro zoológico de micróbios interativo do mundo. Ele fica localizado em Amsterdam (ao lado do Amsterdam's Artis Royal Zoo) e apresenta para o público essas pequenas criaturas que compõem dois terços de toda a matéria viva do mundo.
Para que tudo isso fosse possível, foram investidos cerca de US$ 13 milhões. A ideia veio do diretor do zoológico, Haig Balian, que resolveu expor uma variedade de micróbios que vivem no local há 12 anos. "Zoológicos tradicionalmente tendem a mostrar apenas uma pequena parte da natureza, ou seja, os animais de maior porte", disse ele.
"Agora queremos apresentar a micronatureza", concluiu Balian, que acredita que a importância dos micróbios em nosso dia a dia tem sido subestimada e não levada a sério há muitos anos, desde que o cientista holandês Antonie van Leeuwehok observou essas criaturas microscópicas no século 17.
O zoológico (que também pode ser um museu, tudo depende do seu ponto de vista) parece também um grande laboratório, com fileiras de microscópios conectados a telas de televisão gigantes para que os visitantes possam observar e ter noção de tudo o que acontece com essas criaturas até então bastante desconhecidas.
Os visitantes podem olhar através de uma janela em um laboratório no qual diferentes tipos de micróbios são reproduzidos em placas de Petri e tubos de ensaio. Eles também podem assistir à reprodução das criaturas em um microscópio 3D especialmente projetado e construído para o zoológico.
Quando as pessoas entram em um elevador e olham para cima, vão se deparar com um vídeo em zoom no olho de uma pessoa, revelando os ácaros minúsculos que vivem em nossos cílios. A câmera então amplia bactérias sobre o ácaro e, finalmente, os vírus sobre as bactérias apresentadas. Tudo muito interessante.
Além de tudo isso, é possível ver, em uma maquete gigante, como é o vírus Ebola que está devastando a África Ocidental. Um scanner pode dizer imediatamente quantos micróbios vivem no corpo do visitante e, quem se ousar mais, pode experimentar o "Kiss-o-Meter", que vai dizer quantos micróbios são transferidos em um beijo.
"Os micróbios estão por toda parte. Por isso são necessários microbiologistas para trabalhar em todos os setores: hospitais, produção de alimentos, indústria petrolífera e farmacêutica, por exemplo", explica Balian. Eles já são usados para produzir biocombustíveis, desenvolver novos tipos de antibióticos e melhorar a produtividade das culturas.
Experimentos têm mostrado o seu futuro potencial para tudo, desde a geração de eletricidade para reforçar as bases de construção e até mesmo para a cura do câncer. "Se deixar a ciência da microbiologia no escuro, para apenas alguns especialistas, o interesse por ela nunca vai se desenvolver", disse o diretor do zoológico.
"Você sabia que, por exemplo, existem 700 espécies de micróbios que vivem em sua boca? Ou 80 tipos de fungos em seu calcanhar? E que o corpo humano adulto carrega cerca de um quilo e meio de micróbios e nós morreríamos sem eles?", Balian perguntou com um sorriso no rosto.
"Queremos mostrar aos visitantes como tudo na natureza está interligado e como fundamentalmente os micróbios fazem parte dessa conexão. Uma visita ao zoológico mudará para sempre a maneira como você vê o mundo", concluiu Haig Balian. Então, para quem tiver a oportunidade, vale a pena o passeio.