Esportes
09/02/2015 às 07:16•3 min de leitura
Diferentes e até meio estranhas, as trufas são ilustres desconhecidas para muita gente. Não, não estamos falando do chocolate que recebe o mesmo nome, e sim do fungo que nasce sob a terra. Elas podem ser encontradas em três tipos: a trufa branca, a trufa negra e a trufa de verão, e uma das diversas semelhanças entre elas é o preço exorbitante.
Quem tem a oportunidade de ficar frente a frente com esse alimento — e de saboreá-lo, principalmente — relata que o cheiro e o gosto são muito agradáveis. Porém, não são muitos que conseguem essa façanha, visto que uma das suas maiores características é o valor alto e nem todos têm a oportunidade de pagar o que se cobra por ele.
No começo de dezembro de 2014, a Sotheby — empresa que realiza leilões no mundo todo — vendeu uma trufa branca tida como a maior do mundo. O licitante foi um chinês que não se identificou. Ele pagou a bagatela de 61.250 dólares. E olha que esse valor foi considerado uma pechincha, já que as chuvas do ano passado renderam uma grande safra.
E você sabe por que as trufas são tão caras desse jeito? Muita gente não tem ideia e, para explicar melhor, o pessoal do mental_floss foi conversar com Vittorio Giordano, vice-presidente da Urbani Truffles USA, empresa responsável por caçar trufas (esse realmente é o termo usado, em vez de coletar ou colher) e distribui-las aos estabelecimentos.
"As trufas são um produto selvagem, natural. Não é algo que se pode cultivar ou controlar", explicou Giordano. Ele também comentou que as pessoas têm tentado, há muito tempo, fazer suas fazendas de trufas. Embora os Estados Unidos e a Austrália usem bastante tecnologia para isso, o plantio não teve sucesso e raramente resulta em produtos bons.
Hoje em dia, existem cerca de 18 mil pessoas trabalhando para a Urbani em todo o território italiano. O caçador de trufa entra na mata e normalmente usa um cão para farejar o lugar onde o alimento se esconde. E isso não é tarefa fácil. São necessários vários funcionários para se conseguir uma quantidade suficiente para a distribuição.
Tudo isso porque uma única pessoa consegue uma quantidade bem pequena, menos de 100 gramas. Por isso, a empresa precisa contratar muita gente para trabalhar nessa tarefa, a fim de ter o suficiente para poder vender para restaurantes e distribuidores. E tudo precisa ser feito muito rápido para que o alimento não perca suas características.
Assim que a trufa é desenterrada, uma parte dela é colocada de novo no solo para que possa se reproduzir novamente. E a corrida começa depois disso, já que o alimento imediatamente começa a perder água por evaporação. A empresa não poupa esforços — e dinheiro — para que ela chegue em ótimas condições ao prato do consumidor.
Como foi dito, os caçadores usam um cão para farejar as trufas (já que o cheiro delas é bem forte). Mas nem sempre foi assim. Antigamente, as pessoas usavam porcas para procurar o alimento. Isso porque, para a fêmea, as trufas exalam um odor semelhante à testosterona e elas conseguem encontrá-las muito mais fácil e bem mais rápido.
"Mas existe um problema: os porcos comem as trufas. Eles acham o produto e não querem dá-los de volta", disse Giordano. Para resolver esse problema — e também porque o uso de suínos foi proibido desde 1985 porque eles danificavam as camas de trufas —, os cachorros foram treinados para farejar o alimento com mais precisão. E deu certo.
Giordano contou que as trufas têm que chegar aos restaurantes e distribuidores em menos de 36 horas depois da colheita feita na Itália, não importa em que lugar esteja o solicitante. E não é preciso dizer que todos esses motivos somados contribuem para que o valor da trufa seja tão alto, já que o trabalho é pesado e os gastos são inúmeros.
"As trufas pretas, a variedade mais comum, atualmente custam cerca de 95 dólares por onça [cada onça equivale a 28 gramas], enquanto as brancas estão no topo, com o valor de 168 dólares pela mesma quantidade", ele conclui. Então, da próxima vez que você vir esse alimento no cardápio de um restaurante, não precisa se assustar. Ninguém errou o preço.