Artes/cultura
12/02/2019 às 08:00•2 min de leitura
Mudanças bruscas de personalidade e comportamento, agressividade, aversão a objetos religiosos, alteração no tom de voz e manifestação de uma força sobre-humana: estes são alguns dos sintomas que uma pessoa possuída pode demonstrar.
Explorando o interesse no sobrenatural, o cinema sempre soube como utilizar o tema em suas produções, como em “Invocação do Mal 2”, “O Exorcismo de Emily Rose” e o clássico “O Exorcista”, de 1973.
Enquanto a dramaturgia usa o estereótipo de uma garota – aparentemente – indefesa emitindo uma voz grave e um vocabulário esdrúxulo para causar temor e, de certa forma, comprovar a possessão demoníaca, centenas de céticos buscam quebrar este tabu, usando a ciência para explicar tais fenômenos.
O Exorcista
Quer um exemplo? Em uma busca rápida pelo YouTube, você consegue encontrar os áudios originais de Janet, a garota do “poltergeist de Enfield” que serviu de inspiração para a obra “Invocação do Mal”. Ela afirma ser possuída pelo espírito de Bill Wilkins, um idoso que faleceu na casa. É inegável a mudança drástica no tom de voz da garota, porém, ao analisarem os áudios, vários especialistas afirmaram que, apesar da voz grave e áspera, o vocabulário continuava sendo o de uma criança.
Janet
A alegação é de que Janet usava suas falsas pregas vocais, as pregas vestibulares, para emitir estes sons, mas vamos explicar isso com mais calma.
Na sua laringe, existe um par de pregas vocais, que algumas pessoas chamam de cordas vocais. Com a pressão do ar que vem do seu pulmão, as pregas vibram e produzem sons, que são modificados de acordo com a articulação da boca. A amplificação fica por conta da sua caixa de ressonância, que é formada por laringe, faringe, boca e nariz.
Enquanto respiramos, as pregas vocais ficam separadas, formando um triângulo. No momento da fonação, ou seja, quando vamos falar, elas se aproximam e vibram.
Conheça as suas pregas vocais
Mas o que são as falsas pregas vocais? Biologicamente, esta estrutura exerce uma função de proteção e não costuma participar da fonação. Então, qual é a relação desse mecanismo com a mudança de voz?
Vamos voltar na história: há mais de 4 mil anos, técnicas de canto gutural, também chamado de “difónico”, possibilitam à voz humana executar mais de três sons distintos e independentes. Esta prática usa as falsas pregas vocais para emitir a voz em frequências bem diferentes da habitual.
Se você curte metal, deve conhecer bem esta técnica. Todos nós podemos desenvolver esta habilidade, mas não treine sozinho em casa! Se você gosta do gutural, procure um especialista e respeite os seus limites vocais, ok?
Agora que você viu como nós somos capazes de mudar a nossa voz, acha que esse seria o truque de Janet? Será que a menina dominava a técnica tão bem a ponto de enganar todo mundo?
Alguns acreditam que sim, porém existe o outro lado: na voz falada em fonação gutural, a intensidade sonora é pequena e, por isso, são necessárias técnicas vocais de canto para aumentar o volume.
Além disso, sem a preparação adequada, utilizar as falsas pregas vocais por um período maior do que alguns minutos pode trazer sérios prejuízos para o aparelho fonador. Os registros apontam que a garota chegou a emitir esta voz por horas e, mesmo assim, nunca teve a sua voz original afetada.
Mesmo que o caso tenho acontecido há quase 40 anos, as pessoas ainda buscam explicações sobre o que ocorreu com Janet.
Mistério ou farsa? Conte para a gente qual é a sua opinião!