Ciência
22/11/2017 às 12:38•2 min de leitura
Conforme já comentamos aqui no Mega Curioso, a Terra gira sobre o próprio eixo a uma velocidade de quase 1,7 mil quilômetros por hora. Entretanto, periodicamente, essa velocidade sofre variações, tornando-se mais lenta de tempos em tempos. Pois, de acordo com Robin McKie, do The Guardian, um desses lapsos deve ocorrer em 2018, e as consequências disso — embora não sejam tão cataclísmicas como as que se dariam se o nosso planeta parasse de girar de repente! — podem ser dramáticas.
Isso porque um grupo de cientistas encontrou uma relação entre a diminuição na velocidade de rotação da Terra e o aumento na ocorrência de terremotos pelo mundo. Os pesquisadores descobriram essa interessante ligação depois de identificar os períodos em que o nosso planeta apresentou uma rotação mais lenta e perceber que eles coincidiam com um maior número de sismos.
Segundo Tia Ghose, do site Live Science, basicamente, o que acontece é que quando a velocidade de rotação do nosso planeta diminui, a região do equador acaba “encolhendo” um pouquinho. Com isso, as regiões nas quais os limites das placas tectônicas se encontram acabam recebendo uma dose extra de pressão — e esses locais normalmente já são submetidos a um estresse constante e marcam os pontos onde é mais provável detectar tremores de terra.
É importante esclarecer que a diminuição na velocidade de rotação da Terra é diminuta e imperceptível para nós, terráqueos, uma vez que ela é da ordem de míseros milissegundos por dia. Entretanto, essa redução pode ser medida por meio de relógios atômicos e durar entre cinco e sete anos. Mas, mesmo sendo mínima, como a massa do nosso planeta e sua inércia são tão imensas, não é necessário que a variação seja grande para que ocorra uma mudança no estresse presente entre as placas tectônicas.
Durante os levantamentos, os cientistas analisaram todos os sismos com magnitude igual ou superior a 7 que ocorreram no mundo desde o ano de 1900. Eles descobriram que, em média, foram registrados 15 grandes tremores por ano ao longo do século. Entretanto, avaliando as ocorrências isoladamente, os pesquisadores perceberam que determinados períodos tiveram entre 25 e 35 terremotos de grande magnitude anuais, e que essa incidência mais alta que a média se estendeu entre cinco e sete anos.
Com relação ao que leva a rotação da Terra ficar mais lenta, os cientistas explicaram que fatores como as correntes oceânicas, o fluxo do núcleo do planeta e até eventos climáticos como o El Niño podem exercer influência sobre a velocidade com a qual o nosso planeta gira sobre o próprio eixo.
Terremotos poderão ser mais frequentes nos próximos anos (The Guardian/Anadolu Agency/Getty Images)
Já sobre a importância da descoberta dessa — aparente — relação, os pesquisadores disseram que ainda não é possível determinar onde, exatamente, os terremotos vão acontecer, exceto que eles devem atingir as áreas próximas aos locais nos quais as placas se encontram. Mas esse conhecimento pode ser útil para a prevenção de desastres, visto que é possível determinar quanto tempo os períodos de atividade mais intensa devem durar e tomar medidas para minimizar prejuízos e a perda de vidas.