Estilo de vida
20/12/2017 às 07:37•3 min de leitura
Como todo mundo sabe, Marte é um dos nossos vizinhos mais próximos, ficando entre 54,6 milhões e 401 milhões de quilômetros de distância da Terra, dependendo de onde ele se encontra em sua órbita ao redor do Sol. Pois o consenso entre os cientistas é o de que o Planeta Vermelho e o nosso se formaram mais ou menos na mesma região do Sistema Solar quando ele ainda era jovenzinho — só que existe um probleminha com essa teoria: se esse foi o caso, como explicar que os dois mundos tenham composições tão diferentes?
De acordo com as estimativas, a massa de Marte corresponde a 11% da massa da Terra e, até onde se sabe, o núcleo do nosso vizinho é composto por silicatos mais leves do que os que formam o do nosso planeta. Com isso mente, um time de cientistas decidiu fazer uma porção de levantamentos e simulações e propôs uma nova teoria sobre a formação do Planeta Vermelho.
Segundo os pesquisadores — do Japão, Reino Unido e Estados Unidos —, a composição de Marte faz dele mais parecido com um meteorito do que com o nosso planeta, sugerindo que ele se formou em condições diferentes às da Terra. Sendo assim, os cientistas acreditam que ele pode ter se formado no cinturão de asteroides que existe entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Modelo planetário da nossa vizinhança (Astrobiology Magazine/NASA/JLP)
Essa teoria, por sinal, é consistente com um modelo conhecido como Grand Tack — que propõe que, nos primórdios do Sistema Solar, Júpiter estava migrando para regiões mais próximas do Sol até ser “capturado” pela força gravitacional de Saturno e ser “puxado” até ficar mais ou menos na posição em que ele se encontra atualmente.
Só que essa movimentação toda não afetou apenas a órbita de Júpiter — o maior planeta da nossa vizinhança na galáxia —, senão que teve enorme influência na formação final e estabelecimento das órbitas dos planetas que ficam mais próximos do Sol. Então, segundo a nova teoria, foi aí que Marte, que supostamente teria se formado no cinturão de asteroides e “morava” feliz por ali, foi empurrado até a posição que ele ocupa hoje.
Para os pesquisadores envolvidos no estudo, apesar de essa teoria sobre a formação — e mudança de endereço — de Marte parecer pouco provável, após a realização das simulações e cálculos, essa foi a melhor explicação que eles encontraram entre os demais modelos possíveis.
Algo interessante a se considerar com relação à teoria é que, se Marte realmente se encontrava em uma posição mais distante do Sol com relação à que ele se encontra hoje, isso significa que o Planeta Vermelho era mais frio do que se pensava. Aliás, é inclusive possível que sua superfície fosse fria demais para abrigar água em seu estado líquido — pelo menos nos primórdios de sua formação.
Cinturão de asteroides (Space Facts/Laurine Moreau)
Apesar de essas ideias aparentemente contradizerem a noção de que o Planeta Vermelho já foi muito mais cálido e que possivelmente existiam oceanos e rios correndo por seu terreno, os cientistas explicaram que, ao longo de bilhões de anos, houve tempo suficiente para que Marte se “aquecesse” e se tornasse mais úmido.
Conforme teorizam os pesquisadores, já nos estágios finais de formação planetária, Marte teria sido bombardeado por milhares de asteroides, que deram origem às incontáveis crateras que existem em sua superfície. Só que, segundo os cientistas, esses impactos todos teriam levado ao derretimento da criosfera marciana — isto é, da camada permanente de gelo que cobria o planeta —, tornado sua atmosfera mais densa e desencadeando o início de ciclos hidrológicos por lá.