Ciência
20/12/2017 às 14:29•2 min de leitura
Você deve se recordar das aulas de História no colégio sobre a Rota da Seda, certo? Ela consistiu em uma rede de vias interligadas que se espalhavam pelo sul da Ásia e eram usadas para o transporte de mercancias — entre elas, especiarias, chá, perfumes, pedras preciosas, tecidos e, evidentemente, seda — entre o Oriente e a Europa.
Essas rotas provavelmente surgiram por volta do século 8 a.C. e, apesar de seu uso começar a cair em declínio por volta do século 15, com a descoberta do caminho marítimo entre a China e a Índia, os caminhos continuaram sendo usados até o comecinho do século 18.
Rota da Seda (Wikimedia Commons/NASA/Goddard Space Flight Center)
Pois durante esses séculos todos de comércio e circulação de caravanas entre ocidente e oriente, inúmeros postos, fortificações e cidades foram sendo fundados ao longo do caminho — e agora, com a ajuda de levantamentos realizados por satélites espiões e outras tecnologias, as ruínas desses lugares estão sendo redescobertas pelos arqueólogos. Legal, né?
De acordo com Andrew Lawler, do site Science, os arqueólogos estimam que existam dezenas de milhares de sítios espalhados pela rota da seda, uma vez que, no auge de seu uso, havia locais que podiam abrigar caravanas compostas por centenas de pessoas e animais a cada 20 quilômetros, mais ou menos, que era a distância aproximada que esses grupos costumavam viajar em um dia.
Caravançarai do século 17 identificado no Afeganistão (Science/Digitalglobe Inc.)
As rotas, como mencionamos no começo da matéria, consistiam em uma extensa rede de estradas, e partiam desde o Japão e a Coreia até chegar ao Mar Mediterrâneo. Segundo Andrew, o “meio do caminho” ficava no centro da Ásia, em uma região que hoje corresponde ao território do Afeganistão — que, você há de concordar, não é o local mais seguro do mundo para os arqueólogos montarem acampamento.
No entanto, o comércio através da Rota da Seda fez com que a região florescesse economicamente e, de acordo com os registros históricos, vários impérios surgiram por ali, portanto, é certo que existem muitas coisas legais para serem encontradas. É aqui que entram os levantamentos realizados por satélites espiões (e comerciais também), drones e outros equipamentos. Por não ser seguro viajar até o Afeganistão, os arqueólogos começaram a vasculhar décadas de levantamentos e a identificar ruínas abandonadas.
Antiga cidade murada de Sar-O-Tar, construída nos primeiros séculos da Era Cristã (Science/Digitalglobe Inc.)
Entre as estruturas identificadas até agora se encontram redes de canais subterrâneos que provavelmente eram usados na irrigação de cultivos, assim como enormes caravançarais — que eram os locais que recebiam as caravanas — e templos religiosos. A análise das imagens deve prosseguir e o objetivo dos cientistas é o de descobrir o maior número possível de sítios para que eles possam ser catalogados, devidamente estudados e protegidos.