Ciência
19/02/2018 às 07:42•2 min de leitura
Recentemente, nós do Mega Curioso compartilhamos por aqui a notícia de que um time de arqueólogos havia descoberto mais de 60 mil construções maias ocultas em meio às densas florestas da Guatemala. Para isso, a equipe fez uso de uma tecnologia conhecida como LiDAR que, resumidamente, consiste na emissão de pulsos de laser a partir de aeronaves sobre determinadas áreas para criação de mapas topográficos tridimensionais que, por sua vez, podem revelar a existência de estruturas “invisíveis” sob a vegetação ou camadas de sedimentos.
Pois, de acordo com Nicola Davis, do portal de notícias The Guardian, a mesma tecnologia foi usada novamente — desta vez no México — e permitiu que os cientistas descobrissem a verdadeira escala de uma antiga cidade chamada Angamuco construída pela civilização Purépecha, cujos descendentes ainda habitam a região de Michoacán.
(The Guardian/C. Fisher)
Os Purépecha, embora sejam menos conhecidos, coexistiram com os astecas e construíram um importante império. Sua capital se chamava Tzintzuntzan, e essa cultura floresceu na região ocidental do México antes da chegada dos conquistadores europeus por aquelas terras, no século 16.
Segundo Nicola, os levantamentos foram conduzidos em uma área que foi escavada há cerca de 10 anos, quando a antiga cidade foi descoberta, em 2007. Na época, os arqueólogos levaram um tempão para escavar cerca de dois quilômetros quadrados de ruínas e, alguns anos depois, levantamentos feitos na região apontaram que a localidade ocupava 13 quilômetros quadrados.
(The Guardian/C. Fisher)
Só que o mapeamento conduzido agora com o uso do LiDAR revelou que, na verdade, Angamuco se espalhava por 26 quilômetros quadrados e contava com uma densidade de aproximadamente 1,5 mil edifícios por km2. Isso significa que a cidade tinha por volta de 40 mil estruturas construídas no total — ou o equivalente ao que existe hoje em Manhattan, em Nova York — e abrigava um número estimado em 100 mil habitantes.
Fragmentos de cerâmica encontrados por times que foram enviados até a antiga cidade para escavar o sítio foram submetidos à datação por radiocarbono e os resultados apontaram que eles são do ano 900, mais ou menos. No entanto, os arqueólogos responsáveis pelo mapeamento explicaram que Angamuco viveu o seu ápice entre os anos 1000 e 1350, aproximadamente, e foi a maior cidade da região (até que outra descoberta lhe roube o título, claro).
(The Guardian/C. Fisher)
Além disso, os cientistas descobriram que ela contava com uma distribuição diferente do convencional. Isso porque, enquanto outras cidades construídas pelos antigos povos que ocupavam o México costumavam erguer templos, praças e pirâmides nos centros urbanos, em Angamuco esses edifícios se concentram mais nos arredores da localidade.
Entre as estruturas identificadas até o momento, os arqueólogos listaram residências, poços, canais de irrigação, pelo menos 10 complexos de praças, jardins, salões para a realização de reuniões públicas, locais aparentemente usados para a agricultura e sistemas de estradas. Enquanto os levantamentos na região continuam, parece que o uso do LiDAR veio para ficar — e, ao que tudo indica, ainda revelará muitos segredos sobre antigas civilizações sem que ninguém tenha que empregar métodos invasivos para desenterrar o passado.