Artes/cultura
05/06/2018 às 09:00•2 min de leitura
Admita: em algum ponto da infância você assistiu à dobradinha "Volcano" + "Inferno de Dante" e aí cresceu achando que sabia tudo sobre esses misteriosos montes cuspidores de lava. Confusões mentais sobre os vulcões são bastante aceitáveis, especialmente porque não temos nenhum desses aqui no Brasil.
Aliás, os filmes e notícias com pouco embasamento científico são grandes propagadores de mitos sobre como funcionam e quais são os perigos reais oferecidos pelas erupções vulcânicas. Veja os 5 principais, de acordo com alguns esclarecimentos fornecidos pelo professor de Geociência Erik Klemetti, da Universidade Denison.
Muita gente acredita que, além da lava, os vulcões expelem fumaça metros e metros acima de seu topo. E não se trata de um mito sem justificativa; afinal, parece MUITO com fumaça!
O que os vulcões espalham pelo ar quando estão em erupção, na verdade, pode ser muito mais prejudicial. Trata-se de um tipo de material gasoso que resulta da lava queimando a rocha, o que faz com que esta seja "quebrada" em micropedacinhos, partículas de cerca de 2 milímetros que são uma espécie de cinza.
O grande problema é que essa cinza vulcânica funciona praticamente como cimento ou micropartículas de vidro. Se você respira isso, essas partículas podem danificar seus pulmões, criar ferimentos ou colar umas nas outras como se fossem cimento mesmo!
Se o dano pode ser considerável nos pulmões, saiba que nas turbinas de um avião pode ser pior ainda — existe a chance travá-las e derrubar as aeronaves. E mais: as nuvens de cinzas vulcânicas podem ir muito mais alto do que a gente imagina, chegando a 10 mil metros de altura.
Um dos mitos mais conhecidos sobre os vulcões é o da existência do famoso Anel de Fogo — o Ring of Fire —, uma região de grande movimentação tectônica em torno do oceano Pacífico.
De fato, muitos vulcões estão localizados nas regiões do litoral do Pacífico. Mas, segundo o geólogo, o Anel de Fogo é pura especulação. Acreditar, por exemplo, que um terremoto no Japão e uma erupção vulcânica no Chile estão relacionados é o que o brasileiro chamaria de "forçar a amizade".
Definitivamente, não. O que acontece é que agora eles são mais notícia, e a globalização da informação nos permite saber quase que instantaneamente quando um deles entra em erupção no outro lado do mundo. Como se fala mais sobre isso, ficamos com essa impressão, mas isso não é verdade.
E se a gente dissesse que a única possível influência dos vulcões em mudanças climáticas seria no sentido de contribuir com o resfriamento do planeta, e não com o aquecimento?
Isso porque, quando entram em erupção, eles emitem dióxido de enxofre. Em uma explosão muito forte, as partículas desse elemento podem migrar para a estratosfera e bloquear a chegada da energia do Sol na superfície.
A confusão acontece porque, ao emitir dióxido de carbono, um gás essencial para o aquecimento global, os vulcões também contribuiriam com isso, mas esse engano é derivado diretamente do mito anterior, de que os vulcões estão mais ativos.
Estando tão atuantes quanto antes, eles seguem emitindo tanto gás carbônico quanto em qualquer outro momento da História. Se é muito gás? Sem dúvida — em uma erupção, ele pode adicionar mais gás carbônico do que os humanos conseguem em 250 anos de atividades. Mas essa quantidade já está dentro do equilíbrio da Terra.
Não, não existe essa de "faz tempo que esse vulcão não acorda, então deve acontecer a qualquer momento". Não há padrão entre erupções, e os geólogos inclusive dizem que não há como prever nem como estimar esse intervalo.
O que existe — isso sim — é como identificar quando um vulcão ativo está começando a se encaminhar para uma erupção. Para isso, normalmente os países possuem sistemas que permitem avisar a população da região e garantir que ao menos ninguém se machuque.