Ciência
08/05/2020 às 03:00•2 min de leitura
As alterações constantes do polo norte magnético têm sido uma verdadeira incógnita para cientistas do mundo todo. Saber como ocorrem tais movimentos poderia auxiliar na adaptação de sistemas de navegação em geral, incluindo os de nossos smartphones, que exigem atualizações mais frequentes que o desejado. Por exemplo, recentemente, o polo foi “transferido” do Canadá para a Sibéria – e isso não ocorreu da noite para o dia. Agora, parece que pesquisadores, enfim, chegaram a uma pista do que realmente acontece.
Um time da Universidade de Leeds, na Inglaterra, afirma que a “dança” é explicada pela competição de duas “bolhas” magnéticas encontradas nos limites do núcleo externo da Terra. Conforme o fluxo dos materiais derretidos da camada do planeta vai mudando a configuração de seu interior, as forças acima também enfrentam a alteração de suas cargas.
Campo magnético gerado pelo fluxo de materiais no núcleo externo da Terra.
Dr. Phil Livermore, um dos cientistas envolvidos no estudo, explica a relação desse movimento com a transferência do polo norte magnético: “A mudança de padrão desse fluxo enfraqueceu o sistema do Canadá e aumentou ligeiramente o da Sibéria. Foi por isso que o polo norte magnético deixou sua posição histórica sobre o Ártico Canadiano e atravessou a Linha Internacional de Data. A Rússia setentrional está ganhando este ‘cabo de guerra’”.
Para entender a questão, é preciso saber que existem três polos no “topo” do planeta: o geográfico, cujo eixo divide a superfície da Terra baseado em sua rotação; o geomagnético, linha que passa pelo centro da Terra e divide as cargas magnéticas em positivas e negativas; e o polo norte magnético, no qual ocorre o encontro dessas cargas.
A partir de dados de satélites, os cientistas analisaram a evolução do formato do campo magnético nos últimos 20 anos, tentando estabelecer um padrão para as mudanças encontradas. Então, dois anos atrás, sugeriram, durante a União de Geofísica dos Estados, em Washington, que poderia haver uma conexão dos eventos com um jato de material derretido no núcleo externo rumo ao oeste. Devido à complexidade das pesquisas, ajustes foram necessários, e eles revisaram a projeção inicial.
“O jato inicialmente proposto está muito ao norte, enquanto o fluxo responsável pelas alterações se encontra mais ao sul. Além disso, havia uma discrepância temporal. A aceleração de fluxo primeiramente sugerida ocorreu nos anos 2000, sendo que a aceleração da mudança magnética começou nos anos 90”, afirma o cientista.
Ponto no qual ocorre o 'cabo de guerra' entre os fluxos.
Os modelos finais foram publicados no periódico Nature Geoscience, e os dados coletados vieram todos dos satélites da Agência Espacial Europeia. “Se o polo norte magnético vai retornar ao ponto inicial em algum momento futuro, bem, só nos resta especular”, finaliza Dr. Phil.
Cientistas explicam a ‘dança’ do polo norte magnético terrestre via TecMundo