Artes/cultura
21/05/2020 às 05:10•2 min de leitura
Um grupo de astrônomos publicou um estudo no início deste mês (8) na revista Nature Communications, no qual eles analisam um padrão singular de nuvens organizadas no polo norte do planeta Saturno. Segundo os cientistas, esse hexágono tem uma espessura de 130 quilômetros e é composto de cristalitos de gelo de hidrocarboneto.
Fenômeno detectado pela primeira vez em 1980 pela sonda Voyager da NASA e detalhado posteriormente pela sonda Cassini (que orbitou o planeta de 2004 a 2017), o chamado "hexágono de Saturno" é uma espécie de redemoinho observado na região boreal do planeta e forma uma nuvem permanente que se eleva como uma torre giratória.
O novo estudo, conduzido por cientistas do Grupo de Ciência Planetária da Universidade do País Basco, demonstrou que a enorme forma geométrica não é apenas uma bizarrice, mas sim, segundo eles, um recurso constituído por um sistema de neblinas sobrepostas.
Na metodologia aplicada na pesquisa, foram usadas imagens de alta resolução capturadas pela câmera principal da Cassini em 2015. Estas revelaram a existência de neblinas acima das nuvens do hexágono. Imagens adicionais foram obtidas cerca de 2 semanas depois pelo telescópio Hubble.
Fonte: NASA/Reprodução
Em um comunicado, o professor de Física Agustín Sánchez-Lavega, líder da pesquisa, afirmou: "As imagens da Cassini nos permitiram a descoberta de que o hexágono apresenta um sistema de multicamadas, como se formasse um sanduíche, com pelo menos 7 [espécies de] névoas que se estendem do cume de suas nuvens até uma altitude de mais de 300 km acima dela."
Para os astrônomos, o que determina a formação do hexágono são ondas de gravidade — fenômeno resultante da interação de um fluido com a força da gravidade, como se fossem ondas de um oceano. Essas "ondas gravitacionais", com emissões de jatos pela atmosfera, são comuns também em outros planetas, inclusive na Terra.
Embora os fenômenos relacionados ao hexágono de Saturno não tenham sido inteiramente compreendidos, o estudo forneceu subsídios para um entendimento dos fenômenos atmosféricos que ocorrem em nosso planeta.
Conclui Sánchez-Lavega: "O fenômeno [das ondas gravitacionais] pode ser semelhante nos dois planetas, embora as peculiaridades de Saturno mostrem que ele é um caso único no Sistema Solar. Esse é um aspecto que deve ser objeto de uma futura pesquisa."