Ciência
09/03/2021 às 12:30•2 min de leitura
Arqueólogos da Academia Polonesa de Ciências em Varsóvia descobriram o cemitério de animais de estimação mais antigo já registrado. Encontrado nos arredores do Mar Vermelho na cidade de Berenice, Egito, o local abrigava os restos mortais de macacos e gatos ainda com suas coleiras, além de outros artefatos pessoais.
O cemitério foi descoberto por acidente em 2008, quando a equipe de escavadores trabalhava em pesquisas sobre fortificações soterradas como torres, muralhas, paredes e um grande complexo subterrâneo. Desde então, os estudiosos intensificaram as buscas na região, resultando no achado de 15 macacos, 536 gatos, 32 cachorros, um falcão e um leitão entre os anos de 2016 e 2021, todos curiosamente sem demonstrar marcas de morte por mãos humanas, como enforcamento ou feridas.
(Fonte: Marta Osypinska - World Archaeology / Reprodução)
"Temos animais velhos, doentes e deformados que tiveram que ser alimentados e cuidados por alguém", disse Marta Osypinska, zooarqueóloga e pesquisadora-chefe do projeto. "Temos animais (quase todos) que estão cuidadosamente enterrados. Os animais estão colocados em uma posição de sono — às vezes envoltos em um cobertor, às vezes cobertos de pratos".
(Fonte: Marta Osypinska - World Archaeology / Reprodução)
No Antigo Egito, os animais eram conhecidos por serem peças sacrificiais para os deuses, porém a descoberta do cemitério sugere uma iniciativa totalmente oposta da população local, que cuidava e mantinha os animais como criaturas de estimação. Segundo os pesquisadores, um dos motivos para a quebra cultural seria a incorporação de Berenice ao Império Romano, que anexou a cidade durante sua expansão.
(Fonte: Marta Osypinska - World Archaeology / Reprodução)
Entre os achados, foram identificados macacos enrolados em cobertores de lã, enquanto outros possuíam conchas adornadas ao redor de seus crânios. Um dos símios também estava enterrado com três gatos filhotes, colocados delicadamente em uma cesta de grama, panos e fragmentos de vasos, como uma espécie de caixão improvisado.
Apesar de muitos estudiosos tratarem o conceito de animais de estimação como algo recente, o achado indica que os humanos sempre tiveram uma predisposição a aceitar a companhia de animais, seja para utilizá-los como "trabalhadores" — caça, segurança ou outros — ou simplesmente para cuidar como se fosse um amigo próximo.
(Fonte: Marta Osypinska - World Archaeology / Reprodução)
"Os comerciantes vieram aqui para trazer bens exclusivos para o Império. O que eles levaram em uma jornada tão longa e difícil: um cão amado, ou eles [tinham] um macaco trazido da Índia, ou mantido gatos", concluiu Osypinska.