Artes/cultura
26/09/2021 às 12:00•3 min de leitura
A história quase sempre é escrita por homens, então não chega a ser surpresa que nos livros de História as descobertas e invenções feitas por mulheres muitas vezes sejam omitidas.
Pensando nisso, a seguir, damos alguns exemplos de grandes contribuições femininas para a humanidade e mostramos, como, descaradamente, o crédito foi dado a homens.
Marlyn Meltzer (1922-2008), Betty Holberton (1917-2011), Ruth Teitelbaum (1924-1986), Jean Bartik (1924-2011), Frances Spence (1922-2012) e Kathleen Antonelli (1921-2006), entre outras mulheres, foram as responsáveis por consertar os problemas técnicos do Eniac.
(Fonte: U.S. Army/ARL Technical Library Archives/Digital Trends/Reprodução)
Elas trabalharam duro para programar a máquina, aumentar sua velocidade e estabilizar a conexão para a realização de cálculos complexos, mas o sucesso do funcionamento foi creditado aos engenheiros John Presper Eckert (1919-1995) e John Mauchly (1907-1980). A mídia quase nunca citava o grupo de mulheres por trás do sucesso do equipamento.
Considerada um dos "principais cérebros" da biologia do século XX, Nettie Stevens (1861-1912) desenvolveu várias teorias sobre como o sexo de um embrião era definido. Ela estabeleceu a hipótese de que a diferença de tamanho no 20º cromossomo era o fator determinante, o que mais tarde foi comprovado.
(Fonte: Famous Scientists/Reprodução)
Ainda assim, o crédito ficou com Edmund Beecher Wilson (1856-1939), mentor e colega de Stevens, mesmo que os resultados dele tenham sido divulgados depois dos obtidos pela bióloga.
A astrofísica Jocelyn Bell Burnell (1943-) trabalhou por 2 anos até fazer sua maior descoberta, em 1967. No comando de um telescópio de rádio frequência de 81,5 mega-hertz, Burnell captou sinais estranhos em seus gráficos.
(Fonte: PA Archive/Alamy/The New Yorker/Reprodução)
Ela estudou a questão a fundo e descobriu que as leituras eram de um “pulsar” vindo de uma estrela que emitia ondas radioativas por seus dois polos. Apesar de toda sua dedicação, pesquisa e descoberta, foram dois homens, Martin Ryle (1918-1984) e Antony Hewish (1924-2021), quem levaram o Nobel em 1974.
Nos anos 1930, o jogo Monopoly chegou ao mercado por meio de Charles Darrow (1889-1967), um vendedor desempregado de aquecedores, e dos irmãos Parker. Darrow ficou milionário, mas o jogo não foi uma criação dele.
(Fonte: The Shoppers/Reprodução)
O crédito é de Elizabeth Magie Phillips (1866-1948), que desenvolveu a ideia original para demonstrar os danos do monopólio empresarial praticado por bilionários como John D. Rockefeller (1839-1937). Darrow descobriu o jogo e fez algumas mudanças para que ele celebrasse o oposto: o capitalismo violento e os negócios corruptos.
Quase tudo no universo é feito de matéria escura; logo, a descoberta de Vera Rubin (1928-2016) e do astrônomo Kent Ford (1931-) entre 1960 e 1970 revolucionou a astronomia.
(Fonte: Vassar College Library/Reprodução)
Mas, no momento de dar os créditos, o pessoal da época pareceu notar apenas Ford, ofuscando a participação de Rubin e praticamente negando sua relação.
Candace Pert (1946-2013) conseguiu reconhecer qual receptor era o responsável por permitir que opiáceos se fixassem e agissem no cérebro. A descoberta teve um peso tão grande que rendeu até um prêmio, mas para seu professor, o Dr. Solomon Snyder (1938-).
(Fonte: Science Org/Reprodução)
Pert chegou a enviar uma carta de protesto ao comitê responsável pela premiação, comprovando que suas contribuições foram determinantes para o sucesso da descoberta. Além de não adiantar, foi obrigada a ouvir de Snyder: “É assim que o jogo é jogado”.
Felizmente, os tempos mudam. Hoje, passar a perna, roubar ou tentar apagar a contribuição feminina, seja do que for, é bem mais complicado. Mas isso não significa que as mulheres não sejam deixadas de lado ou não sofram muito mais para terem seus esforços valorizados. Muito ainda precisa ser feito!