Artes/cultura
06/10/2014 às 05:11•2 min de leitura
Mudanças climáticas bruscas podem resultar em uma alteração na proporção de homens e mulheres do mundo: a variação de temperatura é a causa de um número menor de bebês do sexo masculino nascendo.
A constatação é proveniente de um estudo japonês, encabeçado pelo Dr. Misao Fukuda, do instituto M&K. A pesquisa mostra que as flutuações de temperatura no Japão, acentuadas na década de 70, foram o principal fator para um aumento no número de mulheres nascendo no país.
O estudo analisou dados de 1968 até 2012, fornecidos pela Agência Meteorológica do Japão, além de dados sobre a morte de fetos e crianças nascidas no mesmo período, números retirados do Banco de Estatísticas Vitais do Japão.
Uma análise de eventos mais recentes, baseada em um verão mais quente que o normal em 2010 e um inverno rigoroso em 2011, foi realizada em conjunto com a pesquisa. Durante o período de temperaturas elevadas, houve um acréscimo de fetos morrendo e, nove meses depois, um decréscimo no número de bebês do sexo masculino nascendo. A tendência continuou em janeiro de 2011, com o registro de uma queda brusca nas temperaturas.
As descobertas sugerem que flutuações climáticas no Japão estão relacionadas diretamente com a proporção dos sexos de recém-nascidos, mas a vulnerabilidade ao clima nos fetos masculinos não foi justificada na pesquisa.
Outras pesquisas reforçam a ideia de que é mais provável escutar “É uma menina!” durante tempos de crise – sem relação obrigatória com mudanças climáticas.
Uma análise feita por Shige Song, sociólogo e demografista da faculdade Queens College, em Nova York, averigou a carestia durante O Grande Salto Adiante na China.
A campanha lançada por Mao Tsé-Tung pretendia tornar a China uma nação comunista em tempo recorde, mas o resultado foi desastroso: cerca de 30 milhões de mortos, secas, inundações, insuficiência de transporte e fome abalaram os planos do líder.
Assim como no estudo japonês que relaciona mudanças climáticas a uma diminuição da população masculina, Song constatou uma drástica queda no nascimento de meninos durante a campanha O Grande Salto Adiante.
Ainda de acordo com Song, a teoria de predominância feminina durante tempos difíceis faz sentido no aspecto evolucionário: “Em boas condições, invista em filhos; em condições difíceis, invista em filhas” .
O sociólogo exemplifica: um macho leão consegue ter muitos filhos, logo, um nascimento de cria masculina representa uma boa chance de passar os genes para frente. Contudo, leões com comportamento não dominante podem não conseguir acasalar com sucesso nem ao menos uma vez.
Já o nível de reprodução feminino, nesse aspecto, é devagar e constante. Ainda que capazes de gerar seus filhos não importando a situação, elas não possuem a capacidade fecundária dos machos, o que implica em uma aposta certeira, mas menos lucrativa, na hora de passar os genes para frente.