Ciência
08/04/2018 às 04:00•5 min de leitura
Quantos meninos — e meninas também, ué! — não imaginaram que eram Rambo durante uma de suas brincadeiras com os amigos e saíram por aí disparando tiros de mentirinha pra todo lado? Pois, apesar de o icônico personagem ser um velho conhecido de todo mundo (o primeiro filme foi lançado há 33 anos!), nem todos conhecem a origem de seu nome ou o fato de que Sylvester Stallone não queria interpretar o herói em um primeiro momento.
Pensando nisso, Sean Hutchinson do portal Mental_Floss reuniu uma série de coisas surpreendentes a respeito de Rambo e seus filmes, e nós aqui do Mega Curioso selecionamos as mais interessantes para você conferir.
O primeiro filme, “Rambo: Programado para Matar”, de 1982, é uma adaptação do livro homônimo do canadense David Morrell, lançado em 1972. Pois, para batizar o personagem da história, o autor se inspirou em uma variedade de maçãs cultivadas no século 17 por um imigrante sueco chamado Peter Gunnarson Rambo.
Segundo Morrell, ele não sabia que nome dar ao protagonista, e então resolveu comer uma maçã. Ele achou a fruta deliciosa e perguntou à sua esposa se ela sabia de qual variedade se tratava, e a resposta foi... “Rambo”.
O escritor imediatamente reconheceu a força do nome e ainda se lembrou de como algumas pessoas pronunciam “Rimbaud”, o nome de um poeta francês que Morrell estava estudando na época. Coincidentemente, um dos trabalhos mais importantes de Rimbaud é a obra “Uma Temporada no Inferno”, que o canadense acreditava ser a metáfora perfeita para os traumas vividos pelo prisioneiro de guerra sobre o qual ele estava escrevendo.
Pois, além de ter o nome inspirado em uma variedade de fruta e no som de outro nome, o personagem foi baseado em um herói de guerra real. Quando estava escrevendo seu livro, Morrell se deparou com a história do soldado Audie Murphy — que foi o militar norte-americano mais condecorado da Segunda Guerra Mundial, recebendo mais de 20 medalhas por sua bravura, incluindo honrarias concedidas pela Bélgica e França.
Depois da guerra, embora sofresse de stress pós-traumático, Murphy se tornou ator e interpretou ele mesmo em um filme autobiográfico, além de fazer participações em uma série de longas. Infelizmente, o veterano morreu em um acidente aéreo na década de 70. Morrell, por sua vez, deu uma atualizada na história de Murphy e inseriu Rambo em uma era pós-Vietnã.
Durante o período em que o projeto ficou pulando de uma mão para outra nos estúdios de Hollywood — mais precisamente, de 1972 até 1982 —, vários atores foram considerados para o papel de Rambo, como Steve McQueen, Al Pacino, Robert De Niro, Nick Nolte, Paul Newman, Clint Eastwood, John Travolta e Dustin Hoffman.
Sylvester Stallone recebeu o convite graças ao seu sucesso como Rocky, mas recusou por achar que o personagem já havia sido oferecido a atores demais antes dele, e por acreditar que o filme jamais seria produzido. O ator finalmente aceitou depois de receber a proposta de poder reescrever o roteiro de forma que Rambo parecesse mais empático e menos traumatizado e maluco do que ele era no livro.
No final do livro de Morrell, Rambo comete suicídio após uma conversa com Coronel Trautman, e o diretor Ted Kotcheff chegou a gravar a sequência para ser incluída em “Rambo: Programado para Matar”. No entanto, depois que a cena foi apresentada em uma sessão prévia, a audiência detestou o fato de o final do filme parecer insinuar que a única forma como veteranos poderiam lidar com os traumas de guerra fosse morrendo.
A primeira versão do roteiro de “Rambo II – A Missão”, lançado em 1985, foi escrita por James Cameron — que também já estava trabalhando com os scripts de “O Exterminador do Futuro” e “Aliens, O Resgate” —, mas o que acabou indo para a telonas é bem diferente do que o que Cameron havia imaginado. Basicamente, ele criou toda a ação, enquanto Stallone introduziu o toque político na trama.
Originalmente, Cameron imaginou a sequência começando com Rambo sendo encontrado pelo Coronel Trautman em um hospital psiquiátrico. Na trama o personagem contaria com a ajuda de um militar chamado Brewer, que seria vivido por John Travolta, ator com quem Stallone havia trabalhando quando ele dirigiu o filme “Os Embalos de Sábado Continuam” — dá para imaginar isso?!
Bem, Stallone assumiu os roteiros, repaginou o que Cameron havia criado, introduziu toda a temática relacionada com prisioneiros de guerra e militares desaparecidos em combate e incluiu o romance entre Rambo e Co Bao. A intromissão deu certo, pois “Rambo II – A Missão” foi o único filme da franquia a ser nominado para um Oscar. O longa recebeu a indicação para o prêmio de Melhor Edição de Som, mas perdeu para “De Volta para o Futuro”.
Para viver o personagem em “Rambo II – A Missão”, Sylvester Stallone teve que malhar muito e encarou uma rotina de exercícios extremamente pesada para conquistar o físico necessário. Por sorte, o ator havia acabado de gravar “Rocky III” um pouco antes de iniciar os trabalhos, o que ajudou bastante. Mesmo assim, Stallone começou a treinar 8 meses antes de iniciar as filmagens e seguiu um rigoroso regime até o final.
O ator começava o dia com um treino que durava entre 2 e 3 horas e então ele passava entre 10 e 12 horas no set de filmagens. Depois de gravar, em vez de descansar como um ser humano normal, Stallone ainda treinava outras 2 ou 3 horas. Só então ele dormia cerca de 6 horas para começar tudo de novo no dia seguinte.
A produção de “Rambo 3”, lançado em 1988, foi bem conturbada. Para começar, o diretor original — Russell Mulcahy — foi demitido depois de duas semanas de produção por diferenças criativas, e Peter MacDonald, o novo diretor, teve apenas dois dias para se preparar antes de assumir a responsabilidade. Além disso, esse foi o primeiro filme dirigido por MacDonald e, na época, o longa foi a produção mais cara do cinema.
Na trama — ambientada em plena Guerra Afegã-Soviética —, Rambo se une a guerrilheiros mujahideen no Afeganistão para combater os russos e salvar Trautman, seguindo a linha antissoviética dos filmes anteriores. Quando o longa já estava em pós-produção, o líder soviético Mikhail Gorbachev começou a implementar a política de transparência que acabou por aliviar a tensão política e melhorar as relações entre os EUA e a URSS.
Para piorar, apenas 10 dias antes do lançamento de “Rambo 3”, as tropas soviéticas começaram a abandonar o Afeganistão, destruindo o principal argumento do filme. E “Rambo 4”, lançado em 2008, também teve alguns probleminhas de ordem política. Após ler a respeito da onda de protestos que levaram à guerra civil entre militares birmaneses e rebeldes karen, Stallone decidiu ambientar o enredo na Birmânia.
O ator acreditava que o conflito não estava recebendo a cobertura merecida da mídia e chegou a empregar uma porção de birmaneses sem experiência nas telas como extras — tanto que o malvado General Tint foi interpretado por um antigo combatente karen. No entanto, devido a esse panorama negativo com respeito ao governo de Myanmar, a exibição de “Rambo 4” foi banida em todo o país.
*Publicado em 26/05/2015