Poro: descubra alguns mistérios desta rigorosa sociedade secreta africana

20/01/2015 às 11:113 min de leitura

O que não faltam por aí são sociedades secretas, e, como você sabe, basta com que tenham a palavrinha “secreta” atrelada à sua descrição para despertar o fascínio de todos e as histórias sobre elas começarem a circular. Além disso, sabe como são as coisas... Os seres humanos não conseguem ficar sem dar com a língua nos dentes por muito tempo, e parte do segredo sempre acaba vazando!

Pois hoje nós aqui do Mega Curioso vamos revelar para você alguns mistérios sobre uma sociedade secreta voltada para homens da África Ocidental. Ela se chama Poro e representa uma espécie de sociedade fraternal. Seus chefes são responsáveis por estabelecer códigos de conduta e leis que são estritamente obedecidos pelos demais membros do grupo.

Só para homens

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Poro é uma sociedade secreta masculina — pense em uma espécie de maçonaria africana — cuja influência é muito forte em países como a Serra Leoa, Libéria, Costa do Marfim e Guiné. Sua origem está associada com a cultura dos povos mandê, que chegaram à África Ocidental há mais de mil anos.

Atualmente, a Poro é responsável por governar a população nativa e regulamentar as atividades políticas, sociais e culturais de seus membros. A organização conta com poder suficiente para impor suas leis e códigos mesmo contra a vontade dos integrantes com menos poder de decisão e dos governantes tradicionais, e são seus chefes quem decidem sobre questões relacionadas com a fertilidade na agricultura e o treinamento militar.

Contudo, seu principal papel é religioso, e um dos objetivos da Poro é o de controlar os espíritos e garantir que sua intervenção nos assuntos dos homens seja benéfica. Depois de aceitos pela sociedade, os novos membros são introduzidos a segredos religiosos e aos poderes da bruxaria. Os integrantes são proibidos de revelar o conhecimento que recebem durante as reuniões e rituais. Quem não obedecer às regras pode ser condenado à morte.

Reuniões

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Devido ao voto de segredo que os membros devem fazer ao serem aceitos na Poro, não existem muitos detalhes sobre o que acontece durante as reuniões, mas sabe-se que essa sociedade é estruturada em hierarquias e conta com dialetos, rituais, marcas e símbolos próprios. Além disso, os encontros geralmente ocorrem durante a estação seca — entre outubro e maio — em locais sagrados das florestas próximas aos vilarejos.

Durante as reuniões que ocorrem nos lugares sagrados, os membros costumam discutir assuntos relacionados com a comunidade, e tais encontros são proibidos para quem não é membro. As cerimônias são presididas por um chefe — uma espécie de Grão Mestre — trajando roupas e acessórios ritualísticos.

O traje cerimonial costuma ser composto por uma grande máscara ou adorno para a cabeça feito de madeira e um cajado, e essas peças frequentemente são enfeitadas com crânios e outros ossos humanos, pertencentes a antigos líderes do grupo. Além disso, o chefe se dirige ao grupo falando através de um longo tubo de madeira que distorce sua voz. Em algumas regiões, mulheres e crianças podem comparecer às reuniões, mas, nessas ocasiões, o chefe não aparece com os apetrechos ritualísticos.

Estrutura e ritual de passagem

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Existem três níveis de hierarquia na organização, sendo que o primeiro deles corresponde aos chefes, o segundo aos sacerdotes ou feiticeiros e o terceiro aos demais membros do grupo. Os integrantes da Poro são responsáveis por organizar o ritual de passagem que prepara meninos e adolescentes para a vida adulta, e esse rito envolve passar alguns dias em isolamento em um acampamento na floresta.

Durante esse período, os meninos recebem ensinamentos morais através de canções tradicionais e histórias que enfatizam valores como solidariedade e respeito pelos mais velhos. Além disso, os meninos que ainda não forem circuncisados passam por esse procedimento no início da reclusão e recebem um nome Poro. Ao final do ritual de passagem, os participantes são submetidos a uma série de testes e experiências para provar sua masculinidade.

Antigamente, os meninos também recebiam o sinal da sociedade secreta nas costas e ombros através de cortes ritualísticos que deixavam cicatrizes, mas essa prática está caindo em desuso. Já para que um integrante se torne mestre, é necessário pagar uma taxa, assim como passar por um período de treinamento no uso de poções medicinais e passar por um ritual de iniciação realizado por alguém que já ocupe a posição de chefe.

Só para mulheres também

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Assim como a Poro, em Serra Leoa também existem as sociedades secretas Yassi e Bundu, que são reservadas apenas para mulheres. Para fazer parte da Yassi — que permite a presença de membros da Poro em algumas cerimônias —, as integrantes precisam necessariamente fazer parte da Bundu primeiro, que é exclusivamente feminina. Na Libéria, essa sociedade secreta estritamente feminina recebe o nome de Sande.

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Em alguns países, a Bundu e a Sande tiveram que reformular algumas de suas práticas para acomodar as exigências da sociedade atual, mas, mesmo assim, elas continuam exercendo forte influência nas áreas onde se encontram e suas proibições são estritamente respeitadas.

Com respeito aos rituais de passagem envolvendo as sociedades secretas femininas, durante o período de reclusão, as meninas aprendem sobre rituais religiosos e podem passar por algum tipo de mutilação genital, mas essa prática — por sorte — está deixando de ser seguida em algumas regiões.

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