Artes/cultura
24/12/2019 às 08:00•3 min de leitura
Se alguém perguntar o que celebramos no Natal, caso você seja cristão, a sua resposta será “o nascimento de Cristo”, não é mesmo? No entanto, existe um consenso entre os historiadores de que Jesus provavelmente não tenha nascido em dezembro — aliás, ninguém sabe ao certo quando foi —, e os cristãos antigos nem celebravam essa data. Então, de onde surgiu o costume de festejar o Natal no dia 25 de dezembro?
De acordo com os estudiosos, as celebrações em dezembro provavelmente tiveram início em algum momento do século 2, na antiguidade greco-romana, e a escolha da data — 25 — teria diversas possíveis origens. Uma delas seria obra do historiador Sextus Julius Africanus, que, por alguma razão, teria estabelecido a data da concepção do menino Jesus no dia 25 de março, ou seja, na data da criação do mundo. E, contando nove meses até o seu nascimento...
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Outra explicação seria uma celebração romana pagã anterior ao cristianismo e que ocorria exatamente no dia 25 de dezembro. Esse festejo era chamado Natalis Solis Invictus e marcava a volta dos dias mais longos depois do solstício de inverno. Além disso, ele ocorria logo após a Saturnália, outra festividade muito popular na Roma antiga, durante a qual a população participava de festas e banquetes e ocorriam trocas de presentes.
Mais um festival comemorado durante datas próximas — no dia 21 de dezembro — era o Yule, dos povos nórdicos, que, assim como o Solis Invictus dos romanos, também marcava o retorno do Sol. Durante as celebrações, grandes fogueiras ardiam para simbolizar as novas colheitas e os grandes rebanhos que seriam consumidos no próximo ano, além de representar as novas conquistas a serem alcançadas.
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O dia 25 de dezembro também marcava a comemoração do aniversário de uma divindade chamada Mitra, que era um conhecido deus de luz e lealdade que, na época, era muito popular e largamente cultuado pelos soldados romanos. Para muitos, essa inclusive era a data mais sagrada de todo ano!
De qualquer forma, o final de dezembro era a época ideal para a realização de festejos por toda a Europa. Com o frio do inverno e os dias mais curtos, a população não tinha muito com o que se ocupar. Nessa época do ano, a cerveja e o vinho já estavam fermentados e prontos para o consumo e, para não ter que alimentar os rebanhos durante esses meses, grande parte dos animais era abatida. Assim, por que não organizar grandes banquetes?
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Formalmente, a igreja romana só foi celebrar o Natal mesmo na data que conhecemos hoje no século 4, durante o reinado do Imperador Constantino, o responsável por transformar o cristianismo na religião oficial do império. Até então, a principal festividade cristã era a Páscoa. Acredita-se, aliás, que a escolha da data — que coincidia com outras celebrações — foi proposital e tinha como objetivo enfraquecer os festejos pagãos preestabelecidos.
Ainda assim, a celebração no dia 25 de dezembro não foi aceita assim, de uma hora para outra! Durante muito tempo, o dia 6 de janeiro era a data adotada e o Natal só foi ser aceito como grande festival cristão a partir do século 9. Isso porque, na Antiguidade, conforme o cristianismo foi se espalhando pela Europa, foi se deparando com vários credos regionais.
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Isso sem falar que os antigos missionários se sentiam fascinados por muitas das tradições pagãs, portanto muitos costumes acabaram sendo incorporados aos dos cristãos. Já o formato que conhecemos hoje, com troca de presentes e tal, só começou mesmo há pouco mais de um século. Originalmente, a troca de presentes ocorria no Ano-Novo, para que todos se sentissem bem pelo ano que estava acabando. O costume foi mudado para o dia de Natal durante a era vitoriana.
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Como você viu, a celebração do nascimento de Cristo nada tem a ver com a data do aniversário de Jesus. O Natal é, na verdade, uma enorme e curiosa mescla de tradições e crenças pagãs que foram sendo adotadas e incorporadas pelos cristãos ao longo dos milênios, resultando em uma incrível mistura de costumes, que culminam em uma data escolhida a dedo por motivos políticos.
E nem vamos começar a falar sobre a triste transformação que o significado dessa festa sofreu, virando sinônimo de compras desenfreadas, muito consumismo e excessos.