Ciência
14/04/2018 às 10:00•2 min de leitura
Uma ditadura sempre tenta reprimir ao máximo a opinião pública, fazendo com que a população sinta medo de se posicionar contra o regime, através de ameaças e punições exemplares. E não importa se o descontentamento é pelo alto preço de algum produto de consumo básico ou por abusos cometidos: a repressão sempre está presente.
Essa era a realidade durante o nazismo alemão. Quem apoiava o regime vivia sem maiores problemas, mas como não fazer nada enquanto pessoas inocentes eram escravizadas em campos de concentração? Essa realidade não deixou que os irmãos Sophie e Hans Scholl ficassem calados.
Hans Scholl (à esquerda) e sua irmã, Sophie Scholl
Por mais que os dois tenham participado da Juventude Hitlerista, treinamento para direcionar jovens aos interesses nazistas, dentro de casa conviviam com um pai crítico ao nazismo, mesmo sendo o prefeito da cidade. Ele encorajava seus filhos a pensarem por si mesmos e dizia a eles constantemente: “O que mais quero é que vocês vivam corretamente e com o espírito livre, não importando o quão difícil isso seja”.
Avançando alguns anos, os irmãos estavam decepcionados com o partido nazista. Fazendo parte do corpo médico de guerra, Hans Scholl testemunhou o quão violenta ela poderia ser. Após retornar, ele ingressou na Universidade de Munique e se uniu a outros estudantes para expressar seus sentimentos antinazismo.
Inicialmente, o grupo se manifestou através de pichações contra o regime, mas logo percebeu o quão perigoso isso podia ser, pois a prisão para pessoas contrárias às ideias do nazismo era praticamente uma sentença de morte.
Pouco tempo depois, Sophie Scholl entrou na Universidade e se juntou ao grupo de resistência, que se autointitulou “Rosa Branca”. O principal objetivo deles era a divulgação da verdade que estava sendo escondida pela propaganda nazista. Seu principal meio de comunicação era através de folhetos, distribuídos disfarçadamente pela cidade e pelo campus.
Alguns dos textos dos panfletos diziam “Não é verdade que todo alemão honesto tem vergonha do governo hoje em dia?”, ou “Por que vocês permitem que esses homens no poder os roubem aos poucos, abertamente e em segredo, se tornando donos de seus direitos um após o outro?”.
O juiz Roland Freisler, que conduziu o caso dos irmãos Scholl
Apesar de os Rosas Brancas não cometerem atentados ou sabotagens, sabiam que arriscavam suas vidas pelo simples fato de expor uma opinião. Infelizmente, o pior aconteceu, e os irmãos Scholl foram pegos por um zelador que os viu distribuindo os panfletos. Eles foram presos e passaram por um interrogatório da Gestapo, que tentou descobrir quem eram os outros membros do grupo, mas eles se recusaram a entregar seus companheiros.
Em um gesto raro, os oficiais ofereceram que Sophie negasse ter participado da impressão dos panfletos, abrindo a possibilidade de que fosse libertada, mas ela não aceitou e foi decapitada junto com seu irmão, em 22 de fevereiro de 1943.
Memorial em homenagem ao Movimento Rosa Branca na Universidade de Munique
Alguns dias após as execuções, surgiram o que seriam os panfletos finais, onde foi colocada uma linha adicional na parte superior: “apesar de tudo, seus espíritos ainda vivem”. Como dizia a mensagem, eles não foram silenciados tão facilmente, pois alguns panfletos foram contrabandeados para a Inglaterra, que os reproduziu e lançou sobre toda a Alemanha como tentativa de enfraquecer o partido nazista.
Os irmãos são reconhecidos até hoje na Alemanha, e há até um memorial localizado na Universidade de Munique.