Ciência
17/03/2018 às 08:00•2 min de leitura
Um estudo robusto encabeçado pelo Departamento de Medicina da Universidade do Texas, nos Estados Unidos (UTMB, de University of Texas Medical Branch), e publicado no Journal of Pediatrics conectou a frequência com que uma criança é agredida fisicamente pelos pais à tendência para a violência em relacionamentos futuros.
Cientistas do comportamento vêm conduzindo a pesquisa há anos, com indivíduos desde que tinham entre 14 e 16 anos até agora, em idade universitária (entre 20 e 25).
Dos 758 sujeitos que foram recrutados quando adolescentes, 19% relataram ter sido violentos em seus relacionamentos recentes. Destes, 68% reportaram ter sofrido punições físicas quando crianças.
O que a pesquisa mais uma vez aponta é que existe uma correlação entre as punições físicas e agressões corporais sofridas na infância e a reprodução desse comportamento na fase adulta.
Não significa, no entanto, que as experiências de quando crianças sejam a causa da violência futura. Há uma série de outros fatores a serem levados em consideração — gênero, raça, etnia e educação recebida, por exemplo.
Não é a primeira vez que lemos algo semelhante, nem vai ser a última. Diversas outras pesquisas científicas sobre questões comportamentais chegaram a considerações similares tanto em estudos centrados em uma única cultura quanto em análises globais.
Um metaestudo realizado em 2016 pelos pesquisadores Elizabeth Gershoff e Andrew Grogan-Kaylo, das universidades do Texas e de Michigan analisou os resultados de 75 pesquisas realizadas nas últimas décadas sobre esse mesmo tema e percebeu que há uma predominância da relação entre abusos físicos na infância e violência posterior em namoros e casamentos.
Na maioria dos casos, segundo elas, a agressão estava ligada a 13 dos 17 problemas psicológicos e comportamentais das pessoas analisadas.
Aqui no Brasil, esses dados também se confirmam por pesquisas locais. Um levantamento coordenado pelo Núcleo de Violência da Universidade de São Paulo e realizado em 11 capitais brasileiras divulgou em 2012 que a reprodução da violência também acontece no país.
Setenta por cento das 4 mil pessoas que participaram da pesquisa relataram que apanhavam quando eram crianças, sendo que 20% afirmaram ter sido agredidas diariamente pelos pais. Dentro desse grupo, a maioria dizia que bateria nos filhos para lidar com mau comportamento.