Professor que encontrou falhas na urna eletrônica deixará o Brasil

13/06/2018 às 09:462 min de leitura

O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Diego Aranha, é uma das poucas pessoas independentes, sem relação com o governo, que conseguiram colocar as mãos nas urnas eletrônicas, realizar alguns testes de invasão e buscar vulnerabilidades — o resultado dos testes você pode acompanhar aqui.

A luta de Aranha, sua e de outras equipes de segurança, era caminhar para um modelo mais seguro de contagem de votos. Uma das ideias seria adicionar uma camada extra: o voto impresso. Infelizmente, essa luta sofreu um golpe duro na semana passada, quando o Supremo Tribunal Eleitoral suspendeu a implantação do voto impresso nas próximas eleições por 8 a 2. Vale notar que o uso do voto impresso foi aprovado pelo Congresso Nacional em 2015 como parte da minirreforma eleitoral.

O principal argumento de apoio era o risco representado para o sigilo do voto se um mesário verificasse a cédula impressa. Esta máquina também tem uma tela grande, mas tanto faz

Agora, de acordo com o Baguete, o pesquisador Diego Aranha está deixando o Brasil para dar aulas na Dinamarca, especificamente na Universidade de Aarhus. "A decisão veio de uma desilusão generalizada com o estado completamente disfuncional do país. A (in)segurança da urna eletrônica é apenas mais um exemplo infeliz", resume Aranha sobre a mudança.

Entre as vulnerabilidades encontradas nas urnas pelas equipes de pesquisa, poderia até ser possível alterar o voto de alguém diretamente — mesmo que o tempo de análise tenha sido curto para 'maiores' comprovações. Ainda, também é possível ludibriar cidadãos alterando textos na tela.

No dia em que o STF venceu essa luta, Aranha tweetou: "Voto impresso derrubado no STF. Nenhuma surpresa, com exceção do voto do relator, cujos votos inclusive funcionam como um gerador de números aleatórios superior ao utilizado em 2012 para proteger o sigilo do voto. O Supremo Tribunal Federal acaba de suspender as provas de papel verificadas pelos eleitores nas próximas eleições. O principal argumento de apoio era o risco representado para o sigilo do voto se um mesário verificasse a cédula impressa. Esta máquina também tem uma tela grande, mas tanto faz".

É preciso notar que todas as vulnerabilidades encontradas, mesmo com o pouco tempo disponível para mais testes, foram corrigidas pelo Tribunal Superior Eleitoral 

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