Artes/cultura
25/03/2021 às 09:31•2 min de leitura
Na última quarta-feira (25), durante uma sessão do Senado, um gesto de Filipe Martins, atual assessor de política internacional do presidente Jair Bolsonaro, chamou atenção de quem assistia. Isso porque Martins uniu o indicador e o polegar de forma arredondada, no famoso "ok", que também pode ser lido como um palavrão no Brasil.
O momento aconteceu enquanto o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, era criticado pelos senadores pelo baixo desempenho. O assessor então fez o gesto e mostrou desagrado com a situação. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, mandou que a polícia abrisse uma investigação contra Matins e enfatizou que o assessor deveria ser demitido do governo.
Assessor afirmou que estava arrumando o terno (Reprodução/TV Senado)
O Museu do Holocausto de Curitiba também se pronunciou no Twitter. “É espantoso que não haja uma semana que o Museu não condene, aprove ou renuncie ao discurso anti-semita, ao símbolo nazista ou ao ato do suprematismo, no Brasil em meados de 2021. São ações que vão além quaisquer limites da liberdade de expressão”. Em contrapartida, o assessor de Bolsonaro afirmou estar apenas arrumando o terno.
Nos últimos anos, o sinal foi associado como um símbolo utilizado por movimentos de extrema-direita para enaltecer a supremacia branca. A relação surgiu pela semelhança dos dedos médio, anelar e mindinho com a letra W, inicial de white (branco, em português), e dos dedos indicador e polegar com a letra P, inicial da palavra power (poder, em português).
A Liga Antidifamação (ADL), que monitora crimes de ódio nos Estados Unidos, classificou o gesto como uma expressão da supremacia branca e adicionou na lista de símbolos utilizados por extremistas.
Tudo começou quando o sinal, que antes era visto apenas como um simples "ok", foi alvo de uma piada no fórum online 4Chan. Segundo um usuário, o gesto lembrava as iniciais de "White Power" (poder branco, no português). A piada não parou por aí e atualmente, supremacistas de extrema-direita utilizam o gesto em manifestações racistas nos Estados Unidos.
Em 2019, um homem que fazia parte de grupos de extrema-direita foi condenado por matar 51 pessoas em mesquitas de Christchurch na Nova Zelândia. Ao chegar no tribunal para receber a sentença, o australiano fez o gesto com as mãos para as câmeras.
O acusado fez o sinal com as mãos durante o tribunal (Reprodução)
A Liga, no entanto, ressalta que o símbolo ainda é muito utilizado ao redor do mundo para indicar aprovação ou sinal positivo. "É importante não tirar conclusões precipitadas sobre a intenção de alguém que usou o gesto", disse a organização em comunicado.